E naturalmente depois do número 1, a bebé número 2… bebé que cresceu e se tornou uma mulher, a nossa Kate. Este episódio foi dedicado a si e continua o trio de episódios centrados em cada irmão.
“Number Two” leva-nos exatamente aos períodos temporais nos quais assistimos a Kevin no episódio anterior, mas como Kate os viveu.
Na adolescência voltamos à noite em que Kevin seria visitado por um treinador de equipa de faculdade, mas desta vez na perspetiva de Kate. Assistimos a um momento em que o destino de Randall e Kevin parecia estar bem definido e ambos se mostravam cheios de potencial. Por outro lado, o futuro de Kate era uma grande incógnita, pelo menos para Rebecca, pois a filha fechava-se bastante com ela. No entanto, Kate sabia o que queria e o que realmente desejava era cantar. Kate candidata-se a uma escola de música e aqui, mais uma vez, vemos a distância que separou mãe e filha ao longo dos tempos. Rebecca sempre esteve mais focada em incluir Randall, Rebecca foi mais “a menina dos olhos do pai”. E assim sendo, Rebecca só descobre as intenções de Kate porque vai bisbilhotar as suas coisas. O que encontra deixa-a esperançosa: Kate pode ter o que é preciso, tem uma hipótese. Todos sabemos qual foi o episódio que tirou Kate desse rumo e a fez perder o controlo da sua vida e sabotar a sua própria saúde.
No presente, enquanto o “desnorteado” Kevin se ocupava a desorientar a sua vida e a mergulhar nos seus vícios, Kate e Toby viviam um momento de enorme felicidade. E que contagiante era assistir à alegria dos dois, é isso que eu pessoalmente gosto de ver nos dois, pois trás ao de cima o lado mais cómico e bem disposto da série. Mas esse estado foi bastante perturbado por um acontecimento bem marcante que já nos havia sido revelado no final do episódio anterior: Kate perdeu o bebé que esperavam. Já sabíamos que Kate, à semelhança do seu irmão gémeo, não sabia lidar bem com os acontecimentos trágicos que assolam a sua vida. Desta feita, em vez de aceitar a sua dor e reconhecê-la, deixando-a sair e partilhando o pesar do momento com Toby, que obviamente acabava também ele de perder esta oportunidade de ser pai, Kate camufla as emoções e quer seguir com a sua vida. Mas as emoções estavam lá, bem patentes, e infelizmente acaba para sobrar para o pobre Toby, que estava plenamente disposto a tudo para ajudá-la a suportar a dor desta perda. É claro que é compreensível, é impossível imaginar o que uma mãe sente ao perder o seu filho, ainda que ele seja ainda um “futuro” a desenvolver-se no seu ventre. Por momentos, somos levados a crer que Kate se vai refugiar de novo na comida e entregar-se um mar de calorias, mas aí temos a primeira prova de que temos uma nova Kate quando ela deixa o prato intacto e sai sem hesitar. Momentos mais tarde, as emoções que ela tentava conter saem cá para fora e descarrega a sua dor e frustração sobre Toby, culpando-o por se ter entusiasmado tanto e por tê-la imbuído dessa sensação, excluindo-o ainda da perda sentida. Mas isso é uma grande injustiça para Toby, que não perdeu fisicamente o bebé do seu corpo, mas roubaram-lhe a alegria imensa que tinha por já se sentir um pai em ascensão. E Toby, capaz de tudo para a apoiar, incluindo revirar armazéns para impedir que uma banheira de bebé chegue e desconsole ainda mais Kate, nunca pedirá desculpa – e bem, quanto a mim – por se sentir entusiasmado com a ideia de ser pai.
Foi o choque do primeiro impacto para Kate. Felizmente, a mãe Rebecca, que lá bem no fundo sempre foi um pilar emocional fundamental para Kate, aparece, partilha a sua própria experiência associada à dor da perda do seu filho Kyle no nascimento, no período em que também ela tentou esconder as suas emoções para poupar Jack, até ao momento em que aceitou a dor, partilhou com Jack o que sentia e conseguiu superar. Kate assimilou bem a mensagem e percebe que também tem de suportar Toby, ambos precisam de se amparar e ultrapassar juntos a perda dos dois, acalentando a esperança e vontade de voltarem a tentar e de serem bem sucedidos. Esperemos que sim, não será fácil voltar à normalidade, mas queremos este bonito casal de bem com a vida e a dar-nos bons momentos de gargalhadas.
Na próxima semana teremos o fechar deste ciclo de episódios centrados em cada irmão e será também com certeza forte em emoções, desta vez a cargo de Randall.
O que é certo é que semana após semana o elenco de This Is Us vem-se superando e elevando a fasquia e mostrando que são todos excelentes atores. Depois de uma semana plena de brilhantismo de Justin Hartley com o seu “Kevin decadente”, Chrissy Metz e Chris Sullivan estiveram irrepreensíveis. A emoção passou toda para o lado de cá do ecrã, foi realmente um episódio complicado de suster as lágrimas e quando assim é só pode significar que o trabalho dos atores esteve soberbo.
André Borrego