Pôr do Sol – Review da 2.ª temporada
| 08 Set, 2022
7.85

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Parece que a época da cereja chegou ao fim e com ela o melhor e mais conturbado Pôr do Sol. Se a 1.ª temporada foi um êxito, a segunda não ficou atrás.

Quem seguiu religiosamente a 1.ª temporada e ansiava pelo seu regresso, com certeza sabia com o que contar, mas o que é certo é que esta temporada veio para partir tudo. Quantos foram os filhos e as filhas abandonadas, quantos os estalos e os arrependimentos! O drama não podia ser maior. Nesta edição nota-se um exagero máximo de tudo o que já havíamos visto anteriormente. Ainda assim, ao longo desta edição somos presenteados com inúmeros momentos inesperados que me fizeram questionar o seu sentido, mas que me deixaram boquiaberta: a mudança de cara de Maria da Piedade, a morte de Filipa tão precoce no enredo, a morte do engenheiro Eduardo… Podia enumerar mais uns quantos, mas continuemos.

As personagens que esta temporada introduz foram bem mais do que estava à espera, pelo que surgiram bastantes mais pontos de fuga do enredo original que vieram construir uma narrativa mais complexa, mas nem por isso menos bem elaborada.

A série mantém a sua sofisticação e ousadia nas piadas que elabora. São construídas de forma inteligente, com referência a tópicos atuais e estereótipos interessantes com os quais joga e desconstrói. No entanto, em algumas ocasiões, senti que as piadas foram um pouco forçadas e mais previsíveis do que desejaria.

Todo o elenco é fantástico, mas de entre as novas personagens devo destacar duas em especial. Primeiro, a ceguinha Salomé, interpretada pela talentosa Gabriela Barros, que merece todos os aplausos por se desdobrar nas três irmãs gémeas que, parece-me a mim, o público português tão cedo não esquecerá. Em segundo, Jorge, interpretado por Lourenço Ortigão, que, num registo bastante fora daquele em que costumamos vê-lo, teve uma bela prestação enquanto coxo do bairro.

Há que louvar a escolha do plano final da temporada, que termina com um dos gestos mais icónicos desta série. Boa escolha!  

De um modo geral, esta foi uma boa temporada, mas que fica aquém da primeira. A meu ver (e porque foi o que senti), as expectativas alimentadas pela temporada anterior acabam por arruinar um pouco a experiência desta segunda. Não acho, no entanto, que tenha sido um erro a exibição de uma 2.ª temporada de Pôr do Sol. Foi uma ótima forma de pôr, mais uma vez, à prova a recetividade do público português e a própria capacidade criativa dos argumentistas e está à vista de todos que esta foi uma escolha acertada. Porém, se uma 2.ª temporada já foi um desafio, uma terceira seria ainda mais arriscada e talvez por isso os criadores tenham optado, e bem, por ficar por aqui. Acredito que foi com isto em mente que os argumentistas decidiram dar tudo nesta última temporada, visto que não tinham nada a perder.  

A brincar, a brincar, esta tornou-se uma brilhante sátira capaz de pôr qualquer um de bom humor e é, mais uma vez, a prova de que em Portugal se podem fazer projetos de grande qualidade.

Podes ver ou rever a 2.ª temporada de Pôr do Sol na RTP Play.

Personagem de Destaque:

Salomé – Terei de eleger como personagem de destaque Salomé. É engraçado, porque inicialmente achei esta personagem um tanto irritante, mas aos poucos tornou-se muito engraçada para mim, pela forma do seu choro desesperado. E, convenhamos, quem não gostaria de ter o seu dom?

Melhor episódio:

Episódio 6 – Se tivesse de escolher um episódio para destacar, seria o episódio 6. Sinto que foi dos episódios com maior caráter humorístico, cujas piadas estavam bem distribuídas. Para além disso, foi marcado por vários eventos significativos para a narrativa (o atentado no batizado de Vicente e o encontro entre Filipa e Simão).

Os créditos da imagem pertencem a Pedro Sadio – Coyote Vadio.

Temporada: 2
Nº Episódios: 20
7.85
9
Interpretação
7
Argumento
7.5
Realização
8
Banda Sonora

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