Élite, a série espanhola adolescente que acompanha os alunos da escola privada Las Encinas, está de volta, sendo que já se encontra disponível, na Netflix, a 5.ª temporada. Através desta podemos continuar a acompanhar as histórias de Rebeka (Claudia Salas), Samuel (Itzan Escamilla), Omar (Omar Ayuso), Cayetana (Georgina Amorós), Patrick (Manu Ríos), Ari (Carla Díaz), Mencía (Martina Cariddi), Benjamín (Diego Martín) e Phillipe (Pol Granch), sendo que a estas se acrescentaram as de Isadora (Valentina Zenere), conhecida como a Imperatriz de Ibiza, e Iván (André Lamoglia), o filho de um famoso jogador de futebol, Cruz Carvalho (interpretado pelo ator português Carloto Cotta).
Ainda que sinta que a história desta 5.ª temporada de Élite foi um pouco mais desenvolvida que a sua antecessora, a verdade é que não deixa de ser mais do mesmo. Não é que eu honestamente estivesse à espera de algo diferente, tanto é que não estava com as expectativas muito altas, mas a fórmula não muda. É mesmo caso para dizer: vira o disco e toca o mesmo! Isso, aliado ao facto de já não termos uma história propriamente boa ou até mesmo interessante (já para não falar das incongruências!), demonstra cada vez mais o quanto Élite está a ficar desgastada. Para além disso, a forma como alguns assuntos foram abordados não foi definitivamente a melhor. Ainda assim, uma 6.ª temporada já foi confirmada!
Confesso que lá no fundo, devido à saída de alguns atores e à entrada de novos, ainda mantenho uma ligeira esperança (talvez por isso é que continuo a ver) de que a história de Élite ainda possa sofrer algum tipo de mudança (ou milagre) e voltar aos bons velhos tempos aquando das temporadas iniciais. Contudo, continuo a achar que a série deveria ter terminado na 3.ª temporada e apostado somente nas histórias curtas. Principalmente porque não acho que a história apresentada nestas últimas duas temporadas tenha vindo acrescentar muito e as poucas coisas boas que possam ter advindo destas, como por exemplo o facto de Rebe gostar de raparigas ou o excelente desenvolvimento da personagem da Cayetana, poderiam muito bem ter sido exploradas através de histórias curtas.
Aliado a isto, a saída de alguns personagens levou não só a mudanças (a maior parte delas não me agradaram muito) em outras personagens, como foi o caso do Guzmán na temporada anterior, mas também a que alguns personagens deixassem de ter desenvolvimento, como foi o caso do Omar nesta temporada. Sem Ander, o personagem ficou praticamente sem história. Ainda lhe tentaram criar um plot com uma personagem nova, Bilal, mas este foi tão fraquinho e totalmente fora de contexto que acabou por não servir absolutamente para nada, tanto é que a certa altura quer a personagem do Bilal quer a sua história deixou de ser desenvolvida de todo. Já para não falar no quão absurdo achei eles terem confessado um crime à frente dele (e ele impávido e sereno!), sendo que não só não o conheciam, como ele já tinha mostrado que não era lá muito de confiança.
Para além disso, os personagens novos, à semelhança da temporada anterior, também não me conquistaram por aí além. Eu juro que lhes tentei dar uma oportunidade, mas com algumas atitudes deles isso tornou-se difícil. Mais, porque é que Élite sente sempre a necessidade de criar triângulos amorosos, principalmente com Ari? Eu já me tinha questionado na temporada anterior o que é que a personagem tinha de tão interessante, pois eu não conseguia ver, mas ao que parece tem mesmo, pois conseguiu novamente que outra personagem se interessasse por ela – a ponto de chorar! Sim, porque Iván chorou pelo menos duas vezes por ela e mal tinham estado juntos. O que fará se estivessem! Para juntar a isto tudo, temos ainda o envolvimento do pai de Iván, Cruz, com Patrick! Ou seja, Patrick envolveu-se com Iván, que por sua vez se envolveu com Ari – que só assim por acaso namorava com Samuel e é irmã de Patrick – e Patrick envolveu-se com o pai de Iván, Cruz.
Em termos de drama isto acaba por resultar, mas leva a que eu não consiga ligar-me e, consequentemente, importar-me muito com os personagens, o que faz com que a história também não tenha grande impacto em mim. Para dizer a verdade, as únicas personagens com quem realmente me importo e de quem gosto muito são Rebe (a minha favorita, sem dúvida) e Cayetana.
Relativamente a Rebe, gostei bastante do desenvolvimento que lhe deram nesta temporada, especialmente o facto de ela ter percebido finalmente o que queria/merecia e isso não passar por estar com alguém. Ainda que não tenha sido confirmada a saída da atriz, mesmo gostando muito da personagem, e no fundo ela ser um dos motivos que ainda me levam a querer ver Élite, prefiro honestamente que a sua história termine por aqui, antes que decidam inventar muito e acabem por estragar, como já aconteceu anteriormente, o desenvolvimento e a história da personagem.
Quanto a Cayetana, fora não ter gostado da forma como usaram a personagem no que diz respeito à narrativa de Phillipe, também gostei bastante do desenvolvimento que lhe deram nesta temporada. Felizmente (e ao contrário do que eu estava à espera) não a juntaram novamente com Phillipe e trouxeram, tal como eu tinha desejado em Precisamos de Falar Sobre… as Histórias Curtas de Élite, Felipe. Nem imaginas a minha felicidade quando ele apareceu! Mas mais do que aparecer fiquei extremamente contente por lhes terem dado a oportunidade de ficarem juntos. Se havia alguém que merecia era Cayetana e ninguém melhor que Felipe para tal.
Relativamente à história envolvendo Phillipe, ainda que eu considere que seja extremamente importante abordar o tema da violação e do abuso sexual, definitivamente Élite não tem maturidade suficiente para tal. Não digo que não deva haver possibilidade para que as pessoas se tornem alguém melhor, mas isso não deve invalidar, de todo, pagarem pelos crimes que cometem. Pois aquilo que Phillipe fez foi crime e, como tal, devia pagar por isso! Eu estava à espera que fossem tentar abafar o caso, dado ele ser o príncipe de França, e ainda que essa linha narrativa não me fosse contentar muito, honestamente preferia que a tivessem seguido em detrimento desta.
Especialmente não gostei do facto de terem usado Cayetana nesse processo de desculpabilização de Phillipe e muito menos que fizessem Isadora descredibilizar tudo o que ele fez. Infelizmente eu sei que isso acontece, mas não se devia perpetuar isso, muito pelo contrário! Pior do que isso foi Isadora acabar por ser violada também. Apreciei o facto de terem feito com que ela denunciasse, mas o facto de ir juntamente com Phillipe (para mim era óbvio que devia ter ido com Cayetana), que foi acusado exatamente da mesma coisa, mas não pagou por isso, não só me transmitiu a ideia de que servia mais uma vez para tentar amenizar o que o Phillipe fez, mas também como uma espécie de “castigo”. Isto é, ela descredibilizou o facto de Phillipe ter violado uma rapariga e tentado abusar da Cayetana, mas depois aconteceu-lhe o mesmo. Novamente, este tipo de narrativa já foi vista antes em outras séries e/ou filmes, mas não me agrada minimamente. Para além disso, o episódio em que isso acontece devia definitivamente ter um trigger warning.
Quanto ao mistério em volta de quem tinha sido a vítima nesta temporada, ainda que não me importe muito com Samuel e isso de certa forma tenha condicionado o quanto me importava com o mistério em si, espero honestamente que ele não tenha morrido. Apesar de ser um pouquinho (lê-se muito) chato e eu já não ter paciência para o personagem, penso que, depois de tudo o que passou, ele merece um final feliz. Portanto, espero realmente que ele tenha sobrevivido e conseguido um estágio e/ou entrado numa universidade. Já foi confirmado que o ator não vai voltar na próxima temporada, mas espero que façam, pelo menos, uma história curta a mostrar um final feliz para o personagem.
Melhor Episódio:
Episódio 8 – Confesso desde já que foi difícil para mim escolher um episódio, pois considero que nenhum foi bom o suficiente para merecer o destaque e também não houve, ao contrário da temporada anterior, nenhum momento que me tivesse impactado minimamente. No entanto, tendo em atenção que foi no episódio 8 que vimos a conversa entre Rebe e Mencía, na qual Rebe diz que percebeu o que realmente quer, e Isadora denuncia o que lhe aconteceu (mesmo que eu não concorde muito com a forma como tudo foi desenvolvido), optei por este.
Personagem de Destaque:
Cayetana – Já na temporada anterior tinha considerado escolhê-la como personagem de destaque, pois merecia, e muito, mas acabei por optar por Rebe. Por essa razão, e tendo também em atenção o desenvolvimento de Cayetana nesta 5.ª temporada de Élite, não podia escolher agora outra personagem que não ela. Sem dúvida que foi das personagens que mais evolução sofreu ao longo das temporadas, tendo esta sido uma das poucas coisas boas que advieram destas últimas duas temporadas.