No início do mês de dezembro chegou à Netflix a primeira parte da 2.ª temporada de Firefly Lane, uma série que tem como tema principal uma amizade de longa data entre duas mulheres, retratando vários momentos da sua amizade ao longo dos anos, desde a sua pré-adolescência até ao momento presente, a casa dos 40.
A 1.ª temporada convenceu-me desde o início e a capacidade que a série tem de nos deixar curiosos e de nos manter interessados só ajudou à festa. Além disto, a temporada termina com bastante drama e deixa várias perguntas no ar, que esperamos ver respondidas na última parte da temporada.
A 2.ª temporada de Firefly Lane começa no ponto onde terminou a anterior: no funeral do pai de Kate, dando-nos alguma informação para começarmos a tentar chegar às nossas respostas. Tudo indica que Kate (Sarah Chalke) e Tully (Katherine Heigl) se separaram, mas o que está por descobrir é o motivo, o que realmente se passou entre elas e não nos foi contado na 1.ª temporada. Durante esta temporada, é dado ao espectador cada vez mais contexto do passado, bem como desenvolvimento no presente, preparando-o para encontrar as respostas por que espera ansiosamente. Percebemos que nos estamos a aproximar da verdade, o que nos deixa cada vez mais interessados e este é um ponto muito forte da série.
Outro ponto muito positivo é a capacidade de criar, no espectador, um sentimento de empatia pelas personagens principais. Por exemplo, ao retratar os obstáculos que se atravessam no caminho de uma amizade e a dificuldade em manter uma relação deste tipo saudável. Como nos mostra a série e a escola da vida, quer queiramos quer não, muitas vezes acabamos por magoar o outro. Vemos também como é complicado ter um cuidado constante com as consequências das nossas ações no outro. Nem sempre conseguimos pensar no outro quando estamos tão embrenhados nos nossos problemas e dilemas. Esta foi uma das temáticas mais interessantes para mim, mas muitas outras são abordadas no decorrer dos episódios, como violação, amor, mentira, trabalho, sonhos, confiança, desconfiança, maternidade, sofrimento, arrependimento, perdão. Além de tudo isto, deparamo-nos com as mudanças que o crescimento acarreta. Na verdade, acompanhamos três fases da vida destas duas mulheres e conseguimos ver a sua evolução ao longo dos anos e a influência que a sua idade e experiências podem ter nas suas atitudes.
É uma série que traz conforto e companhia ao espectador, mas com qualidade. O drama e a comédia aliados ao mistério criado e às personagens profundas convidam-nos para uma experiência bastante agradável e enriquecedora. Também a banda sonora contribui para este bem-estar, trazendo músicas animadas e de acordo com a época retratada em cada cena.
Os episódios da segunda parte da 2.ª e última temporada de Firefly Lane estão previstos estrear em 2023.
Melhor episódio:
Episódio 9 – Hart Shaped Box – É o último episódio desta primeira parte. Um episódio muito emocional, que nos deixa com as emoções à flor da pele, enquanto assistimos a dois corações destroçados a lutar nas suas próprias vidas, agora afastados. Vemos o sofrimento nas duas e desejamos que chegue ao fim e possam reconciliar-se. É um episódio muito triste, mas cativante.
Personagem de destaque:
Tully Hart (Katherine Heigl/Alissa Skovbye) – Nestes episódios vemos Tully travar lutas, tanto na idade adulta, como mais nova. Tornam-se evidentes certos traumas e bloqueios, mas também assistimos à forma como arranjou ferramentas para os tentar ultrapassar. São retratadas as dificuldades por que passa e vemos as suas verdadeiras intenções, que quase sempre são boas, mesmo que o resultado das suas ações nem sempre o pareça à primeira vista.