Os magníficos David Tennant e Michael Sheen regressam para a 2.ª temporada de Good Omens (já disponível na totalidade na Prime Video), bem como o autor e produtor Neil Gaiman, cujo humor deliciosamente malicioso apresenta-se vivo e de boa saúde. Jon Hamm está também de volta como o arcanjo Gabriel (e a peça-chave para o enredo) e Miranda Richardson surge como a nova vilã da série, mostrando-nos exatamente porque é que é um símbolo do teatro britânico.
A 1.ª temporada de Good Omens é baseada no romance com o mesmo nome lançado em 1990 por Gaiman e Terry Pratchett, tendo ganhado uma legião de fãs ao longo das décadas. Seria, por isso, expectável que o público mais exigente receasse a qualidade de uma nova fornada de episódios com uma história criada de raiz para o efeito (e que serve como ponte para uma 3.ª temporada e possível sequela do romance original). Os receios revelam-se agora infundados: Gaiman parece estar no auge da sua mestria e criações, dando novamente vida ao anjo Aziraphale (Michael Sheen) e ao demónio Crowley (David Tennant) através de novas aventuras, travessuras – e, claro, um eterno e curioso fascínio pela humanidade.
Somos brindados logo no primeiro episódio com um diálogo delicioso, repleto de ironia, caos e inocência representados na perfeição pelo anjo e demónio do costume. Qual deles é Aziraphale e qual deles é Crowley? Na realidade, talvez nem eles o saibam. E é assim que ganhamos a certeza de que a 2.ª temporada não vai desapontar.
É impossível não dar o total e merecido destaque a Tennant e Sheen, que estão perfeitamente equilibrados na genial simbiose das suas performances. A particular vulnerabilidade que cada um confere à sua personagem é de mestre e a amizade que os atores partilham na vida real confunde-se com a cumplicidade que vemos no ecrã.
Está ainda mais bem explorado aqui, parece-me, o quanto os dois amigos de uma eternidade representam o que a humanidade tem de melhor. Adicionalmente, a razão pela qual a austeridade falha e o caos não nos serve a longo prazo torna-se clara com estes dois: são precisos ambos para prosperar na imperfeição.
Jon Hamm tem muito mais destaque nesta temporada, e bem. O arcanjo Gabriel é, desta vez, quem traz o mistério e o perigo à história e Hamm está mais do que à altura dos protagonistas. O uso reinventado do ator como quem descobre cores novas para a tela é indubitavelmente um dos pontos fortes da temporada.
Apesar de tudo, é importante assumir que não há amor como o primeiro e a complexidade e originalidade da história original dificilmente serão vencidas. É inegável, no entanto, que a 2.ª temporada não só não desaponta, como supera todas as expectativas. É irresistível o quanto queremos seguir este par improvável nas suas aventuras ao longo dos milénios – e esperemos que assim seja, enquanto a qualidade invejável da série se mantiver.
Frase da temporada:
“How much trouble can I get into just by asking a few questions?”
Melhor Episódio:
Episódio 5 – The Ball – É uma escolha verdadeiramente difícil, sendo todos os episódios de uma qualidade excecional. Será o quinto episódio, talvez, aquele em que podemos ter a melhor experiência de como todo o elenco brilha em uníssono.
Personagem de destaque
Crowley (David Tennant) – Só uma personagem e ator excecional se poderiam destacar de um grupo de estrondoso talento. Crowley e Tennant são excecionais.