Jack Pearson’s Son… ufff, que turbilhão de emoções. À partida tínhamos um dia que poderia ser importante e em grande para Randall, que tinha uma reunião de negócios importantíssima; para Jack e Rebecca, que teriam um jantar de namorados nas vésperas da partida de Rebecca em tournée; e para Kevin, que teria a grande noite de estreia da sua peça. Pois bem, no final de contas o dia não correu como nenhum deles esperava, previa ou desejava.

Jack, ao estilo a que já nos habituou, encorajou Rebecca a seguir o seu desejo de seguir em tournée, garantindo que teria tudo sob controlo, mesmo estando o adolescente Randall numa crise de nervos devido a um trabalho para a escola, mesmo depois de Kevin ter começado a ter relações sexuais sem os pais sequer imaginarem, e mesmo sem perceberem como tem estado Kate. O super pai Jack assume a missão de segurar todas as pontas e manter os filhos e a casa nos eixos. Rebecca está radiante, entusiasmadíssima e claramente agradecida e encantada face à atitude do marido. Ora o que vem então estragar esta situação harmoniosa? Perdoem-me a expressão, mas foi o palerma do Ben, o colega de banda de Rebecca, que revelou a Jack que havia namorado com Rebecca em tempos, um pormenor do passado que não tendo relevância face aos sentimentos de Rebecca, acabou por mexer com Jack tremendamente. O resultado foi um Jack diferente de tudo o que vimos dele até agora. Ao de cima veio o ciúme, a dúvida, e as suas ideias quanto à viagem mudaram num ápice. Ambos se sacrificaram inúmeras vezes para colocar o parceiro e os filhos à frente dos seus interesses e, como tal, nenhum merece a revolta que emergiu com este episódio e esperemos que antes do fatídico final de Jack ainda volte o romance entre os dois, para que se escreva uma última página, em sintonia com o que foi a maioria da vida que partilharam.

Agora passemos ao dia de Randall no presente. Randall é de facto um herói sem capa, que parecia capaz de superar tudo. Mas mesmo os heróis precisam de uma mão, quando a carga sobre eles é demasiada. Randall tinha um dia decisivo no trabalho, num momento em que a sua posição está ameaçada. No entanto, e simultaneamente, a situação clínica de William degrada-se a cada dia. William começou a cair, uma queda sem retorno, começam a faltar-lhe as forças e as mazelas acumulam-se, tornando a sua independência diária quase impossível. Para dificultar mais a vida de Randall, a sogra caiu e partiu a anca e “levou” Beth para longe no momento em que ele mais precisava dela. Randall atingiu o seu limite e está a atravessar um colapso nervoso e a reunião acaba por ser um fiasco para ele.

Kate não desiludiu face às dúvidas que o episódio anterior nos deixou. Não só não alinhou no “esquema de sedução” de Duke como lhe deu para trás, o que acabou por a colocar fora do acampamento porque ele era filho dos donos. Kate foi dura com Toby na semana passada, mas lá no fundo o seu gesto sensibilizou-a. Este episódio fica marcado pela conversa mais honesta e profunda que Kate e Toby já haviam tido desde o início do namoro, tendo ido desde os gostos de cada um aos pensamentos suicidas de Toby até ao “limite” da conversa, um assunto que continua a ser demasiado delicado para Kate, a morte do seu pai. Ficou o compromisso de aproveitarem o noivado e começarem a planear o casamento do século quando ambos estivessem à vontade de partilhar com o outro “tudo”!

Por fim, vamos ao personagem subjacente ao título do episódio, Kevin, que provou ser o “verdadeiro herdeiro” da personalidade de Jack. Kevin estava a passar por um dia de muito nervosismo associado à sua estreia. Procurou serenidade em várias conversas, com Sophie, com Randall (que tinha mais em que pensar e não estava para aí virado), e, surpreendam-se, até com Miguel, que ganhou alguns pontinhos na minha consideração com o discurso sobre o melhor amigo, melhor amigo que ele reconhece no jeito do Kevin, na sua forma de ser. E a verdade é que depois de termos visto algumas atitude de Kevin que em nada se assemelham a Jack, ele está totalmente mudado, um novo Kevin. O Kevin do final deste episódio é o oposto do adolescente que ignorava as lágrimas do irmão. Kevin teria a sua noite de glória, com críticos na plateias, uma casa cheia… Mas trocou isso – provavelmente perdeu essa grande oportunidade – e tudo para poder confortar o seu irmão quando percebeu que ele estava a passar um mau bocado. E é aí que This is Us é sublime, porque a família volta a vencer!

André Borrego