Upload – Review da 2.ª Temporada
| 30 Mar, 2022
6.95

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No passado dia 11 de março, chegou à Prime Video a 2.ª temporada de Upload, uma série que alia a ficção científica à comédia e ao sarcasmo. Depois de ter adorado Black Mirror, fiquei com sede por mais séries de ficção científica focadas num futuro hipotético. O realismo com que este é retratado leva-nos a acreditar que aquilo que vemos no ecrã poderá realmente acontecer. Esta possibilidade abana-nos a consciência, assusta e faz-nos refletir. Ora, é exatamente este desconforto e capacidade de pôr o espectador a pensar que me fascina neste tipo de séries. Foi este aspeto que me atraiu até à 1.ª temporada de Upload.

Depois de uma experiência bastante positiva com a temporada anterior, não podia deixar de ver esta 2.ª temporada ilustradora de uma realidade alternativa, um mundo totalmente virtual baseado na inteligência artificial e numa vida depois da morte.

Depois de ver a sua vida posta em risco no final da 1.ª temporada, Nora (Andy Allo) toma medidas drásticas para estar em segurança e passa algum tempo num mundo sem tecnologia. Vemos, portanto, nesta temporada uma dicotomia entre um mundo virtual e tecnológico e um mundo terreno e palpável, sem conexão com a tecnologia. Nora acaba por ser alvo de pressão, demonstrando bastante resistência e força. Já Nathan (Robbie Amell), de regresso à sua suite, agora na companhia da sua namorada Ingrid (Allegra Edwards), que misteriosamente decidiu fazer upload, continua em busca de respostas pelas suas suspeitas de que terá sido assassinado. Afinal quem o matou? Ao longo da temporada, Nathan revela-se boa pessoa, tentando ao máximo ajudar os outros, principalmente os uploads da secção mais pobre, acabando por ir contra aquilo que realmente quer para deixar os outros felizes. Encontra-se numa constante busca pelo sentido da sua existência após a morte e pela verdadeira razão da sua morte. Luke, o upload mais próximo de Nathan em Lakeview, descreve-o da seguinte forma: “És o Nathan Brown! Está bem? És o homem mais forte, corajoso, inteligente e genial que já conheci!”. Ingrid continua a mesma rapariga rica, dissimulada e obcecada por Nathan que aparenta ter pouca inteligência, mas na verdade é muito esperta. À medida que os episódios avançam, vamos descobrindo mais sobre ela, como o desespero nela, a fragilidade e a forma como os seus traumas a afetam. Para surpresa e alguma desilusão de Nathan, Ingrid faz upload para se juntar ao namorado no mundo virtual, mas será que abdicou mesmo da sua vida na terra para viver permanentemente em Lakeview? Será que Nathan vai aprender a conviver com esta namorada que anteriormente queria ver pelas costas?

Descobrimos também um grupo de rivais da Horizen que quer acabar com Lakeview, o mundo virtual, acreditando que Lakeview é um poço de mentiras, que consome carbono, semeia discórdia, favorece os ricos em detrimento da classe trabalhadora e, por estes motivos, deve ser destruída.

Apesar de todo o realismo transmitido pela série, há também momentos que chegam a roçar o surrealismo, como é o caso de algumas cenas em que aparecem os bots, que se materializam na forma de homens ruivos muito idênticos e são usados para garantir o bom funcionamento deste mundo virtual, em colaboração com os “Angels”, dando estes últimos um apoio mais personalizado. Os bots começam a desenvolver espírito critico e, de certa forma, algumas emoções, o que é só mais um dos fatores assustadores presentes em toda a série. O uso do humor também acaba por retirar alguma seriedade ao que se passa em Lakeview, aliviando um pouco o peso da trama. Acaba, portanto, por não afetar tanto o espectador em comparação a Black Mirror. O que por um lado é positivo, porque não precisamos de tirar uns momentos para assimilar tudo o que vimos, como acontece (pelo menos no meu caso) na referida série. Por outro lado, Upload acaba por não nos fazer refletir tanto.

A 2.ª temporada de Upload traz ao espectador temas como a mentira, a justiça, a bondade, a tecnologia, a vida depois da morte, bem como  o contraste entre o mundo virtual e o mundo terreno. Uma das temáticas que me cativou foi a complexidade da mente humana, além da paranoia, depressão e ansiedade que afetam alguns dos uploads. Vemos ainda representados traumas, vícios, atração física e amor. A invasão de privacidade, cada vez mais indissociável do desenvolvimento tecnológico, e a forma como a inteligência artificial e a realidade virtual ameaçam ultrapassar o mundo real assustam de uma forma que faz lembrar Black Mirror.

Continuam presentes os efeitos visuais a que assistimos na 1.ª temporada, que, apesar de todo o realismo, não nos deixam esquecer que assistimos a um mundo totalmente virtual que funciona à base de código, retratando também certos bugs e falhas no sistema. Relativamente à banda sonora, predomina a música pop e os efeitos sonoros relembram ao espectador a componente humorística da série.

A temporada termina com um clifhanger e, apesar de algumas descobertas, continuamos com a questão do assassinato de Nathan a pairar nas nossas cabeças, juntamente com a rivalidade mundo terreno versus mundo virtual. Diria que esta 2.ª temporada conseguiu manter a qualidade anteriormente testemunhada e que cumpriu bastante bem a tarefa de nos fazer questionar sobre os efeitos do desenvolvimento exagerado da tecnologia, não deixando de nos provocar algumas gargalhadas, com o extra de um final que nos deixa curiosos e a querer mais. Ainda não há data prevista para a estreia de uma 3.ª temporada, mas certamente que a vou ver.

Melhor episódio:

Episodio 5 –  Escolhi Mind Frisk pelo seu foco na mente humana e por ser um episódio de descobertas, um ponto de viragem que deixa o espectador colado ao ecrã. Depois de ver a sua segurança ameaçada, a Horizen vê-se obrigada a criar medidas pouco éticas que põem em risco a privacidade dos uploads e tanto Nathan como Nora não conseguem ficar quietos.

Personagem de destaque:

Nora (Andy Allo) – É, na minha opinião, a figura central da temporada, que mantém persistência, genialidade e confiança de episódio para episódio. É bondosa e alegre, revelando uma boa capacidade de persuasão e nunca parando de defender Nathan. A sua determinação leva-a a fazer tudo o que pode para atingir os objetivos.

Inês Rodrigues

Temporada: 2
Nº Episódios: 7
6.95
7
Interpretação
7
Argumento
7
Realização
6.5
Banda Sonora

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