No passado dia 2 de junho, chegou à Netflix a 3.ª e última temporada de Valeria, uma das minhas séries preferidas. Nesta nova temporada continuamos acompanhar as vidas das quatro amigas, Valeria (Diana Gómez), Lola (Silma López), Nerea (Teresa Riott) e Carmen (Paula Malia), enquanto se debatem com os obstáculos da vida adulta, tanto ao nível pessoal como profissional.

São então abordados vários temas interessantes, com que o espectador facilmente se identifica. Um deles é o das situationships, uma relação casual, indefinida, sem compromisso, em que algumas pessoas acabam por cair. Muitas vezes isto acontece por falta de comunicação entre os envolvidos e pode levar a sentimentos de frustração, que foi o que se passou com a nossa Valeria, que estava a sentir-se incomodada por toda esta indefinição e queria assumir uma relação séria de namoro com Victor, mas ele não. Havia então diferenças nas expectativas que acabaram por levar à dor. Vemos uma vez mais a nossa Valeria a crescer enquanto pessoa e a tomar decisões maduras e inspiradoras por ela.

Deparamo-nos também com o tema da discrepância entre os sentimentos de uma pessoa e outra quando começam a sair. A ansiedade de ouvir um “amo-te” demasiado cedo ou quando ainda não retribuímos o sentimento pode ser aterradora. São ainda abordados temas relacionados com o trabalho, a maternidade, a amizade e outros. No meio desta diversidade de temas, percebemos que esta temporada se foca numa busca da nossa definição de amor. Vemos cada uma das protagonistas a encontrarem o tipo de amor que querem para si.

Nesta temporada é bem visível o quanto as quatro amigas cresceram. Conseguimos vê-las a assumir responsabilidade pelos seus problemas e a tomar as rédeas para os ultrapassar. Ver este crescimento é um elemento inspirador para um público que enfrenta obstáculos não muito distintos.

Nesta 3.ª temporada, Valeria continua a ser uma série feel good e reconfortante para mim, apesar dos temas sérios abordados. Continua presente a boa música, cantada em espanhol, que me transmite tranquilidade. Na verdade, a música cantada em língua espanhola ganhou um novo significado depois de ver a 1.ª temporada de Valeria. Há séries que nos tocam o coração!

Concluo então que esta temporada conseguiu manter a qualidade apaixonante da série. A Netflix anunciou que Valeria vai ficar por aqui e acho que, por muito que tenha adorado a série, deve ficar por aqui. Não só por ter medo que perca qualidade, mas também porque considero que a historia teve um bom ponto final com esta ultima temporada. Chega então a hora de dizer adeus a esta série, que ganhou um lugar especial no meu coração.

Melhor episódio:

Episódio 4 – Eu Estava Lá – Neste episódio, as amigas partilham as suas vivências da adolescência, mais concretamente as primeiras vezes que se apaixonaram, depois de lerem um artigo que dizia que “o que acontece aos 30 foi decidido quando éramos adolescentes”. Ficamos a conhecer traumas da adolescência que acompanham as protagonistas no momento presente. Gostei muito de ficar a conhecer a versão adolescente de cada uma delas e de as ver a entender a ligação entre a pessoa que eram e a que são e a razão para agirem de certa forma.

Personagem de destaque:

Carmen (Paula Malia) – Apesar de Valeria e as outras protagonistas continuarem a mostrar muito crescimento enquanto pessoas, para mim quem se destacou nesta temporada foi Carmen. Enfrentou vários desafios que a poderiam facilmente ter levado a um burn out. Primeiro tem o seu próprio casamento para preparar, depois vê o volume de trabalho a aumentar exponencialmente. Para juntar à festa, descobre que tem um novo habitante no seu útero. Gostei de ver a forma como lutou para conseguir conciliar tudo isto. É uma mulher lutadora, com garra e nem todas teriam aguentado tudo isto em simultâneo. Mostra ideais feministas e mostra-se resiliente na luta pelos seus direitos como mulher. Há um momento de Carmen em específico que me fascinou. Carmen faz um “discurso” sobre as desigualdades entre o papel da mãe e o do pai e a injustiça na diferença daquilo que é esperado de cada um. Somos aqui alertados para este aspeto da sociedade que grita “patriarcado” e que necessita de ser desconstruído.