Élite – Crítica da 7.ª temporada
| 01 Nov, 2023
6.6

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No passado mês de outubro estreou na Netflix a 7.ª e penúltima (já não era sem tempo!) temporada da série espanhola Élite. Além do regresso de Omar (Omar Ayuso), foram introduzidas novas personagens tais como Joel (Fernando Líndez), namorado de Omar; Eric (Gleb Abrosimov), primo de Nico (Ander Puig); Chloe (Mirela Balić) e a sua mãe Carmen (Maribel Verdú), que, por sua vez, também é mãe de Iván (André Lamoglia). A cantora brasileira Anitta também fez parte do elenco desta temporada, interpretando uma professora chamada Jéssica que dará aulas de defesa pessoal a Sara (Carmen Arrufat).

Se estás indeciso quanto a se vale a pena ver esta temporada ou não, deixa-me já dizer-te que não vale. Se há algo em que a série é consistente é no guião fraco e na falta de maturidade (e tendo em conta todo o historial, atrevo-me inclusive a dizer até credibilidade) para abordar certos temas. Cada vez mais se nota que estes temas de extrema importância são trazidos para a narrativa pura e simplesmente como forma de entretenimento e para criar drama, sendo que muitas vezes não são trabalhados da melhor forma ou não lhes é dada a profundidade devida.

Compreendo que talvez esteja a exigir muito de Élite e que a série, na verdade, não se propõe a ser didática, muito pelo contrário. Está longe de ser um exemplo a seguir, sendo claramente uma série para entreter, mas torna-se frustrante ver constantemente assuntos sérios a serem abordados de forma tão leviana ou até mesmo incorreta. Isto fez-me muito lembrar 13 Reasons Why, outra série que também aborda tópicos sérios e sensíveis, mas que falhou muitas vezes na forma como o fez. Ambas as séries parecem ignorar claramente a problemática por detrás destes temas.

O regresso do Omar é um bom exemplo disso. Através dele tentaram abordar questões de saúde mental, essencialmente devido ao trauma causado pela morte de Samuel (Itzan Escamilla), mas preferiram dar destaque à sua relação disfuncional com Joel – e alimentar ainda mais esse relacionamento que em nada ajudava Omar – do que mantê-lo na terapia, por exemplo. Ora, a primeira e única personagem que mostram a fazer terapia (e eu acho que todos deviam fazer, como referi na review da temporada anterior), deixa-a logo. Na verdade, só nos foi mostrada uma consulta e depois o momento em que ele diz que não quer continuar, que já está bem. Felizmente, Omar volta à terapia no último episódio, o que me faz ter alguma esperança para a próxima temporada. Contudo, uma vez que estamos a falar de Élite, o melhor é não esperar mesmo nada.

Por falar em Joel, confesso que chegou a uma altura em que já não conseguia suportar o personagem. O que contrasta bastante com o meu sentimento para com Chloe e Eric, que foram duas adições à história de que gostei. É certo que poderiam ter sido mais bem trabalhadas, especialmente tendo em conta as problemáticas que trouxeram, mas de todas as personagens que foram sendo acrescentadas ao longo das temporadas, estas foram das que mais gostei. Quase instantaneamente, conseguiram fazer-me importar minimamente com o que lhes acontecia.

Ao contrário do que estávamos habituados a ver nas temporadas anteriores, o assassinato ficou guardado para o último episódio, pelo que não tivemos o típico mistério em torno de uma morte (ou suposta) que nos era apresentado logo desde o início e que tinha bastante impacto no desenvolvimento da narrativa. Compreendo que manter a fórmula anterior seria mais do mesmo e reconheço que sendo Raúl (Álex Pastrana) a vítima, ninguém se fosse importar muito. Já para não falar que a principal suspeita iria logo ser Sara. Mesmo tendo sido efetivamente ela, até ia ser uma boa surpresa. No entanto, sem esse mistério, Élite tornou-se ainda mais desinteressante.

Além disso, quando achávamos que a série não conseguia surpreender mais pela negativa, eis que se supera. Ainda estou para perceber quem é que achou que seria boa ideia fazer o Iván envolver-se com Carmen, que é, nada mais, nada menos, que a sua mãe! É certo que ele não sabia, mas poderia ter sido muito bem evitado. Momentos antes, Carmen tivera a oportunidade para contar a Iván, mas decidiu não o fazer. Mais uma tentativa para chocar os espectadores e criar drama na história.

Por último, se acompanhas a série Blood & Water, irás reconhecer, no quarto episódio, Fikile Bhele (Khosi Ngema). Confesso que foi uma agradável surpresa, embora considere que o crossover poderia ter sido mais bem aproveitado.

Melhor Episódio:

I’m Gonna End This Forever (Episódio 8) – Pela primeira vez, não foi difícil para mim escolher um episódio, já que este foi, sem dúvida, o melhor da temporada (o que também não foi muito difícil considerando que os outros não foram grande coisa). É aqui que nos é apresentada a morte da temporada, sendo que o episódio não perdeu tempo a enrolar o espectador, embora tenha criado um ligeiro suspense em torno da identidade da vítima, apresentando diversas possibilidades.

Personagem de Destaque:

Eric – Confesso que estava indecisa entre ele e Chloe, mas acabei por decidir escolhê-lo porque acho difícil ficar-lhe indiferente. Apesar das suas falhas (muitas das quais devido à imaturidade de Élite), foi uma excelente adição à história e um personagem de quem gostei muito.

Élite - Crítica da 7.ª temporada
Temporada: 7
Nº Episódios: 8
6.6
6.5
Interpretação
6
Argumento
7
Realização
7.5
Banda Sonora

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