As Sementes do Mal (Die Quellen des Bösen) é a nova série de terror da Filmin que, à primeira vista, parece promissora, mas a temporada acaba por não cumprir totalmente o seu potencial. A série destaca-se por um ambiente negro e contemplativo, com uma forte ligação à mitologia nórdica e ao uso de runas, um tema que poderia ter sido mais aprofundado. A escolha da época – os anos seguintes à queda do Muro de Berlim – oferece um pano de fundo apelativo e rico em simbolismo, mas mesmo este contexto não é suficientemente explorado para fazer a narrativa brilhar.
O ritmo da série é lento, o que, em muitos casos, não seria um problema se a história conseguisse captar a atenção de forma mais cativante. Existem vários exemplos de séries nórdicas de investigação e terror que conseguem criar tensão e mistério sem apressar a narrativa. No entanto, As Sementes do Mal parece estar sempre à beira de algo grandioso, sem nunca chegar lá. Este pode ser o seu maior defeito: uma promessa constante de algo mais, algo que está prestes a acontecer, mas que nunca se concretiza.
Um dos aspetos mais críticos é a protagonista. Em séries deste género, a personalidade dos protagonistas costuma ser metade do apelo, contribuindo significativamente para o nosso envolvimento e investimento na série. Contudo, neste caso, a protagonista, a inspetora Ulrike Bandow (Henriette Confurius), não tem a profundidade ou carisma que seriam necessários ou desejáveis para manter o interesse. Não consegui criar uma conexão genuína com a personagem, o que torna difícil simpatizar ou envolver-me com a sua jornada. Em contraste, o parceiro da protagonista, Koray Larssen (Fahri Yardim), destaca-se com uma narrativa paralela que é inesperadamente mais interessante. A sua história, com contornos invulgares, acaba por ser um dos pontos altos da série.
Quanto ao desenlace da trama, não oferece nada de novo. A conspiração revelada já foi vista em muitas outras séries e filmes dentro deste género, o que torna o final previsível e, em última análise, anticlimático. A revelação do culpado também não tem o impacto desejado, deixando-nos com a sensação de que a série poderia ter ido muito mais além.
Em resumo, não é uma série má. Tem uma atmosfera interessante, alguns elementos mitológicos que a distinguem e a história paralela do parceiro da protagonista é um ponto positivo. No entanto, os seus bons elementos não são totalmente aproveitados e a série acaba por falhar em trazer algo verdadeiramente novo ou transcendente. Com apenas seis episódios, pode ser uma boa maratona na Filmin para a época de Halloween, mas não esperes uma experiência memorável ou revolucionária.
Melhor episódio:
Episódio 5 – Este episódio destaca-se como o melhor da série, sendo o momento em que a narrativa finalmente ganha fôlego. É neste ponto que a teia de mistérios e segredos se começa a desdobrar, revelando várias surpresas e momentos inesperados. A tensão atinge o seu pico, com algumas das melhores revelações e sequências a acontecerem aqui, tornando este episódio o ponto alto da série. As conexões ocultas entre personagens e eventos começam a surgir, oferecendo-nos uma visão mais clara e complexa da trama, e abre definitivamente caminho para o desfecho.
Personagem de destaque:
Koray Larssen (Fahri Yardim) – O detetive é um dos personagens mais cativantes da série. A sua história paralela distingue-se por ser intrigante e cheia de contornos inesperados. Larssen é constantemente confrontado com escolhas impossíveis, preso entre o dever profissional e as responsabilidades familiares, o que adiciona uma camada de bem-vinda complexidade à sua personagem.