Élite – Review da 6.ª Temporada
| 13 Fev, 2023
6.75

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Contrariando o que todos nós achamos – isto porque a maioria considera que Élite deveria ter terminado na 3.ª temporada, eu incluída! -, encontra-se disponível na Netflix a 6.ª temporada da série espanhola. Dessa forma, foi possível seguir, por mais oito (longos) episódios, as vidas de Ari (Carla Díaz), Mencía (Martina Cariddi), Patrick (Manu Ríos), Isadora (Valentina Zenere), Iván (André Lamoglia), e Cruz Carvalho (Carloto Cotta), seu pai. Já sem nenhum dos personagens iniciais, como o caso de Samuel (Itzan Escamilla), Omar (Omar Ayuso), Rebeka (Claudia Salas) e Cayetana (Georgina Amorós), juntam-se então as histórias do casal de influencers Sara (Carmen Arrufat) e Raúl (Álex Pastrana), a de Rocío (Ana Cristina Bokesa), Dídac (Álvaro de Juana) e Nico (Ander Puig), um personagem transgénero.

Embora esta 6.ª temporada não faça jus ao que a série foi outrora, nas temporadas iniciais, e ainda que considere que Élite não tem maturidade suficiente para abordar alguns temas – já para não falar que é difícil recuperar o interesse no enredo e nas personagens dado o anterior direcionamento que lhes foi dado -, o certo é que das três últimas temporadas esta mostrou ser ligeiramente melhor. Ainda que os plots continuem algo questionáveis, a verdade é que esta temporada focou-se efetivamente num maior desenvolvimento/aprofundamento da narrativa/personagens e não tanto em cenas de sexo. Elas continuam lá, mas não são o centro da história.

A temporada começou logo com o atropelamento de Iván, o que nos levava a crer que seria ele a morte desta temporada. Ainda que este mistério se tenha prolongado até praticamente ao final da temporada, momento em que nos começa a ser revelado o que verdadeiramente aconteceu, o real assassinato dá-se no 4.º episódio, quando Cruz é espancado até à morte. Embora nunca tivesse simpatizado muito com o personagem e considere que existem muitos problemas na narrativa de Élite, especialmente no que concerne temas como este, é impossível ficar indiferente à problemática aqui demonstrada. Contudo, mesmo tendo tido um desfecho tão cruel, que infelizmente ainda representa uma realidade e me fez ficar com um nó no estômago, gostei bastante do momento em que Cruz, numa conferência de imprensa, refere que é jogador de futebol e homossexual. Independentemente da qualidade da história de Élite, é inegável a importância desse momento.

Relativamente a Iván e Patrick, após eu conseguir ignorar totalmente o passado atribulado deles e começar a acreditar que poderiam realmente começar a ter um bom relacionamento, Élite mostra mais uma vez a sua preferência por sustentar casais tóxicos. Mesmo que eu tentasse dar um desconto a Iván dado o sofrimento que estava a passar pela morte do pai, aquilo não é forma de tratar ninguém. Mas mais do que a forma como Iván tratou Patrick, foi a forma não só como Patrick aceitou, como ainda insistia em continuar com Iván. Inúmeras foram as vezes em que deitei as mãos à cabeça e quis dizer a Patrick que ganhasse amor próprio e se libertasse de uma vez por todas daquela situação. Já para não falar do quão preocupada fiquei com aquela cena em que Patrick vai até casa de Iván e começa a beijá-lo, sendo que Iván não estava bem ciente do que se estava a passar.

Como se tudo isto já não fosse mau o suficiente, Iván ainda se envolve novamente com Ari, que fica grávida. A par dos seus envolvimentos amorosos, através da sua personagem é também explorada a problemática do vício do álcool. Ora, tendo a escola já passado por imensos escândalos e assassinatos e estando Ari a lidar com a morte do namorado (algo que, honestamente, não esperava e que o início da temporada também não fazia crer) e a prisão do pai, acusado de ser o assassino, alguém me explica como é que esta personagem não está a receber acompanhamento psicológico?

O certo até era todas as personagens receberem esse acompanhamento, mas eu já me contentava – especialmente porque acredito que Élite também não tem maturidade e/ou ferramentas suficientes para tal – se somente Ari e Isa fossem acompanhadas. Definitivamente, a par de Ari, alguém que precisava bastante de acompanhamento era Isa, principalmente depois do que passou.

Quanto aos novos personagens, considero que foram boas adições à história. Sara e Raúl vivem um relacionamento abusivo que me deixou bastante receosa ao longo desta temporada. E embora não perceba muito bem o que Nico viu em Ari, permite retratar situações importantes.

Com a saída de Ari, Mencía e Patrick, não sei honestamente o que Élite nos reserva mais. Sabemos, no entanto, que Omar estará de volta. Não obstante, enquanto a nova temporada não sai, pode-se sempre ver a nova série indiana Class, que é baseada em Élite, e que se encontra disponível também na Netflix.

Melhor Episódio:

Episódio 8 – Ficámos a saber quem atropelou realmente Iván: Sara e não Mencía. É algo que honestamente não esperava, pois em momento nenhum, após revelarem que tinha sido Mencía, duvidei que pudesse ter sido outra pessoa. Isadora finalmente viu os seus violadores serem presos, algo que já deveria ter acontecido no início da temporada. Aliado a isto, e dado que já está confirmada uma 7.ª temporada, o episódio termina com um cliffhanger, algo que, apesar de ser previsível, também me surpreendeu.

Personagem de Destaque:

Isadora – Embora não tenha simpatizado muito com ela no início da temporada anterior e não concorde plenamente com algumas das decisões tomadas nesta 6.ª temporada de Élite, é impossível ficar indiferente à sua história e ao desenvolvimento da sua personagem. Confesso que estava com receio da direção que lhe iam dar, especialmente tendo em conta o tema abordado; e embora ache que muita coisa poderia ter sido mais bem trabalhada, a verdade é que, no final, até nem foi assim tão mau como eu achava, o que acabou por surpreender bastante. Além disso, de todas as personagens, foi com quem me consegui importar mais nesta temporada.

Temporada: 6
Nº Episódios: 8
6.75
6.5
Interpretação
6.5
Argumento
7
Realização
7.5
Banda Sonora

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