Bridgerton – Review da 2.ª Temporada
| 25 Mar, 2022
8.45

Publicidade

Queridos leitores, havia por aí preocupações de que esta temporada de Bridgerton não conseguisse sustentar-se sem a presença do duque de Hastings e sem o foco na sua relação com Daphne. Nada temam, pois esta Lady Whistledown do Séries da TV assegura-vos que, ainda assim, esta 2.ª temporada dá muito que falar.

Também eu partilhava estas preocupações, visto que adorei a 1.ª temporada, toda a dinâmica e química do casal, mas assim que regressamos ao mundo de Bridgerton não tem como não nos relembrarmos do carinho ou desprezo que nutríamos pelas restantes personagens dentro e fora da família BridgertonA parte estranha acaba por não ser tirarem o foco do casal maravilha, mas sim que Regé-Jean Page tenha abandonado o projeto e, por isso, nas poucas vezes que Daphne visita a família o faça sozinha ou com o seu filho apenas. Focarem cada temporada num dos irmãos traz uma lufada de ar fresco à série que decerto necessita para continuar a ser o êxito que é. Contudo, retomando a minha linha de pensamento, a série conseguiu na sua 1.ª temporada construir um mundo de forma a que o que mova a série seja o conjunto das personagens, as suas personalidades e interações, e não só os dois protagonistas. Assim, esta 2.ª temporada focada em Anthony, o irmão mais velho da família, acaba por surpreender.

Ao estarmos mais preocupados com a vida amorosa de Anthony acabamos por conhecer a personagem a fundo e abandonamos o nível superficial da temporada anterior. Sendo o enredo principal em torno do “homem da casa” cumprir o seu dever e arranjar uma mulher para ser a viscondessa da casa, somos transportados para a época da formação de casais na corte. Após a rainha nomear o seu diamante desta temporada, Edwina, Anthony está determinado a conquistá-la. O choque dele, mas não do espectador, é que Edwina é irmã de Kate, uma mulher que Anthony conheceu na floresta e que o marcou por ser tão selvagem e desafiante. Kate está totalmente empenhada em dar uma boa vida à irmã e à mãe e ajudar a irmã a casar com alguém de bom estatuto faz parte de todo o plano. No entanto, Kate quer mais para a irmã, quer que ela encontre o amor. Com tantos encontros e desencontros com o visconde Bridgerton, Kate e Anthony acabam por desenvolver uma relação à margem da relação que este está a construir com Edwina. Este triângulo amoroso grita toxicidade, mas o que seria Bridgerton sem a sua dose de toxicidade?

Esta temporada traz-nos cenas menos sexuais do que a anterior, pois temos um casal que assim o exige. Toda a relação de Kate e Anthony acaba por ser platónica em grande parte da temporada, sendo composta de olhares, bocas e momentos caricatos. Nesta nota, confesso também que embora tenha adorado e considerado de extrema qualidade a primeira metade da temporada, quando começamos a chegar à reta final a série torna-se um pouco repetitiva sem acrescentar nada de novo a nenhuma das relações, seja entre o par amoroso, seja entre as irmãs.

Mas falemos da parte de que mais gostei da temporada que foi, de facto, conhecer Anthony. As abelhas continuaram presentes nesta temporada e agora sabemos porquê. Toda a personalidade de Anthony se formou após a morte do pai e de ele ter assumido as responsabilidades em casa. Vemos como todo o momento o impactou e como o conseguinte sofrimento da sua mãe o fez desejar nunca se apaixonar realmente para não ter de sofrer uma perda daquele tamanho. De certa forma, o seu enredo dá-nos também a perceber as consequências que o patriarcado pode ter para os homens.

Tal como disse, nem só de protagonistas é feita a série, pelo que à margem deste tóxico triângulo amoroso temos uma Eloise que encontra pessoas que pensam como ela e que acaba até por desenvolver uma paixoneta. Adorando a personagem de Eloise, secretamente sempre quis que esta se apaixonasse e fico de coração partido por saber que a sua primeira paixão muito provavelmente não vai ser concretizada. Na minha opinião, daria uma história incrível que iria para lá das injustiças de género que esta tanto discute, para abrir os olhos à desigualdade de classes. Nem só de coisas positivas é feita a storyline dela, pelo que de tanto se deslocar àquela parte da cidade, a Rainha que quer desvendar a identidade da Lady Whistledown acusa-a de ser a escritora, o que não parece totalmente descabido. Este evento faz com que Penelope altere a sua trajetória enquanto escritora para proteger a sua amiga, mas quando Eloise descobre sente-se, compreensivelmente, traída. Acabam por discutir e deixar de ser amigas. Nesta temporada, Penelope é arrastada, novamente, para a friendzone de Colin, o que acaba por ser saturante. No entanto, quando esta retoma a sua posição de escritora que estava aposentada parece-me que se fartou da forma como foi tratada. Confesso que não sei o que esperar da storyline da Lady Whistledown visto que Eloise já sabe da sua identidade.

Ainda relacionado com Penelope e com a sua família, temos um enredo desorganizado que nos prende por toda a temporada, que nos leva a pensar que Portia não ama de todo as suas filhas para, no fim, revelar o contrário. Não morri de amores por este enredo, mas gostei de ver Portia assumir o seu papel de mãe com tanta convicção e perícia. Também meio perdidos nesta temporada andaram Benedict e Colin, cada um cumprindo um papel bem secundário que se assemelhou bastante ao de Mondrich. Relativamente a este último, senti que lhe deram demasiada relevância, especialmente sem a presença do duque. Sempre que aparecia no ecrã, a personagem estava com ar preocupado e cabisbaixo, trazendo um tom que não combina nada com a série.

Enredos à parte, não sei se foi impressão minha, mas, ainda que tenha achado as indumentárias bonitas, não penso que tenham sido tão bonitas como as da última temporada. Mesmo assim, é notório o trabalho do guarda-roupa e dos cenários; é um trabalho completo que resulta num mundo colorido e memorável. A nível musical tivemos os típicos momentos com música atual adaptada para encaixar na época e são estas pequenas pistas que nos fazem sentir dentro do universo de Bridgerton. Deste que continuem a fazer esta produção de forma cuidada, não vejo porque não possam continuar por temporadas e temporadas.

Tendo considerado esta 2.ª temporada um sucesso no que se temia ser a sucessora do êxito da primeira, mal posso esperar pelo regresso da série, que já tem confirmadas, pelo menos, mais duas temporadas. Se a receita for seguir os livros, espero que cheguemos a ter também no futuro uma temporada dedicada a Eloise, uma das minhas personagens favoritas. Quanto aos restantes irmãos mais novos, espero que estes ganhem mais protagonismo com o avançar das temporadas, para que possamos conhecer toda a família.

Melhor episódio:

A Bee in Your Bonnet (Episódio 3) –  Não me quero tornar repetitiva, mas foi graças a este episódio e aos seus flashbacks que conhecemos a história da morte de Edmund, o pai dos Bridgerton. Para além de dar ainda mais contexto à família, permitiu perceber as razões de Anthony para ser como é e agir como age. Ver a Lady Bridgerton ficar sem o seu marido, ver o seu luto e, mais tarde, os médicos a colocarem a decisão da sua vida ou morte nas mãos de Anthony, foram momentos duros de se ver, mas que revelaram tanto que nos ajuda a perceber toda a série, mas em especial esta temporada!

Personagem de destaque:

Anthony Bridgerton (Jonathan Bailey) – Sendo o protagonista da temporada não choca que tenha sido a personagem a destacar. O facto de esta temporada nos ter dado a conhecer, em detalhe, Anthony é realmente positivo e acresce imenso o carinho que nutro pela série. Posso até dizer que ele é a personagem de destaque de toda a série até agora. De todo o trauma, ao amor que nutre pela família, à forma como olha para Kate e como se preocupa com ela, Anthony conseguiu deixar-me rendida.

Temporada: 2
Nº Episódios: 8
8.45
8.5
Interpretação
8
Argumento
9
Realização
8
Banda Sonora

Publicidade

Populares

estreias calendário posters grid dezembro

what if s3 marvel

Recomendamos