[Contém spoilers]

R&B noutros tempos poderia estar a referir-se a um estilo musical, mas já vai longe aquele episódio com uma “personalidade musical” que uniu Randall e William na sua derradeira jornada. Desta vez refere-se mesmo a Randall e Beth e partilho desde já que não foi nada do que estava à espera.

Tenho a sensação de que ao longo das primeiras duas temporadas nos foram dando peças que fomos encaixando e agora, de há umas semanas para cá, simplesmente mudaram o puzzle e as peças que tínhamos deixaram de ter lugar no novo contexto.

Randall foi durante muito tempo um exemplo de generosidade, de romantismo, de partilha e companheirismo e formou com Beth o “casal perfeito”. E de repente querem fazer crer que tudo não passava de uma bonita e superficial aparência que ocultava sob as suas camadas um lado egoísta, machista, injusto e até egocêntrico de Randall que acaba por ficar “com todos os nachos inteiros” e a deixar as migalhas para Beth. Será que na vida real não existem estes “casais perfeitos”? Eu acredito que há! E acreditava igualmente no amor de Randall e Beth, fazia total sentido para mim, eram bem diferentes, é verdade, mas completavam-se, colmatavam os defeitos um do outro e formavam uma grande equipa, capaz de superar qualquer obstáculo.

Assim, confesso-me desapontado com o rumo do presente, com o agravar da situação. Esperava uma reconciliação apaixonante, era o caminho mais fácil, mas também mais fiel ao que foi escrito até aqui. Do mesmo modo, pareceu-me forçado o revelar de “problemas” que parece que sempre estiveram lá, mas que na verdade não me parece que estivessem lá, foram encaixados a ferros para servir a evolução e conflito que decidiram dar a este casal.

O que mais gostei neste episódio foi sobretudo o momento de jovens adultos de Randall e Beth, aquele primeiro encontro desconcertado, com um Randall a tentar fazer de tudo, até demais, para causar uma boa primeira impressão e conquistar o coração de Beth. Adorei a sua atitude otimista e a sua ambição futura no final desse encontro desastroso. E lembram-se quem tinha tido também um primeiro encontro muito desastrado? Jack e Rebecca e isso não impediu um grande amor de surgir.

Já elogiei várias vezes o casting desta série e vou voltar a fazê-lo – uma série que deambula tão frequentemente entre gerações precisa realmente de um excelente trabalho neste campo caso queira tornar as personagens e a sua evolução credíveis. A jovem Beth é mais um muito bom exemplo das boas escolhas e no cuidado que é tido na sintonia entre personagens nas suas várias épocas.

Algures no meio da relação outro momento inspirador: a troca de votos durante o casamento dos dois, um momento genuíno, muito emotivo e com forte influência do trio Big Three.

E assim chegámos à reta da meta. Tinha grandes expectativas face a este episódio. Acabaram por não ser correspondidas, não pelo modo como o episódio foi construído, mas sobretudo pelo desenvolvimento e tendência que decidiram dar a este arco. De repente, uma temporada passou-se e falta-nos ainda voltar à cena futura com mais interrogações. Será que é na próxima semana? Creio que sim!

André Borrego