This is Us – 01×17 – What Now?
| 11 Mar, 2017

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[Contém Spoilers]

Depois de um dos episódios mais sentimentais e difícil de gerir as emoções que despoletou, como foi o da semana passada, e talvez pela promessa de que as anfitriãs das cerimónias do dia seriam as netas de William, acreditei que seria um episódio com um tom mais leve, a que poderíamos assistir sem sobressaltos emocionais. Enganei-me redondamente e este acabou por ser um episódio muito tocante, o que não é com certeza mau. Aliás, This is Us continua a ser uma história que nos inspira, mas depois do final que se avizinha e que será mais uma bomba emocional, sem dúvida, uns meses sem esta série deixarão o nosso “coração” recuperar.

A volta que deram a um dia tipicamente melancólico e cinzento foi muito interessante e trouxe a alegria que este momento pedia. O realizador dessa alegria foi William, que não se foi embora sem um plano… plano que seria orquestrado pelas portadoras dos sorrisos que ele mais adorava, as suas netas. E elas montaram um “fun”eral, um dia onde não se lamentou a morte, mas em que se celebrou a vida. E como é que se celebrou essa vida? Assumindo o espírito de “ser William”, com recurso ao seu chapéu emblemático, para toda a família, e cumprindo aquela que foi a rotina dos seus últimos tempos, desde as caminhadas pela bairro, ao café da manhã, sem esquecer o cocktail de medicamentos, trocados por M&M’s e estávamos numa verdadeira festa, até que essa festa trouxe ao de cima emoções forte e reprimidas. Kate reviveu a perda do pai e foi-se abaixo num momento em que queria ser forte para Randall; afinal de contas era a segunda vez que ele perdera um pai. E se, por um lado, isso significava dor, perda e mágoa a dobrar, significou também neste caso que ele teve dois pais especiais, dois pais espetaculares que o amaram, que lhe passaram muito das suas personalidades, quer pelos genes, quer pelos ensinamentos, e isso fez de Randall uma pessoa extraordinária e cada vez mais a aprender com o legado dos seus pais! E que reconfortante, e poético até, o sonho que reúne William e Jack para poderem rir juntos e partilhar excelentes memórias que cada um teve com os Pearsons! Também Beth está muito sentida com a perda do seu amigo e, tendo sido a sua grande companheira, confidente e cuidadora, estava triste por ele não se ter despedido dela, sabendo que não voltaria. Mas ele preparou a sua partida ao detalhe, não deixou despedidas por concretizar: a viagem com o filho, o plano para as netas, um postal de Memphis para Beth, onde escreveu que a considerava “a filha que nunca teve”…

William teve uma passagem breve por esta família, por este bairro, mas foi de uma intensidade admirável, não deixando ninguém indiferente. O filho vai sentir a sua falta, Beth sentirá também a sua falta, as suas netas sentirão a sua falta, a vizinhança sentirá a sua falta, o seus amigos sentirão a sua falta e nós juntamo-nos a todos eles nesta saudade que já sentimos por William. E torno a dizer que William é uma personagem que espelha a vitória da vida sobre a morte, assumindo um papel inspirador e motivador para as famílias que atravessam o pesadelo que é esta e outras doenças malditas.

Assistimos neste episódio ao perdão efetivo de Randall para com a mentira da mãe. Rebecca teve oportunidade de se desculpar e justificar que foi o medo de o perder que esteve na base do seu erro e que reduziu o tempo para Randall conviver com William. Mas todos assistimos a esse tempo e, tal como Randall diz, foi o suficiente para perceber que ele amava o pai e que o pai o amava, razão pela qual ele perdoa a mãe.

Quanto a Kevin, já sabemos que tem vindo a crescer como pessoa e o resultado está à vista, atingiu o “topo”, tanto a nível pessoal como profissional. A estreia da sua peça foi um sucesso, teve o reconhecimento de toda a família e, apesar de não ter tido a presença do crítico que achava que seria determinante para o futuro da peça, compreendeu que todas as outras cadeias cheias tinham muito mais significado e representavam muito mais que uma mera cadeira vazia. E a verdade é que, por vezes, a sorte sorri aos audazes e, por acaso do destino, tinha outra cadeira preenchida pelo próprio Ron Howard (ator, produtor e realizador reconhecido pelo seu Óscar com o filme Mente Brilhante) que reconheceu o desempenho de Kevin, desempenho esse que lhe valeu então um convite para entrar num filme dele. No campo pessoal, conquistou a confiança de Sophie, que se entregou a ele apaixonadamente.

Resta-me falar de Jack e do levantar do véu sobre a sua morte. Ao que tudo indica, a desejada “reconciliação” com Rebecca não chegará a ter lugar, uma vez que parece que o fim trágico ocorreu no primeiro dia da “tour”. E esse final terá ocorrido precisamente porque ele decidira, com um “empurrão” de Kate (que por isso se sente culpada), viajar até ao lugar do primeiro concerto para acertar tudo com Rebecca e recolocar a paixão entre os dois em bom caminho. Acontece que Jack tinha estado umas horas no bar e não estaria na plenitude das suas funções para conseguir fazer essa viagem em condições.

Cá estaremos na próxima semana para dar um “até já” à melhor série estreante e para continuarmos a celebrar a vida com This is Us.

André Borrego

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