Embora a sinopse tenha colocado algumas dúvidas quanto a se deveria assistir à 3.ª temporada de Morangos com Açúcar, decidi ver, principalmente para concluir a história dos protagonistas Miguel, Gabi e Olivia. A sinopse diz o seguinte: “Em Vila Nova de Milfontes, os alunos do Colégio da Barra preparam-se para viver as aventuras de verão quando são surpreendidos com um novo mistério que envolve todos. Na praia, como nos corredores do Liceu, nada é aquilo que parece.”
Aquando do anúncio da 1.ª temporada verificaram-se diversas comparações com a espanhola Élite, com várias pessoas a chamar à série a versão portuguesa de Élite, por isso parece que a TVI e a Prime Video tentaram eliminar tais comparações e prometeram uma temporada diferente do formato tradicional, com um lado mais experimental e inovador. No entanto, não foi o que tivemos, pelo menos, não como foi vendido nas diversas divulgações da 3.ª temporada, tendo sido uma delas no painel da Comic Con Portugal.
Para quem esperava algo diferente, teve direito a uma versão portuguesa de Riverdale, em que todos os personagens parecem um pouco confusos e ninguém sabe bem o que se passa, existindo revelações sobre o passado de Olivia e Carol ao longo desta temporada que parecem não se encaixar bem na história e, como tal, ao fim de uns episódios podemos já não nos lembrar desse pormenor. Para quem esperava os planos inovadores e, como descritos na Comic Con, em que haveria muito a acontecer e que iria passar uma sensação de claustrofobia, pode esquecer, pois tal não acontece e tivemos apenas uma história passada no verão em que os protagonistas se veem envolvidos num crime.
Assim, esta 3.ª temporada de Morangos com Açúcar apresenta algo que não consegue cativar e que demonstra ir pelo caminho da segunda, com uma história que fornece mais dúvidas do que respostas, acabando com assuntos pendentes e que aparentemente não terão uma conclusão. A forma como as personagens são tratadas também não se revela a melhor, sendo Gabi a maior vitima. Após a 2.ª temporada, é colocada numa situação em que terá de trabalhar – e quem viu as duas primeiras temporadas sabe que isto não será fácil para uma rapariga como Gabi – e sem qualquer tipo de apoio familiar, mas ao contrário do que poderíamos pensar, este não será o pior cenário, uma vez que tudo parece correr mal à personagem e que isto é uma espécie de karma pelas suas ações das temporadas anteriores.
À semelhança das duas primeiras temporadas, vemos que o reboot continua sem noção de como incluir as personagens da série original e nesta 3.ª temporada introduzem ainda mais uma: Alice Esteves. Tal como Rita Pereira, Tiago Castro e Pedro Teixeira, Inês Castel-Branco aceitou voltar a interpretar a sua personagem. No entanto, esta Alice não é a mesma que conhecíamos e a sua personalidade desapareceu por completo, sendo agora uma mulher stressada e que parece não ser tão assertiva e explosiva como antigamente. Poderia ter sido apresentada meramente como uma nova personagem, uma vez que a única semelhança que tem com a que os fãs conheciam é o facto de ser dona de um estabelecimento (anteriormente um bar e agora um hotel).
Mais uma vez, este reboot de Morangos com Açúcar desilude com a introdução das personagens do original, mas nesta temporada parece que também não sabem o que fazer com as novas personagens e o que fazer para criar uma história apelativa, tendo recorrido novamente ao mistério de Carol, ao mesmo tempo que se introduz um novo mistério.
Se antes não tinha ficado claro que não vamos ter os antigos Morangos com Açúcar de volta, então esta 3.ª temporada não deixa margem para dúvidas e retira as poucas esperanças que ainda pudessem existir.
A 4.ª temporada da série estreia a 28 de outubro na Prime Video e TVI.
Melhor Episódio:
Episódio 1 – Férias Grandes – Enquanto primeiro episódio da temporada, mostrou-se completo e eficaz para o proposto enquanto abertura. O aspeto que mais me agradou neste episódio foi a quantidade de cenas mais descontraídas que nos mostram um pouco da essência dos Morangos com Açúcar antigos, não existindo confusões nem dramas demasiado complicados, mas um mero ambiente entre adolescentes. As cenas iniciais em que o grupo protagonista faz a viagem para Vila Nova de Milfontes são provavelmente as mais divertidas da temporada e carregadas de um sentimento de nostalgia para os fãs mais antigos que certamente se irão lembrar de cenas do filme ou das temporadas da série original.
Personagem de destaque:
Carolina Esteves (Ana Andrade) – Apesar de Carol estar morta, parece ser a personagem mais presente nesta temporada, existindo meramente como uma relembrança dos erros do passado das personagens que já conhecíamos e de algumas que são introduzidas nesta temporada. Ana Andrade faz um excelente trabalho e mostra como não existem papéis pequenos, mas atores pequenos. O pouco que deram à sua personagem nesta temporada foi o suficiente para se destacar e garantir que ninguém esquece o nome de Carol, uma vez que será esta que indiretamente coloca em movimento os acontecimentos da temporada.