Stonehouse é uma minissérie baseada em factos reais que estreou em janeiro e chega hoje à plataforma Filmin. A série, ao longo dos seus três episódios, percorre o escândalo ocorrido em 1974 protagonizado pelo deputado britânico John Stonehouse (interpretado por Matthew Macfadyen) em que este numa viagem a Miami forja a sua morte.
Ao longo dos três episódios, a trama vai se apresentando de forma calma, de modo a que não se verifique nenhum momento de suspense ou que de certa forma nos surpreenda, sendo isto compensado pelo figurino e aparência dos atores que foram muito bem concebidos de modo a estes se assemelharem às figuras públicas que estavam a interpretar. Quem conhece o caso repara que existem factos que foram omitidos ou alterados, tal como por exemplo a primeira tentativa mal sucedida de forjar a morte (omitida pela série) ou a incompetência de Stonehouse que na minissérie é maior do que na vida real. Este facto parece ter ocorrido de modo a dramatizar e/ou trazer um pouco de comédia à série, de modo a apresentar um protagonista natural cómico pela forma como lida com as coisas e por ser tão mau num trabalho que poderia ser mais fácil do que este demonstra. Esta dramatização/ironização não é surpreendente pois tal como é informado no início de cada episódio existe uma dramatização dos eventos.
Por vezes quando vemos uma série de espiões podemos pensar que é uma profissão que não é para qualquer um e o primeiro episódio desta minissérie confirma isso, mostrando-nos a incompetência de John enquanto espião (na vida real esta informação de que terá sido um espião da república checa foi sempre desmentida por John Stonehouse e atualmente pela sua filha) nos momentos em que o vemos a dar informações totalmente inúteis ao governo checo.
Apesar de a narrativa não ser necessariamente surpreendente esta mostra-se interessante, principalmente para quem tem interesse em História e se entretém a ver séries e filmes baseados em casos reais. O facto de ser livremente baseada nos factos, não altera em nada a realidade pois como podemos verificar numa rápida pesquisa online, apenas ocorreu uma liberdade criativa para acrescentar detalhes que não são do domínio publico tal como por exemplo a forma como John conta à sua família que vai de viagem para Miami ou a forma como a sua esposa e filhos lidaram com a noticia da sua morte ou a alteração da vida profissional de John (em que ao contrário do que vemos na série, John era conhecido por ser um excelente político e chegou a ser considerado um promissor candidato a primeiro-ministro), para além destes detalhes verifica-se tal como referido anteriormente a omissão de alguns factos, mas que se verificam uma boa decisão devido à natureza dramática da série.
Concluindo a minissérie Stonehouse revela-se uma excelente adaptação de um caso real para a ficção, uma vez que, mantendo-se fiel aos eventos históricos, foi capaz de montar uma história dramática sobre a forma como a queda é mais rápida do que a ascensão e ao mesmo tempo de certa forma cómica, tendo para isso de modificar apenas um pouco a personalidade do protagonista de modo a criar um homem que apesar de nem sempre parecer saber exatamente o que está a fazer, tenta o fazer mesmo que posteriormente se revele uma má decisão.
Melhor episódio:
Episódio 1 – Este episódio pode ser considerado o melhor por ser o primeiro e como tal é o responsável por ambientar a série na época e apresentar as personagens, mostrando logo aí a personalidade do protagonista e rapidamente foca-se em apresentar o primeiro escândalo relacionado com Stonehouse (acusações de espionagem) mostrando de forma criativa a forma como terá começado e se desenvolveu mesmo antes de vir ao conhecimento do público e segue a narrativa até à apresentação da ideia de forjar a morte que é concretizada nos episódios seguintes.
Apesar de optar por dar destaque a este episódio, poderia ter optado por outro, uma vez que, a narrativa desenrola-se apenas como uma espécie de continuação de eventos intercalando-se com saltos temporais, de modo, a que captar o máximo de pormenores possíveis sobre o caso, de tal forma que a minissérie poderia ter sido apresentada como um filme ou documentário de 2h30/3h em vez de estar dividida em episódios
Personagem de destaque:
Apesar da minissérie ter diversas personagens com potencial o destaque terá de ir para o protagonista por estas não terem tempo suficiente para se destacar na série, uma vez, que a maioria das vezes que aparecem ou estão a conversar com John ou têm uma cena muito curta. Como tal antes de falar da personagem em destaque gostaria de referir as personagens Barbara Stonehouse (Keeley Hawes), Sheila Buckley (Emer Heatley) e o primeiro ministro Harold Wilson (Kevin McNally) que se a série tivesse mais episódios garantidamente se iriam destacar.
John Stonehouse – Mais uma vez sou obrigado a elogiar a forma como Matthew Macfadyen dá vida ao protagonista, que consegue brilhantemente dar vida a esta versão de Stonehouse que graciosamente falha até em coisas que nos podem parecer relativamente simples( passagem de informação confidencial ao governo checo) e que poderia correr o risco de irritar o espetador, mas de alguma forma resulta neste brilhante personagem que falha comicamente nos seus objetivos desde ao caso de espionagem que referi anteriormente à execução dos seus negócios(que é dado entender ao espetador que não vai correr como planeado) que apesar deste não perceber o que os sócios estão a dizer, age como se estivesse a compreender e reage como qualquer um de nós reagiria quando não percebemos algo e não queremos admitir, ou seja, a sorrir e acenar ou colocando conversa que não tem nada a ver com o assunto.
Por último queremos agradecer à Filmin por nos ter fornecido screeners da minissérie para a podermos ver antes da sua estreia oficial na plataforma.