Primeiro que tudo: uau! Há séries que nos deixam sem palavras e esta é uma delas. A sério, incrível! A minissérie Disclaimer começa com um piloto que nem sequer me cativou muito, mas a partir do segundo episódio embala-nos numa história que começa a tomar contornos muito interessantes e que atinge proporções épicas na despedida. A série parecia estar a dirigir-se numa certa direção, mas depois tudo muda muito rapidamente e nem sabemos o que nos atingiu. Quer dizer, eu suspeitei. Não do que realmente aconteceu, mas a certa altura comecei a colocar em dúvida a história contada no livro. Como é que alguém que não Catherine e Jonathan (e, talvez, Nicholas) podia saber o que tinha acontecido? Não podia, é simples.
A minha surpresa acabou por ser total e fiquei fascinada com a capacidade que Alfonso Cuáron teve de fazer esta história funcionar tão bem. Enquanto realizador e argumentista dos sete episódios, a responsabilidade coube-lhe toda e não vacilou. Disclaimer desconstrói o quanto podemos estar errados em relação a algo acerca do qual parecemos tão certos. Nenhuma das personagens deu o benefício da dúvida a quem a merecia, ninguém esteve disposto a questionar nada. Suponho que seja esse, muitas vezes, o cerne das relações humanas.
Melhor episódio:
Episódio 7 – Neste caso, é impossível escolher um episódio que não o último. Este final épico coloca Disclaimer no mapa de minisséries inesquecíveis. Em termos de interpretação e de argumento é brilhante, com diálogos também extraordinários. Deixou-me a pensar numa data de coisas e mexeu física e emocionalmente comigo de forma visceral. Não quero dizer mais porque não vale a pena entrar em spoilers, mas é um episódio que eleva a série a um nível de genialidade.
Personagem de destaque:
Catherine Ravenscroft (Cate Blanchett) – Já há muito tempo que Blanchett é uma das minhas atrizes favoritas e Disclaimer só vem ajudar a provar o quanto ela é genial. Não basta ser-se a personagem principal para ser a verdadeira estrela de uma série, mas Blanchett é-o em pleno. Não é fácil – nem creio que seja suposto, muito pelo contrário – gostar-se dela nos primeiros episódios, mas apresenta uma vulnerabilidade e uma força, ao mesmo tempo, que nem qualquer atriz dominaria. É impossível tirar os olhos dela quando está no ecrã e o final a que a personagem teve direito é perfeito.