É uma boa altura para ser fã de Star Wars. Depois de The Mandalorian ter conquistado a crítica e os corações dos fãs de Star Wars e de em breve sabermos que vão chegar ao Disney+ séries como Ashoka e a tão esperada Obi-Wan Kenobi, com personagem tão queridas, tivemos no intermédio este spin-off que foi The Book of Boba Fett. O personagem Boba tem uma história muito curiosa porque desde que apareceu num desfile de Star Wars – ainda antes de se estrear no cinema no Episódio V: O Império Contra-Ataca – conquistou uma legião de fãs. O mistério em volta do maior caçador de recompensas da galáxia merecia por isso uma expansão da sua história e finalmente chegou em formato de série. Estes sete episódios são perfeitos? Não. Mas, resumidamente, antes de passar para as partes mais especificas, diria que a temporada merece nota positiva.
Boba regressou à vida, por assim dizer, na 2.ª temporada de The Mandalorian. Supostamente, ele teria morrido no início do Episódio VI: O Regresso dos Jedi, onde Boba é engolido por Sarlacc, um monstro das areias de Tatooine. No entanto, ficamos a descobrir nos primeiros episódios, através de flashbacks, como Boba sobreviveu. Inclusive, descobrimos que ele acabou por ser ajudado pelos Tusken, um povo da areia de Tatooine que o acolheu e o educou como um deles. Esta parte dos flashbacks, que durou três episódios, foi interessante para contar o que aconteceu com Boba; no entanto, acho que preferia ter visto tudo num episódio e depois, sim, a continuação da história que vimos em The Mandalorian. Tirando este aparte, vemos que agora Boba quer governar as ruas de Tatooine, assumindo o trono de Jabba the Hutt. Esta parte das motivações de Boba para assumir o trono ficaram sempre um bocado em vão. Percebemos que Boba quer governar pelo respeito e quer dar uma vida mais democrática, vá, aos moradores de Tatooine, mas o personagem que conhecemos dos filmes era pouco falador e implacável. Este Boba parece mais soft, mais morno, por assim dizer. É claro que as pessoas crescem e, nesta altura da timeline, o personagem está mais velho e passou por acontecimentos marcantes, mas, ainda assim, dá a ideia de que houve um tratamento de imagem para que a partir de agora víssemos Boba como um herói e ele claramente não o é.
A partir de metade da temporada, The Book of Boba Fett foi melhorando e, curiosamente, esse melhoramento significou menos tempo de ecrã para o personagem principal. Sim, houve inclusive um episódio em que Boba nem apareceu. Mando, o personagem que arrebatou os nossos corações em The Mandalorian, apareceu e “roubou” a série, dando claramente a ideia de que estávamos a ver uma 3.ª temporada da sua série e não mais um episódio do livro de Boba. Se para nós, fãs, isso foi bom porque melhorou e muito o conteúdo, para a conceção da série talvez não tenha sido o melhor porque acabou por mostrar que Boba é uma personagem que entusiasma precisamente pelo mistério e quanto mais protagonismo lhe dão, mais essência ele perde. Parece um paradoxo, mas é verdade.
Uma nota muito positiva foi o clássico fan service, que é normal acontecer, mas que foi muito bem feito. Tivemos o regresso de Ashoka, vimos Luke Skywalker a treinar o pequeno Grogu. E sim, vimos mesmo! Não foi só uma pequena aparição. Luke foi protagonista de um episódio e o CGI usado foi fantástico. Parecia mesmo que estávamos a ver o jovem Mark Hamill na trilogia original. E, claro, tivemos pela primeira vez em live-action personagens como Black Krrsantan, um wookiee companheiro e rival de Boba nas BDs e, claro, o icónico Cad Bane, o mais temido caçador de recompensas que treinou Boba e que é um dos grandes favoritos dos fãs desde que apareceu em Clone Wars. Para além disto, nota para as interpretações dos atores: Temuera Morrison está muito bem como Boba Fett e Ming-Na Wen é o par perfeito para interpretar a temível Fennec Shand. Obviamente, Pedro Pascal arrasa como Mando e Mark Hamill é e será sempre o eterno Luke.
Antes de passar para os destaques, quero deixar uma nota muito positiva para Jon Favreau e para Dave Filoni – que estão a fazer um trabalho incrível ao transportar Star Wars, de George Lucas, para a televisão – pela forma como estão a expandir as histórias de um dos universos mais amados da sétima arte. A Disney errou bastante nos filmes. Deixou que a falta de estratégia e planeamento tomasse conta das produções, principalmente no último filme, mas estão a fazer de tudo para se redimir nas séries e, sinceramente, estão a fazer um excelente trabalho. A série de Boba não é perfeita. O personagem talvez não seja a melhor escolha para ter a sua própria série ou então talvez fosse melhor uma minissérie, mas é impossível não sentir a magia do mundo de Star Wars ao ver os episódios. Se estamos cá quando é para pedir mais, também estamos cá para dizer que estão a fazer um bom trabalho e que o caminho é promissor.
Episódio de Destaque:
Episódio 6 – Pensei muito antes de decidir. Por um lado, o episódio 5 é fantástico. A incrível Bryce Dallas Howard faz um trabalho de realização estupendo e sem dúvida que neste momento me arrisco a dizer que ela é a rainha de Star Wars, mas o episódio 6, também muito bem realizado por Dave Filoni, proporciona aos fãs uma nostalgia tremenda. Vemos Mando, vemos Ashoka, temos Luke durante quase todo o episódio a treinar Grogu da mesma forma como foi treinado por Yoda. Vemos Luke a começar a sua academia Jedi e percebemos logo que ele está a cair nalguns dos erros em que a antiga ordem tinha caído. Ajuda-nos a montar o puzzle e a perceber o porquê de, mais tarde, Ben Solo se deixar seduzir pelo lado negro. Temos lutas e cenas épicas e, no final, temos a tão esperada aparição de Cade Bane. Foi um daqueles episódios que vi a sorrir porque tudo me remetia para o saudosismo do que já vivi com Star Wars. E, claro, um momento que se calhar passa despercebido a quem não é fã, mas ver que Ashoka e Luke se conheceram é um grande abraço no coração de todos nós. E, claro, o momento em que ela menciona o pai dele é de puxar às lágrimas.
Personagem de Destaque:
Peli Motto – Esta também é complicada. Eu diria de uma forma mais simples que Mando é a grande personagem porque remete a série para outro patamar mal aparece, mas aproveito o espaço para prestar a devida homenagem a Peli Motto. Peli, interpretada de forma brilhante pela atriz Amy Sedaris, é o grande alívio cómico desde que apareceu em The Mandalorian. Ela e os seus pequenos droides dão um ar engraçado a tudo o que dizem. Um exemplo rápido de uma cena que achei super engraçada foi quando Grogu chega com o R2-D2 e está com pressa para impedir os Pikes de vencerem a batalha, mas ela pega no pequeno Grogu para lhe dar de comer e discute com R2 a dizer precisamente que o pequeno tem de comer. São pequenos momentos que fazem com que Peli roube a cena e se torne numa personagem cada vez mais acarinhada junto dos fãs.
Termino dizendo que, se és fã, acredito que tenhas gostado da série. Não é uma obra que faça história, mas a série acaba por resultar. Como fui dizendo, não me parece que Boba justifique uma série com tantos episódios e possivelmente com mais temporadas. Acho que uma minissérie ou até um ou dois episódios em The Mandalorian teriam sido suficientes para explicar o que aconteceu à personagem, mas tudo bem desde que apresentem conteúdo de qualidade e que mostrem que quem faz as séries e quem cria os planos para as histórias realmente sabe o que está a fazer e tem noção do universo em que está envolvido. Em relação a esse ponto, nada posso criticar. Boba não me parece a personagem certa e talvez se não fosse a adição de Mando, Grogu e Luke, a série tivesse menos interesse, mas, ainda assim, não deixa de ser uma experiência fantástica ver e rever algumas destas personagens. Este ano teremos a tão esperada série de Obi-Wan e, claro, todas as atenções estão agora viradas para aí porque, como comecei por dizer, esta é uma boa altura para ser fã de Star Wars.
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