[Este artigo contém spoilers]
Depois de três episódios cheios de adrenalina, este quarto capítulo de The Boys, Nothing Like It in the World, foi bem mais calmo, com voltas e reviravoltas, mas que mesmo assim ficou a pedir um pouco da ação dos restantes.
Homelander está habituado a ser o rei da festa, o centro de todas as atenções, o deus do universo. A vitória de Stormfront ao destruir o super terrorista ameaçou esse império. Pelo menos na cabeça dele. Homelander é, como já mencionei, um bebé grande, um bebé mimado. Mas um bebé muito poderoso.
Para meter a cabeça no sítio e entender como há de conseguir o controlo d’Os Sete, ele consola-se em Madelyn – ou melhor, no Doppelganger. Sim, também achei muito creepy aquele encontro. No entanto, todos os elogios e ego boost a Homelander fizeram com que ele decidisse tocar onde dói mais. Deep já estava fora da equipa. Portanto avançou para A-Train e Queen Maeve. Honestamente, veremos se com isto as histórias de ambos os personagens começam a “espevitar” um pouco. A-Train teve um grande destaque a temporada passada por causa do Compound V e por ter morto a namorada de Hughie, Robin. No entanto, em quatro episódios da 2.ª temporada de The Boys, só percebemos que ele não está bem porque, bom, está a ressacar da droga e os poderes estão a falhar. Portanto, Homelander dispensa-o por ele já não ser, efetivamente, o homem mais rápido do mundo.
Já Queen Maeve não é bem dispensada, mas Homelander faz-lhe das piores coisas que se pode fazer a uma pessoa LGBTQ+. Anunciar que ela é gay ao mundo antes de ela própria estar pronta para o fazer. Ele já cometeu atos horripilantes nesta série, mas isto em particular custou-me ver. Queen Maeve sempre deu muita importância a Homelander e o quão ele a controlava e não deixava que ninguém se aproximasse dela. Mas quando é que vamos ter Homelander a dar-lhe a mesma importância?
Já Starlight é ameaçada por não ter sido capaz de matar Hughie, o que a leva a juntar-se a ele e a Mother’s Milk numa viagem a Raleigh. Achei meio suspeito ter procurado Hughie imediatamente a seguir a isto sem lhe contar o que tinha acontecido, mas pronto. Adorava que Starlight fosse capaz de destruir o pseudo Capitão América pseudo Super-Homem. Mas parece que ainda não existe ninguém suficientemente poderoso capaz de o parar. E ainda bem.
As informações providenciadas por Mallory a Butcher ajudariam o gangue a entender o que estava por detrás da morte de Raynor e a localização de Becca. Mas a isso já lá vamos.
Claro que já tínhamos percebido que Stormfront era tudo menos boa peça. A maneira como disse “chinês” cheia de desprezo ao super terrorista e como matou todas aquelas pessoas sem dó nem piedade já nos tinham mostrado que aquela faceta de miúda irreverente e lutadora do bem era tão falsa como a de Homelander. Stormfront é uma mulher racista e matou um homem negro por suspeitar que fosse autor de um crime com o qual ele não tinha qualquer ligação. Tudo isto foi oculto pela Vough, claro.
Gostei bastante da dinâmica dos três durante a viagem, de como Hughie e Annie se conectaram de novo. Nossa, estes dois têm química para dar e vender. Grande escolhas em Erin Moriarty e Jack Quaid! E serviu para Mother’s Milk aceitar Annie e não vê-la como uma d’Os Sete e como inimiga.
Butcher conseguiu finalmente o que queria. Encontrar Becca e recuperar a sua vida. Obviamente, o final feliz que ele esperava não ia acontecer. Eu só sabia era como é que eles iam fazer a coisa. (Eu ainda acho que ela vai morrer até ao final da temporada, mas pronto, um episódio de cada vez.) Mas a resposta era óbvia. Ryan tem poderes, é capaz de igualar o pai (digo eu, posso estar errada) e vai sempre ser procurado pela Vought. E Butcher quer livrar-se deles, mas Becca não consegue deixar o filho (como qualquer mãe normal). Perante esta adversidade, Becca resolve abrir mão do marido. Ela tem razão. Butcher tem um lado negro que ela não consegue curar e que com tudo o que aconteceu nos últimos anos ficou pior ainda. Juro que fiquei com muita pena que isto tenha ficado assim (por agora), mas Butcher tem de resolver os seus demónios antes de poder (se é que vai poder) ficar com a mulher. Depois disto tudo, quero muito ver quais são os próximos planos do ex-CIA.
Por fim, fiquei com curiosidade pelo empenho de Black Noir em encontrar Butcher. Ele tem sido muito secundário na história até agora, mas estou deserta que explorem melhor o personagem, numa altura em que Os Sete parecem basicamente arruinados.
Veremos quais são os próximos planos de Homelander e o que farão Os Sete com a história de racismo de Stormfront. Pegar neste tema tão importante foi uma jogada de mestre por parte dos produtores. Com o movimento Black Lives Matter a ganhar mais voz e força após o assassinato de George Floyd às mãos da polícia, faz todo o sentido abordar este tema. Vamos nessa!
Maria Sofia Santos