A 2.ª temporada de Sexify chegou à Netflix a 11 de janeiro, deixando-me muito feliz, já que tinha gostado muito da 1.ª temporada, segundo a qual também tinha escrito uma review no passado.
Esta nova temporada é uma bela continuação dos acontecimentos da primeira e posso já dizer que cumpre bem a função de dar continuidade à história, mantendo o espectador interessado na trama. Também me agrada bastante ver uma série em língua polaca ter uma popularidade considerável, fugindo ao standard das séries em língua inglesa, mas também porque tenho um especial gosto e interesse em ouvir línguas que não domino.
As três amigas Natalia (Aleksandra Skraba), Paulina (Maria Sobocinska) e Monika (Sandra Drzymalska) enfrentam novos obstáculos, não só ao nível do desenvolvimento e lançamento da sua app Sexify, mas também ao nível romântico e familiar. Veem-se obrigadas a pôr à prova a sua resiliência, pensamento e originalidade, numa missão de salvamento da sua app, que se traduz numa luta pelos ideais feministas.
Há vários e importantes temas presentes nesta temporada, alguns diferentes daqueles que vimos na primeira. Um deles é a masculinidade tóxica. É evidente a pressão social que os homens sofrem para serem aquilo que a sociedade entende por “homens a sério”. Esta pressão leva a mentiras e à criação de uma imagem de si mesmos que não é a verdadeira, apenas para que sejam aceites junto dos outros. Fruto deste problema, as nossas protagonistas percebem que os homens não querem falar sobre os seus problemas, o que dificulta a sua missão de ter uma app que também ajuda os homens num contexto sexual.
Assistimos também à presença da temática das fantasias sexuais, algo que a série retrata como algo muito difícil de revelar principalmente para indivíduos do sexo masculino.
Ao mesmo tempo que enfrentam esta e outras ameaças, todas enfrentam problemas de naturezas várias, sejam financeiros ou de intimidade, que se podem traduzir na dificuldade em ter uma relação sexual ou no sufoco de não ter casa. No entanto, estão dispostas a tudo para encontrar as respostas que procuram e acreditam que se irão traduzir no sucesso da sua aplicação.
A nova temporada de Sexify é constituída por oito episódios de aproximadamente 40 minutos, tornando-se fácil de ver, leve e divertida. Os efeitos sonoros assentam na perfeição no enredo, acentuando a componente sensual e sexual presente em toda a série. Além disso, repetem-se tanto que, se um fã da série os ouvir isoladamente, vai automaticamente associá-los a Sexify. A frequente presença de cores rosadas é também um fator atrativo nas cenas e confere-lhes mais intensidade.
Esta 2.ª temporada de Sexify cativa o espectador e aborda temas interessantes e importantes da sexualidade no mundo contemporâneo, com um foco especial no feminismo e no empoderamento da mulher. No entanto, na minha opinião não chega ao nível da temporada anterior. Além disto, também não me agradou a forma como terminou. Tudo pareceu um pouco forçado e apressado, para não falar de que é no mínimo irónico e até um pouco triste ver uma série que passa duas temporadas a focar-se no empoderamento da mulher terminar com um certo domínio do patriarcado, que apareceu para salvar o dia.
Concluindo, apesar dos seus pontos negativos, sou da opinião que é uma série que vale a pena ver, principalmente para quem goste de saber mais sobre estas temáticas, que aqui são retratadas de uma forma leve e solta.
Melhor episódio:
Episódio 7 – É um episódio em que depois de uma grande derrota, cada uma das três protagonistas entra numa pequena viagem de autoconhecimento e autorreflexão, em busca da sua identidade.
Personagem de destaque:
Rafal (Kamil Wodka) – É uma personagem secundária, mas que conquistou um lugar importante nesta temporada. Começa a temporada como uma pessoa altamente machista, mas que se vai desconstruindo episódio a episódio até que nos apresenta uma ideia genial que promete conjugar de forma harmoniosa e livre de preconceitos os mundos da tecnologia e sexualidade.