Confesso que a 2.ª temporada de Squid Game, da Netflix, me deixou com sentimentos mistos. Se tivesse que descrevê-la numa palavra, seria “morna”. Apesar de não ser uma má série – longe disso -, ficou aquém das expectativas elevadas pela 1.ª temporada. Vamos por partes.

Os novos personagens introduzidos não conseguiram capturar a minha atenção da mesma forma que os anteriores. Faltou profundidade, carisma, algo que os tornasse relevantes ou que criasse empatia. Isso afetou bastante a minha experiência, pois sem personagens cativantes, é difícil torcer ou importar-me com o que lhes acontece. Para além disso, o plano para regressar aos jogos foi outra grande desilusão. Pareceu uma sucessão de falhas sem qualquer linha de pensamento coerente. Entendo que participar nos jogos da primeira vez foi um ato de desespero, quase irracional, mas, nesta temporada, já havia um conhecimento do que estava em jogo. Isso tornava obrigatório que as decisões fossem mais calculadas e estratégicas, o que simplesmente não aconteceu. Em vez disso, os personagens pareciam reagir a tudo de forma impulsiva, o que foi frustrante.

Outro aspeto que me desiludiu foram os twists. Enquanto a 1.ª temporada se destacou pela inteligência e surpresa dos seus momentos de viragem, nesta segunda, os twists pareceram pouco inspirados. Na verdade, alguns até pareceram plantados para preparar a 3.ª temporada, como se esta e a próxima fossem, na realidade, uma única história dividida. Uma dessas reviravoltas nem sequer teve impacto significativo nesta leva de episódios.

Salvam-se os jogos. Admito que no início estava receoso de que fossem apenas mais do mesmo, mas acabaram por ser o ponto alto da temporada. Foram originais, bem pensados e conseguiram criar momentos de tensão e dúvida. No entanto, até este aspeto foi prejudicado pela falta de entusiasmo que senti pelos personagens. Se não me importo com o que lhes acontece, é difícil sentir na mesma intensidade.

Por fim, a produção continua impecável. A qualidade visual da série mantém-se no nível elevado da 1.ª temporada, talvez até melhor. Os cenários dos jogos são magníficos, bem construídos e apelativos, o que demonstra o cuidado e o investimento na parte técnica.

Portanto, morna é a palavra que melhor descreve esta temporada. Não é uma má série, mas perdeu-se o fulgor da primeira, quando se esperava que fosse mais e melhor, este parece apenas o interlúdio, a espera antes do grande final e eu esperava muito mais.

Todos os episódios desta 2.ª temporada de Squid Game já se encontram disponíveis na Netflix. A temporada final está prevista para 2025.

Melhor episódio:

Episódio 7 – Amigos ou Inimigos? – Dentro dos episódios medianos, este destacou-se por finalmente trazer ações com consequências palpáveis. No entanto, também foi frustrante, pois deixou a sensação de voltar à estaca zero, precisamente como se tinha começado. Foi um episódio agridoce, com avanços que pareciam promissores, mas que no fim reforçaram o círculo vicioso da trama.

Personagem de destaque:

Front Man (Lee Byung-hun) – Front Man foi mais uma vez o puzzle que ninguém (ou quase ninguém) conseguiu completar. Tanto no que se passava dentro do complexo como fora dele, ele foi a força motriz que manteve a história em movimento. A sua presença é enigmática, deixando pontas soltas intrigantes que alimentam tanto a narrativa como o desejo de respostas.