O nosso trio favorito, Mabel (Selena Gomez), Charles (Steve Martin) e Oliver (Martin Short), voltou para uma 2.ª temporada de Only Murders in the Building, desta vez para tentar descobrir efetivamente quem assassinou Bunny (Jayne Houdyshell) e, dessa forma, provar a sua inocência. Confesso que embora tenha gostado mais da 1.ª temporada e admita que estava à espera de que a ideia da detenção do trio e da existência do podcast denominado Only Murderers in the Building fosse mais explorada ao longo dos episódios, já para não falar que alguns plots, quer da temporada anterior, quer desta, acabaram por ficar meio “esquecidos”, não deixo de considerar que esta 2.ª temporada foi boa, especialmente tendo em conta todas as reviravoltas e revelações que, a meu ver, foram ligeiramente melhores que na temporada anterior.
Estas revelações – mais do que fazerem a história avançar e/ou espantar (e, em alguns casos, divertir) o expectador – permitiram, na generalidade, um maior aprofundamento das personagens que, por sua vez, permitiu um melhor conhecimento das mesmas e isso, sem dúvida, foi um dos pontos fortes desta temporada. É certo que isso já acontecia na temporada anterior, mas penso que nesta isso foi ainda mais visível.
Começamos pelo quadro que se encontrava na posse de Bunny e que retratava o pai de Charles com uma mulher, de nome Rose, num momento íntimo. Este quadro, para além de servir de possível razão para o assassinato de Bunny – dado não só o seu elevado valor monetário e o facto de haver alguém interessado nele, tanto é que foi usado, de certa forma, para tentar incriminar Charles – serviu também de mote para conhecermos, através de flashbacks, o pai de Charles, a relação entre eles e até a sua ligação com o mundo da atuação. De igual modo, foi através da existência deste quadro que ficámos a saber a história de Rose, também ela envolta em mistério, dada a sua suposta morte.
Ainda em relação a Charles, tivemos o aparecimento de Lucy (Zoe Margaret Colletti), aquela que foi a sua enteada durante algum tempo. Esta adição à história permitiu não só ao trio descobrir informações importantes que os ajudaram a deslindar todo o caso – como o facto de existirem passagens secretas no prédio e o assassino, enquanto abandonava o local do crime, ter espirrado -, mas também conhecer mais da história de Charles e ver um pouco do seu lado paternal. É verdade que já tínhamos tido um pequeno vislumbre desse lado na temporada anterior (quando nos foi dado contexto sobre a existência de Lucy e através da dinâmica com Mabel), mas com a interação efetiva entre Charles e Lucy tornou-se ainda mais notório.
Quanto a Mabel, para além de não se lembrar de praticamente nada do que sucedeu nos momentos finais de Bunny – o que a levou a considerar que poderia ter sido efetivamente ela a cometer o crime -, inicia também uma espécie de relacionamento com uma nova personagem, Alice (Cara Delevingne). Embora tenha gostado do facto de Mabel ser bissexual – e de não terem usado isso como base para uma possível discórdia entre o trio -, a forma apressada como desenvolveram a relação delas acabou por não me agradar de todo. O que é pena, porque acho que era algo com bastante potencial, mas que acabou por não ser bem aproveitado. No que diz respeito ao mistério, Alice até foi um bom engodo. Inclusive, fiquei de coração nas mãos quando ela supostamente esfaqueou Charles, pois cheguei a acreditar que era mesmo verdade.
Por falar em mistério: afinal, quem matou Bunny e porquê? A resposta é Poppy White (Adina Verson) – ou melhor dizendo, Becky Butler, a assistente de Cinda Canning (Tina Fey) e a rapariga cujo suposto assassinato foi resolvido por Cinda no seu podcast de sucesso, All Is Not OK In Oklahoma. Este era o podcast que o nosso trio acompanhava na 1.ª temporada e que, de certa forma, os juntou e lhes deu a ideia para começar um podcast por conta própria.
Poppy teve a ajuda do seu namorado, Detetive Kreps (Michael Rapaport), também conhecido como Glitter Guy. A razão por detrás deste crime prende-se essencialmente com a vontade de Poppy querer ser notada por Cinda – dado que esta não lhe dava o devido valor – e fazer também um bom podcast. Aliado a isso, também se pretendia uma promoção por parte do Detetive Kreps, sendo que a ideia seria ele resolver o caso ao acusar, injustamente, o trio.
Confesso que até ao final não tinha nenhuma teoria/ideia quanto ao assassino de Bunny e à razão por detrás deste, pelo que a série conseguiu enganar-me, e bem, quando tentou fazer crer que tinha sido Cinda ou Alice. Ainda que o desenvolvimento do mistério, em alguns momentos, não me estivesse a convencer muito, definitivamente que este desfecho, e a ligação com parte da história apresentada na 1.ª temporada, compensou e muito. Se assim não fosse, Only Murders in the Building iria ficar muito aquém das minhas expectativas.
Uma 3.ª temporada já está confirmada e, dado aquele final, não sei muito bem o que esperar. No entanto, tenho a expectativa que consigam aliar os pontos fortes da 1.ª temporada, como a excelente construção, com os da 2.ª temporada, como as surpreendentes revelações/reviravoltas. Se assim for, terá tudo para ser uma excelente temporada.
Melhor Episódio:
Persons of Interest (Episódio 1) – Embora o episódio final também tenha sido bastante bom, acabei por escolher este pura e simplesmente porque, para além de ter sido um bom começo, transmitiu-me uma espécie de sentimento de nostalgia. Ainda que tenhamos esperado pouco tempo entre as estreias da 1.ª e da 2.ª temporada, definitivamente que já sentia falta do trio.
Personagem de Destaque:
Oliver Putnam – Embora Oliver sempre tenha sido extremamente divertido e importante – e a série não seria de todo o mesmo sem ele -, do trio era o personagem que menos apreciava. No entanto, isso alterou-se, e muito, nesta 2.ª temporada. Ainda que se tenha mantido fiel a ele mesmo, gostei bem mais dele nesta temporada, tanto a nível individual, como na dinâmica com Charles e Mabel. Aliado a isso temos uma das grandes revelações desta temporada: afinal Will (Ryan Broussard) não é seu filho, mas sim de Teddy (Nathan Lane). Honestamente não estava à espera disso, tanto é que acreditei nele quando disse que o resultado tinha indicado que era efetivamente o pai de Will. Tudo isso fez com que não houvesse dúvidas absolutamente nenhumas quanto a quem queria escolher como personagem de destaque.