Twisted Metal é uma nova série da Peacock que, embora não muito fiel à obra que lhe dá o nome (a série de jogos da Sony Interactive para a Playstation), se torna, por seu próprio mérito, um bom entretenimento, devido ao seu foco nas personagens, ao formato escolhido (30 minutos por episódio) e guião explicitamente bem conseguido.
Depois de um bug ou vírus ter devastado tudo o que era eletrónico, as grandes cidades expulsaram os criminosos e os que não obedeciam às normas e criaram muralhas, deixando tudo à sua volta, e o resto do mundo sem, lei. Deixando tudo o resto com carros e, bem, armas. O trabalho dos leiteiros (milkman) é servir de transportes entre essas cidades nesse mundo sem lei.
Para quem não conhece os jogos, é uma mistura entre Mad Max e Death Race, mas focado num Subaru WRX de 2002 chamado carinhosamente Evelin (ou EV3L1N, como diz a sua matrícula) conduzido por John Doe (Anthony Mackie), um milkman com amnésia que sonha ser mais que isso e viver sossegadamente o resto dos seus dias, mesmo que não se venha a lembrar do seu passado enigmático.
Com personagens como Quiet (Stephanie Beatriz), embrenhadas em dores pessoais e vingança; com vigilantes que tomaram a lei nas suas mãos a todo o custo como o Agente Stone (Thomas Haden Church); lunáticos homicidas e sem limites como Sweet Tooth (Joe Seanoa) e pessoas sem escrúpulos que farão de tudo para conseguirem o que querem, como Raven (Neve Campbell), a série conseguiu ter dez episódios de altas octanas, cheias de ação, momentos de crescimento de personagens e muito, muito humor.
De notar a banda sonora, que não avança mais que 2012, ano em que o bug “atacou”. Poderemos ouvir obras inesquecíveis (quer se goste ou não, são ícones do seu tempo) como Oasis, Cypress Hill, Sisqo, LEN, Portishead, Faith No More, Alice Deejay, entre outros. Destaque para três músicas singularmente bem escolhidas:
Melhor Episódio:
Episódio 8 – EV3L1N – Foi difícil escolher um favorito, mas como fã dos jogos, a quantidade de ação e ligações com o resto dos acontecimentos paralelos entre várias linhas do enredo dos primeiros sete episódios foi bem conseguida. Um bom twist emocional deixa ainda uma boa expectativa para o que virá depois no resto da temporada.
Personagem de destaque:
Jon Doe – Não só porque toda a história revolve à volta dele e da sua adorada Evelin, mas porque é a sua ambição, os seus sonhos e o que faz para o conseguir que ecoa tão bem em mim – e deverá fazê-lo com a maior parte das pessoas.
Aguardamos com alguma ansiedade que fique disponível em alguma plataforma de streaming ou canal de TV em Portugal, dado os múltiplos acordos que a Peacock tem com algumas cadeias para a Europa, para poderem também desfrutar desta divertida e bem conseguida adaptação televisiva.