From chega-nos depois de uma surpreendente e inesperada 1.ª temporada cheia de reviravoltas e muitas questões a pairar no ar. Os cliffhangers deixados no final da temporada anterior eram promissores, prometiam uma continuação ainda mais complexa e deixavam adivinhar a chegada de novos personagens à vila mais caótica da televisão. Jack Bender, tendo participado na produção de várias séries dentro desta temática, como Lost e Under the Dome, sabe bem o que funciona e como as elevar ao próximo patamar, daí as expectativas altas para esta 2.ª temporada de From.

A mitologia da série expande-se bastante nesta temporada: junta árvores que funcionam como portais e visões a eletricidade vinda do ar, sonhos proféticos, teorias da conspiração, mudanças no clima numa vila até aqui parada no tempo, vozes na rádio e personagens enigmáticos, fazendo com que quem esteja a ver se perca completamente. Todos os episódios têm um novo acontecimento que nos deixa à beira do sofá, intrigados, de cabeça às voltas, mas sem fazer ideia do que ali realmente se passa. E é nisto que reside a verdadeira força da série. Para quem adora um bom mistério, é um deleite.

No entanto, aqui entra também o reverso da medalha, as respostas, ou melhor, a total ausência delas. Normalmente, neste tipo de séries, as perguntas tendem a ser muito melhores, porém, ao fim de vinte episódios, estamos tão perto de perceber alguma coisa como estávamos ao fim do primeiro. Vão aumentando as questões e não é dada qualquer tipo de explicação, pois cada vez que se pensa que algo está esclarecido, na realidade acrescentaram-lhe mais uma camada. Pode ser frustrante ou até aborrecido para quem tenha pouca paciência, agora se para ti o que importa é a viagem, então esta, até ver, merece ser percorrida.

O grande ponto fraco da 2.ª temporada de From continuam a ser os personagens. Os novos não acrescentam grande coisa. São muito estereotipados, excetuando Elgin (Nathan D. Simmons), que aparenta ter alguma conexão com a vila e que pode trazer algum vislumbre do que possa estar a acontecer através das recorrentes alucinações(?). Os restantes servem apenas para serem abatidos pelos “seres da noite” ou criar conflito entre os já existentes. O Xerife Boyd (Harold Perrineau) e Jade (David Alpay) continuam a ser as figuras com o melhor enredo; estão sempre no centro dos enigmas e são os que têm as experiências mais alucinantes. O que será aquele símbolo que Jade está sempre a ver? Fantasmas da Guerra Civil? Quem ou o quê terá puxado a tenda durante a noite? E, claro, o momento mais singular da temporada, toda a interação do Xerife com o “Velho” da masmorra. Que cena mais estonteante foi aquela?

Melhor episódio:

Episódio 2 – The Kindness of Strangers – Teve de tudo, “Velho” misterioso numa masmorra, caixa de música enigmática, confrontos entre os velhos habitantes e os recém-chegados, mortes pelos “seres da noite”. É um episódio recheado de momentos tanto de tensão como de estranheza, naquele que é o melhor resumo do que é a série.

Personagem de destaque:

Kenny (Ricky He) – De longe o personagem que mais evoluiu. Teve de se impor e tomar decisões difíceis para controlar uma população desequilibrada, dividiu-se entre a bondade inata e a sede de vingança pela morte do pai e viu a mulher por quem está apaixonado cair nos braços de outra pessoa. Passou de uma personalidade sem sal, apenas um bom menino, para um ser complexo muito mais interessante. Que bem lhe fez esta 2.ª temporada!

From foi renovada para uma 3.ª temporada, e obviamente que vou continuar a assistir, com esperança de que alguma luz se faça e que aquele final enigmático seja explicado: Tabitha (Catalina Sandino Moreno) conseguiu sair da vila ou acordou? Deixo-te com esta questão no ar, para fazer jus à série. Todos os episódios encontram-se disponíveis em Portugal na HBO Max.