A tão antecipada e temida 3.ª temporada de The Witcher chega-nos dividida em duas partes. A primeira composta por cinco episódios e a segunda com estreia no final de julho. Esta temporada é a última em que contamos com Henry Cavill (que será substituído por Liam Hemsworth) no papel de Geralt of Rivia e por isso deixa-nos um sentimento agridoce.
Esta primeira parte da temporada foca-se na história de Geralt, Yennefer (Anya Chalotra) e Ciri (Freya Allan) no seguimento do final da temporada anterior, na fuga deles e tentativa de permaneceram escondidos, até tomarem um papel mais ativo e mudarem de plano. Houve alguns indicadores mais positivos, mas alguns dos negativos mantiveram-se.
Começando pela parte positiva, sinto que tivemos acesso a um Geralt com um maior espectro de emoções do que apenas os habituais grunhidos. Vimos um Geralt com dúvidas morais, com emoções de felicidade. Sinto que Henry Cavill conseguiu trazer nesta temporada aquilo de que se queixava que o guião não lhe permitia antes, mostrar que o Geralt é uma pessoa complexa e com muitos pensamentos e emoções.
Jaskier é sempre uma boa lufada de ar fresco: é divertido e dá um ar diferente às cenas de ação em que está presente. Gostava de ter ouvido mais cantigas, nenhuma fez tanto furor como a Toss a Coin to Your Witcher.
As partes negativas honestamente são as mesmas que já transitam das temporadas anteriores e podemos dividir em dois grandes pontos. Primeiro, o andamento da série é louco. As coisas acontecem a um ritmo muito acelerado e nem temos tempo para processar o que está a acontecer. Há grandes saltos de episódio para episódio e quase parece que cada episódio foi realizado por pessoas diferentes que não tiveram acesso ao episódio anterior, apenas receberam “tem que acontecer isto” e por isso cada episódio tem o seu próprio estilo. Numa série que necessita de continuidade isto é mau; quebra o envolvimento do espectador. Se fosse um policial ou uma série de ação, aí sim precisaria deste ritmo alucinante, mas uma série de fantasia com um mundo tão rico e tão interessante precisava de um ritmo mais calmo e constante. Veja-se, por exemplo, Game of Thrones, onde a temporada começa sempre bastante calma e coerente e isso não impede que haja momentos de clímax e ação.
O segundo ponto é a falta de cuidado narrativo no contar da história. Não é preciso, nem gosto de um “Last episode…” recap, mas o enredo político está mal contado e explicado, no sentido em que caso não tenhas lido os livros e/ou jogado os jogos ficas confusos com as fações que existem e o que pretendem. Pessoalmente li e joguei, mas consigo perceber e concordo com esta crítica feita por quem não leu. Fazia falta um pouco mais de worldbuilding.
Por último, não sendo um ponto muito crítico, mas o CGI esteve terrível em determinados momentos. A cena onde a Ciri está a fugir a cavalo consegue-se perfeitamente perceber que é um cenário.
Estou curioso sobre como vão justificar a troca de atores, se vão simplesmente ignorar ou se vão fazer o Geralt passar por algo, ao estilo de Doctor Who, que fique muito magoado e tenha que voltar a tomar a poção dos Witchers ou um feitiço ou algo do género. Seja o que for, só deverá acontecer na 4.ª temporada, porque as filmagens da terceira já estavam concluídas quando foi decidida a saída de Cavill.
Melhor episódio:
Episódio 1 – Shaerrawedd – Esta escolha, infelizmente, foi bastante fácil. Este primeiro episódio foi de longe o melhor. É todo passado com Geralt, Yennefer e Ciri numa altura em que estão a fugir. O foco é a relação entre os três e no perdão de Geralt a Yennefer. Tivemos acesso a outro espectro do Geralt que foi bom de ver. Também gostei do formato de narração das cartas da Yennefer.
Personagem de destaque:
Jaskier (Joey Batey) – Esta escolha já foi um pouco mais díficil. Seria, para mim, entre Jaskier ou Geralt, mas acabei por decidir atribuir esta escolha a Jaskier, porque sempre que está no ecrã as cenas são mais interessantes e até divertidas, mesmo os seus dramas amorosos. O ator faz um belo papel e conseguiu captar a essência do que era o bardo, companheiro de Geralt na história original. Consegue trazer um elemento de reflexão, mas também de humor.