Após uma longa espera desde o lançamento do primeiro livro em 2005 e do primeiro filme em 2010, já se encontra disponível na totalidade, no Disney+, a 1.ª temporada da adaptação em série da saga Percy Jackson and the Olympians. Como grande fã dos diversos livros e do universo que os envolve, mas não tanto das adaptações cinematográficas, não poderia estar mais expectante com esta adaptação, especialmente tendo em conta o envolvimento direto do autor dos livros, Rick Riordan. Além disso, os dois primeiros episódios, que superaram em muito as minhas expectativas, deixaram-me bastante entusiasmada, mas à medida que a temporada avançava, um sentimento de desilusão ia-se instalando.

Não quero com isto dizer que a série é péssima, pois até nos proporciona bons momentos ao longo dos episódios, e foi bom recordar, ainda que de forma diferente, este universo pelo qual tenho um enorme carinho. No entanto, não posso deixar de reconhecer que a temporada não superou as minhas expectativas e, ao contrário do que já tinha referido aquando da visualização dos dois primeiros episódios, por muito que me custe admiti-lo, acho que esta ainda não é a adaptação que nós, fãs dos livros, verdadeiramente merecíamos.

E esta desilusão não se prende somente com as mudanças, mas essencialmente com problemas no guião, no ritmo narrativo e na realização. Embora os episódios tivessem mais de 30 minutos, em alguns momentos a série parecia muito apressada (além de que os personagens sabiam sempre tudo, quebrando em parte algum mistério), noutros, parecia muito lenta. Dava-me a sensação de que momentos cruciais que deviam ter sido aprofundados foram trabalhados superficialmente, enquanto outros que não eram assim tão importantes ou interessantes foram desenvolvidos em demasia. Além disso, acho que a faixa etária que tiveram em conta condicionou muito, não só em termos de guião, mas também a nível visual. É certo que Percy tem somente 12 anos, mas em momento algum eu senti qualquer tipo de perigo ou de urgência na missão. Tudo era resolvido facilmente e numa questão de segundos.

Entendo que talvez a ideia fosse trazer novos fãs e potenciais novos leitores com idades mais aproximadas de Percy, mas se era essa a principal intenção, então que não prometessem algo aos fãs que claramente não conseguiram cumprir. Especialmente depois de dois filmes fracassados e tão amplamente criticados, inclusive pelo próprio autor. O que frustra mais é que o universo dos livros é tão rico, havia tanto potencial para melhorá-lo, mas não foi bem aproveitado.

Honestamente não sei se isso não irá condenar a série. Eu espero que haja pelo menos uma 2.ª temporada e que consigam corrigir o que não funcionou tão bem.

Melhor Episódio:

A God Buys Us Cheeseburgers (Episódio 5) – Sem sombra de dúvida que este foi dos meus episódios favoritos e só tenho pena que a temporada não tenha sido toda assim. Tanto o pace do episódio, como a dinâmica entre as personagens, e até mesmo a narrativa, foram extremamente bons, além de que parecia que estava realmente a (re)ver a essência e o espírito deste universo que tanto adoro, mesmo havendo diferenças e acrescentos na história em comparação com o livro.

Personagem de Destaque:

Percy Jackson (Walker Scobell) – Embora ainda haja ali muito espaço para crescimento, quer como ator, quer como personagem, consegui muitas vezes ver o Percy do livro em Walker. Ele consegue representar bem algumas características do personagem, especialmente a impertinência e a coragem. Acredito que, com o tempo, e com um melhor desenvolvimento do personagem e da narrativa, este Percy tem o potencial de nos conquistar tanto quanto o dos livros.