Ozark teve hoje o seu desfecho na Netflix, com a 4.ª temporada. Esta temporada final foi dividida em duas partes, com sete episódios lançados em janeiro e outros sete disponibilizados hoje na plataforma de streaming.
Começo por confessar que não acompanhei Ozark religiosamente desde a estreia em 2017. Apesar das boas críticas e prémios, a sinopse fez-me sentir que a série seria uma tentativa de replicar o género de Breaking Bad, aliado ao facto de, na altura, não conseguir imaginar Jason Bateman num papel dramático. Contudo, o meu pai acabou por convencer-me a ver e não me arrependo nem um bocadinho.
A série até pode ter começado na onda do sucesso de Breaking Bad, mas consegue criar a sua própria identidade e manter uma qualidade consistente ao longo das quatro temporadas, tanto ao nível técnico como nas interpretações. Ozark é uma série que tem poucos momentos previsíveis e que, mesmo nos momentos mais parados, consegue ter substância.
É interessante olhar para trás e pensar que foi Marty que, de certa forma, envolveu a família toda neste imbróglio, mas é Wendy que prova vezes sem conta o quão cruel consegue ser, sendo ela a “cabecilha” dos esquemas. No entanto, o amor incondicional de Marty por Wendy está sempre presente, aconteça o que acontecer. Gostei, em especial, de ver o crescimento de Charlotte e Jonah e a forma como o “negócio” dos pais os moldou, culminando nas possíveis consequências da cena final da série.
Nesta última temporada, o que mais me desagradou foi o tempo de antena dado ao plot do pai de Wendy à procura de Ben e o que ele arranja como solução para se vingar da filha, mas consigo perceber o porquê desta inclusão na série. Também achei maldoso terem começado a 4.ª temporada com um gravíssimo acidente de carro para depois só o voltarem a mencionar quase no final e ser um simples caso de “a montanha pariu um rato”. No entanto, considero que Ozark tem um desfecho digno e bastante aceitável.
A nível técnico, Ozark apresenta poucas falhas, tanto nesta temporada como no geral. Reconheço as queixas que existem sobre a série ser muito escura, mas nunca senti que fosse demasiado e enquadra-se bem no ambiente sombrio da narrativa.
Para terminar, achei piada que tenham escolhido a mesma vilã de Queen of the South (Veronica Falcón) para Ozark, numa personagem com o mesmo primeiro nome e tudo. Numa realidade alternativa poderia ter sido um crossover.
A título de curiosidade, existe um documentário de 30 minutos na Netflix, A Farewell to Ozark, para quem já terminou a série – porque contém spoilers – e onde os membros do elenco falam sobre as suas personagens e outros detalhes interessantes.
Melhor episódio:
Episódio 8 – The Cousin of Death – Sem dar spoilers, este é talvez o episódio mais emocional da série, em que todos os pormenores se interligam de uma forma perfeita, desde a interpretação de Julia Garner à realização e à banda sonora fantásticas.
Personagem de destaque:
Ruth (Julia Garner) – Ruth é a minha personagem favorita desde o início e mantém-se fiel até ao final. Ela é uma força da natureza com um coração enorme e um vocabulário recheado, uma personagem tão bem interpretada por Julia Garner. Depois de todas as perdas que sofreu ao longo das temporadas, foi bom ver uns momentos de felicidade e paz em Ruth, nesta 4.ª temporada, e são estes momentos dela que vou guardar na memória. Só resta dizer: a atriz merece todos os prémios e mais algum.