Uma das séries que mais furor fez na Netflix nos últimos anos está de volta. Lupin regressa com a parte 3, composta por sete episódios, bem ao estilo do que já nos habituou: suspense, assaltos, jogos e ilusões. Esta temporada inicia-se no ponto em que a outra terminou e apresenta uma qualidade ao nível das suas antecessoras, parecendo que vai atar uma série com três temporadas de uma boa forma até nos tirar o tapete (de uma forma positiva) nos últimos 30 segundos.
Assane Diopp é procurado por todo o país, tornou-se o ladrão mais famoso de França e até conseguiu conquistar uma legião de fãs. Isto dificulta-lhe a vida, uma vez que, após os eventos da temporada anterior com o rapto de Raoul, ele só quer proteger a família e viver em paz. Assim, esta temporada pode dividir-se em duas partes. Uma em que Assane tenta fugir à sua reputação e deixar tudo para trás e a parte em que, consequentemente, um novo vilão o puxa para a ribalta outra vez. Isto tudo sem nunca deixar de ser fiel aos livros em que se inspira. Aliás a série foi ótima para as vendas dos livros, que aumentaram significativamente.
Omar Sy continua com o seu carisma presente em todos os minutos em que aparece e carrega muitos dos episódios às costas. Uma série como esta é elevada pela presença de um bom elenco secundário (como Soufiane Guerrab e Ludivigne Sagnier, que interpretam respetivamente Youssef e Claire), mas não sobreviveria sem um protagonista com a qualidade que Omar tem (e que já não é surpresa para ninguém desde Amigos Improváveis). Foi interessante saber mais sobre o passado de Assane, mas o plot twist de quem era o vilão por detrás do rapto da mãe dele não deve ter surpreendido muita gente naquela altura, depois de mostrarem tanto as cenas do ginásio no passado.
A banda sonora assume um papel bastante importante. Quando estamos a ver Lupin, temos que ver com um baixo nível de ceticismo, ou seja, Lupin é chamativo, usa manhas e artimanhas onde a maioria, na vida real, de certo falharia ou não conseguiria enganar. Apesar de ter uma dose irrealista, em comparação, Sherlock acaba por ser mais passível de acontecer, uma vez que se baseia acima de tudo no intelecto de alguém e nas suas capacidades dedutivas. Ora, para vermos Lupin com esta lente pouco cética e conseguirmos aproveitar e gostar ao máximo, a banda sonora é de extrema importância: a música de tensão nos momentos em que nos querem levar a crer que o plano está a correr mal ou a música que nos faz sentir triunfantes quando vemos como Assane conseguiu dar a volta. Apesar de, episódio a episódio, os plot twists serem esperados, confesso que o final me surpreendeu. Estava convencido que Lupin iria acabar com esta 3.ª temporada, mas no final de contas os últimos 30 segundos revelam uma traição e um regresso que nos deixa lançados para uma nova temporada, ainda não anunciada oficialmente pela Netflix. O que é certo é que ainda há muita inspiração, uma vez que Maurice Leblanc escreveu 24 livros sobre Lupin. Ainda há muitos assaltos e histórias para inspirarem a série (de notar que as temporadas têm bebido de vários livros, por isso 24 livros nunca significaria igual número de temporadas, muito longe disso).
Quero agradecer à Netflix por me ter dado a hipótese de assistir à temporada antes da estreia para assim poder trazer-te esta review tão rapidamente.
Melhor episódio:
Chapter 5 (Episódio 5) – Na verdade, o destaque não é muito grande, a temporada toda vê-se bem de uma assentada como se fosse uma história única e coesa, mas o que me leva a escolher este episódio é a tão aguardada colaboração entre Assane e Youssef Guedira, o ladrão e o polícia a trabalharem num golpe juntos, ainda por cima quando Youssef é uma espécie de representação do espectador na série. Com isto quero dizer que ele é fã de Lupin, da obra e do que Assane faz, o que acaba por criar uma dicotomia que não é fácil de ignorar com a profissão dele. Vê-lo a esquecer isso e a trabalhar com Assane como se fosse uma criança numa loja de doces foi um momento icónico.
Personagem de destaque:
Claire (Ludivigne Sagnier) – Claro que Omar enquanto Assane é a estrela e assim tem sido desde a estreia do primeiro episódio. Tem um maior impacto e é ele que carrega a série às costas. No entanto, esta temporada a personagem que evoluiu mais para mim foi Claire. Se, em temporadas anteriores, era um pouco irritante e tinha ações (justificáveis) que tentavam impedir Assane de fazer aquilo que nós gostamos de ver, esta temporada teve uma prestação acima da média. Desde o medo que sentia quando estava a ser perseguida, até à relação com o suposto “treinador” e como ela percebe que é Assane e como lida com tudo o que acontece no final, à sua ligação com Assane que já vem desde jovem… Foi uma peça secundária que contribuiu para uma boa temporada.