No dia 20 de abril e três anos depois da estreia da 1.ª temporada, chegou à Netflix a 2.ª temporada de Russian Doll, uma série fantástica em que reina o humor negro. Continuamos, assim, a acompanhar Nadia (Natasha Lyonne) enquanto é afetada por mais fenómenos inacreditáveis.
Esta temporada inicia-se quatro anos depois do final da anterior, poucos dias antes do 40.º aniversário de Nadia. Depois de, na 1.ª temporada, Nadia e Alan terem conseguido impedir a morte um do outro, tudo parece tranquilo até que, inesperadamente, Nadia vai parar aos anos 80 ao corpo de uma familiar. “Que tal esta emergência? O universo encontrou algo pior do que a morte,” é esta a frase que usa para explicar a Alan o que se passou com ela. A estação de comboios transforma-se numa espécie de portal e leva-os em novas viagens de emoções e no tempo. São os dois misteriosamente levados ao passado, nomeadamente aos anos 40, 60 e 80, a corpos e vidas dos seus antepassados.
Tal como na 1.ª temporada Nadia e Alex ficaram presos no dia da sua morte devido a assuntos dos seus passados mal resolvidos, é também esta a razão para, quatro anos depois, estarem constantemente a viajar no tempo. Esta temporada centra-se mais em Nadia, na sua família e no seu passado. A protagonista tenta desesperadamente mudar o passado, corrigindo antigos erros familiares. Será uma decisão sensata?
Interpreto toda a temporada com uma metáfora para uma ânsia de controlo e de encontrar respostas, mas, como é de conhecimento geral, há certos acontecimentos do passado que tanto Nadia como Alan procuram perceber. Principalmente Nadia, que leva a cabo investigações, analisando vários locais, objetos e pessoas, o que acaba por conferir à série uma componente policial e de mistério. No entanto, esta nossa protagonista está convencida de que conseguirá mudar e controlar certos aspetos.
Os comboios e a música clássica desempenham um importante papel no conjunto de atividades que compõem a trama. Além da música clássica, está também presente música de qualidade de outros géneros, como rock e pop dos anos 60. Encontramos ainda algumas canções conhecidas, como “Shine On You Crazy Dimond”, dos Pink Floyd, “99 Luftballons”, de Nena, e “Personal Jesus”, dos Depeche Mode. Portanto não me posso queixar relativamente à banda sonora. Para além disto, os efeitos sonoros transmitem a ideia de algo surreal. É uma série visualmente bonita que faz uso da conjugação de cores escuras, com o vermelho e laranja do cabelo ruivo da protagonista e de alguns cenários.
Relativamente à 1.ª temporada, diria que a série conseguiu manter a qualidade, com o pequeno senão de ter uma trama um pouco mais confusa, com muito a acontecer. Também não gostei muito que tivessem tirado protagonismo a Alan. No entanto, recomendo a quem gostou da temporada inicial que veja esta também, já que a personalidade espetacular da nossa protagonista continua aqui bem presente. Aliás, é ela a alma da série e o seu sentido de humor alimentado pelo sarcasmo é aquilo que nos agarra ao ecrã ainda mais do que a própria trama.
Personagem de destaque:
Nadia (Natasha Lyonne)– Nadia aproxima-se agora dos 40, mas continua a ser a nossa inteligente engenheira de software, muito badass e ligeiramente depressiva. É amante do humor negro e da ironia. É estrondosamente direta e pragmática. Tem dificuldade em lidar com sentimentos, mas nesta 2.ª temporada vemos um lado um pouco mais emocional de Nadia e percebemos que tem muitos traumas escondidos. O que me levou a escolhê-la foi não só a sua personalidade apaixonante, mas também a forma como passou por algumas aprendizagens ao longo da temporada. E como não podia deixar de ser, as suas frases icónicas, como por exemplo “As outras pessoas são lixo.”
Melhor episódio:
Episodio 5– Nadia engendra um plano inteligente para conseguir corrigir algo do passado. É o episódio que marca o início do processo aprendizagem em que leva uma “chapada” de realidade. Principalmente, percebe que não é boa ideia brincar com o tempo. O final do episódio é simplesmente espetacular, concetual e visualmente.
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