A minissérie Queen Charlotte: A Bridgerton Story é uma das prequelas mais esperadas do ano, disponível a partir de hoje na Netflix. O que se pode desejar de uma série dos mesmos criadores de Bridgerton que já, vezes e vezes sem conta, nos provaram ter uma enorme e excelente capacidade para escrever romances épicos, emocionantes e intensos? Não podíamos esperar menos do que aquilo que nos foi dado. Prometeram e cumpriram: a história de Charlotte (India Amarteifio) é, com todos os seus altos e baixos, frustrante e devastadora, mas de cortar a respiração.
Com apenas 17 anos e uma vida inteira pela frente, Charlotte, educada no seio da corte real alemã, vê-se obrigada a casar com o herdeiro do trono inglês, George III (Corey Mylchreest). Entre a espada e a parede e sem qualquer tipo de aviso ou preparação prévia, a jovem encontra-se sozinha com o irmão Adolphus (Tunji Kasim) num país estrangeiro onde não conhece ninguém, prestes a cumprir um dever que lhe determinará o resto da vida.
Imprudente, aventureira e assertiva, Charlotte tenta escapar do Palácio Real com o objetivo de evitar que a liberdade e vida que sempre conheceu lhe sejam roubadas. Contudo, um encontro inesperado com George faz com que reconsidere e pondere se uma vida ao lado deste jovem será tão sufocante e miserável quanto imaginara. A resposta foi imediata, mas será que tomou a decisão certa?
Narrada em dois tempos diferentes, Queen Charlotte é uma minissérie que nos leva a navegar pela vida deste jovem casal. Conta também com a presença dos atores originais da série Bridgerton, Golda Rosheuvel e James Fleet, que, respetivamente, dão vida a Charlotte e George numa idade mais avançada. Esta dupla narrativa faz com que fiquemos agarrados à história de uma forma quase desesperada. Ansiamos por saber o que acontece a seguir e, naturalmente, por saber qual é o desfecho do enredo.
Quem viu Bridgerton certamente recorda pequenos momentos de loucura por parte do Rei George e, por isso, entendemos que, algures na sua vida conjunta, este casal teve de aprender a lidar com esses episódios menos agradáveis e desafiadores. O que, muito possivelmente, não estaríamos à espera é que toda essa história nos partisse o coração aos pedaços, que nos queimasse a alma por dentro e nos deixasse em lágrimas ao fim de seis episódios repletos de discussões, surpresas e o amor mais puro que o universo de Bridgerton já viu.
É verdade, Queen Charlotte é, provavelmente, a história mais bonita, altruísta e emotiva deste universo. Prende-nos ao ecrã, faz-nos estar sentados durante quase sete horas em frente à televisão para beber esta narrativa e estas personagens de forma absolutamente animalesca.
Queen Charlotte conta também com a presença de personagens que já conhecemos, como é o caso de Lady Danbury, interpretada por Arsema Thomas e Adjoa Andoh, e Violet Bridgerton, interpretada por Connie Jenkins-Greig e Ruth Gemmell. Adicionalmente, conhecemos também uma versão mais nova e absolutamente adorável de Brimsley (Hugh Sachs), interpretado por Sam Clemmett. Um dos pontos fortes desta série é, indubitavelmente, a atenção ao detalhe e o foco dado a cada personagem: de Brimsley a Lady Danbury, todos têm a sua história para contar. É inegável a perícia com que estes criadores abraçam e traçam estas narrativas. É notório o cuidado, a entrega e a paixão que têm por estas personagens e por contar as suas histórias de forma despida e atenta.
Charlotte e George estão agora no topo da minha lista de romances mais épicos porque, no final de contas, não há nada mais bonito do que sacrifício, do que nos mostrarmos como somos àqueles que amamos. Não há nada mais bonito do que ser-se honesto, do que nos entregarmos de corpo e alma àqueles que se entregam a nós da mesma forma.
A minissérie Queen Charlotte elevou ainda mais as expectativas e, com a 3.ª temporada de Bridgerton quase a bater-nos à porta (ainda sem data), estamos ansiosos para ver o que é que aí vem!
Melhor Episódio:
Episódio 2 – Este é o episódio em que Charlotte e George começam, verdadeiramente, a conhecer-se e é o episódio em que nos apercebemos de que a história destes dois jovens vai muito além de uma história de amor banal. As ironias, as piadas e os sorrisos são suficientes para nos deixar o coração aos saltos.
Personagem de Destaque:
Lady Danbury (Arsema Thomas) – O meu tipo de personagem preferido é, sem dúvida, aquele que, inicialmente, parece passar despercebido, mas que rapidamente se torna crucial, um elemento chave para todo o desenrolar da história. A jovem Lady Danbury fez isso mesmo: falou-nos de família, de dever, de amor, de luto e de paixão de formas arrebatadoras, fez-nos viajar pelo reino, pelos mexericos e pelas suas amizades e relações de uma maneira única, que nunca antes tinha sido possível.