This is Us conquistou com um piloto que poderia passar muito bem por uma longa-metragem, porque tinha substância para a sustentar e um final emocionante, digno de cinema.
Esta semana confirmou-nos que os valores da série e a sua “personalidade” estão para durar e ainda temos muito com que nos surpreender ao longo dos já confirmados 18 episódios.
Depois do véu ser levantado e de termos percebido que os 3 aniversariantes eram precisamente os 3 filhos de Jack e Rebecca e que tínhamos assistido a épocas distantes, algumas dúvidas surgiram: onde estão Jack e Rebecca no presente? Será que Randall perdeu a ligação com os seus irmãos?
Este episódio começou já a responder às nossas dúvidas. Uma deles com aquele que foi, para mim, o momento alto deste episódio, quando Kevin liga ao seu irmão Randall a pedir conselhos num momento bastante instável da sua carreira, com Kate por perto, com algum álcool à mistura, e que culmina no relembrar do cântico de irmandade do grande trio: “First came… Me (Kevin) and Dad said Gee, and then came me (Kate) and Mom said Whee. Then came Me (Randall) and they said That’s Three”.) Percebemos que Kevin nem sempre foi um bom irmão para Randall e que a ligação entre os gémeos de sangue é bem mais forte. Sabemos também que nem tudo foram rosas no crescimento destes três irmãos, mas esta cena mostra que os pais foram bem-sucedidos em algo muito importante, mantê-los juntos, preservar o amor de irmãos, apesar das aparentes diferenças, que pouco importam.
No núcleo de Jack e Rebecca passaram-se 8 anos “durante esta semana”, e muito mudou: Jack luta contra um problema com a bebida, o casal perdeu a sintonia de outros tempos, mas Jack está disposto a mudar por ela, pelos seus filhos, querem ser os melhores pais possíveis para estas crianças. E depois de uma noite a dormir à porta do quarto dela, por não querer ficar longe, a sintonia volta, o sentimento que esteve sempre lá reacende-se e o momento fica guardado no simbolismo de um fio de ouro com uma lua pendente.
Randall e a sua família estão no centro deste episódio. A bondade genuína de Randall levou-o a acolher o pai, William, na sua casa, a deixá-lo fazer parte da vida dos seus netos e viver em paz e felicidade, aqueles que podem ser os últimos meses de uma vida ameaçada pela doença. A bondade genuína de Randall e o seu altruísmo parecem deixá-lo desprotegido, mas tem uma grande mulher ao seu lado para assumir o controlo. E estou francamente a gostar deste pai William, a tentar redimir-se do passado. Porque esta é uma série de segundas oportunidades, de sonhos e de compaixão.
Kate prossegue as suas batalhas para emagrecer à medida que a relação com o hilariante Toby progride, enquanto Kevin se vê numa posição ingrata de estar preso ao contrato que não o deixa libertar-se do programa “The Manny”, que o impede de aspirar por uma carreira de valor. Nesta discussão estão envolvidos duas personagens que trazem dois atores de peso para exponenciar o que de bom esta série tem para oferecer, a sua agente (Katey Sagal, Sons of Anarchy) e o dono do canal (Brad Garrett, Fargo).
Tudo o que esta série prometeu está a cumprir e como referi na review da semana passada, muita gente já deve ter dado por si a torcer pela felicidade desta família e pelas suas vitórias. Tivemos mais um final com twist, que nos leva a crer que teremos sempre uma surpresa em cada final. Esta ocorreu quando os avós visitam os filhos de Randall, mas para surpresa não é Jack que acompanha Rebecca, mas sim Miguel, o melhor amigo de Jack, com quem ele desabafava no passado. Depois da série já nos ter oferecido tantas personagens para gostarmos, temos também agora uma para odiar. Será que isto significa que Jack pode ter morrido? A hipótese da separação perde força porque Rebecca carrega o pendente da lua. Terá sido a perda de Jack que levou Randall a procurar o seu pai biológico? Para quando teremos o grande trio reunido? Dúvidas que serão respondidas de certeza nas próximas semanas, as quais já não podemos passar sem This is Us.
André Borrego