After Life, a série escrita, realizada e protagonizada por Ricky Gervais, chegou ao fim após a 3.ª temporada. Gostava de poder dizer que esta última temporada correspondeu e/ou superou as minhas expectativas, mas, para grande pena minha, não foi o caso. Não é que tenha desgostado totalmente desta temporada, mas não foi, de todo, aquilo de que estava à espera, ainda para mais tendo em atenção que era a última.

Depois do final da 2.ª temporada, em que Tony quase comete suicídio, confesso que estava à espera de que esta fosse ser a temporada mais pesada e emocionante de todas. E apesar de ter chorado imenso durante a conversa entre Tony e Anne (Penelope Wilton), no momento em que Lisa (Kerry Godliman) recita o poema e há uma espécie de despedida entre eles e de ter gostado bastante dos momentos finais – ainda que por meros segundos tenha ficado um pouco confusa quanto ao significado do aceno de Tony e da reação de Lenny (Tony Way) -, o resto da temporada não teve o impacto em mim que esperava que fosse ter, especialmente quando se tem também em atenção as temporadas anteriores, principalmente a segunda, que se tornou a minha favorita, sem sombra de dúvida.

Não digo que a temporada tivesse que nos fazer chorar do início ao fim, mas estava à espera de algo ligeiramente diferente. Talvez essa perceção também se tenha intensificado mais pelo facto de ter revisto as temporadas anteriores mesmo antes de ver esta, pelo que foi mais percetível a diferença, principalmente na profundidade e/ou desenvolvimento dado à história ou pelo menos ao personagem do Tony. É certo que talvez já não houvesse muito mais a desenvolver na história do personagem, particularmente pela direção que foi dada à relação dele com Emma (Ashley Jensen), mas, a meu ver, ainda havia bases suficientes para aprofundar um pouco mais algumas questões e/ou temas.

Ainda assim, gostei que tivesse sido dado mais desenvolvimento às personagens secundárias e, no geral, gostei do final que lhes foi dado, embora em alguns casos não tenha gostado muito do que os levou até lá. Isto é, gostei bastante da ideia de Pat (Joe Wilkinson) e Kath (Diane Morgan) ficarem juntos, mas não gostei que ele tivesse terminado a relação com Roxy (Roisin Conaty), principalmente pela razão que foi e pelo facto de que eu gostava bastante dela. Por falar em Roxy, senti bastante a falta dela e de Sandy (Mandeep Dhillon)! Mais do que sentir a falta delas, senti falta de uma justificação para esse desaparecimento, principalmente no que concerne a Sandy, porque foi substituída no jornal por outra personagem, mas não nos foi dito o que aconteceu com ela. Dada a sua importância nas temporadas anteriores, achei que merecia um pouco mais.

Apesar desta 3.ª temporada de After Life não ter sido o que eu esperava – embora ache que se revir a temporada a opinião irá diferir um pouco, uma vez que as expectativas já serão diferentes -, After Life não deixou de ser uma série pelo qual tenho um enorme carinho. Não deixa de ser pena, porque sei que havia possibilidade para mais, mas ainda assim houve diversos momentos dos quais gostei bastante, sendo que, para lá do que já fui referindo, não posso deixar de mencionar as interações entre Tony e o senhor que foi para o quarto do pai e as histórias para o jornal que, comparativamente com as temporadas anteriores, foram das que mais gostei.

Episódio de Destaque:

Episódio 5 – Apesar de ter ponderado escolher o 6.º episódio, especialmente por causa do final, acabei por decidir escolher o cinco, principalmente pela conversa entre Tony e Anne, ainda que também tenha gostado bastante do conselho de June (Jo Hartley) quanto ao dinheiro do seguro, sendo que esse momento também me emocionou ligeiramente.

Esta conversa entre Tony e Anne foi um dos meus momentos favoritos desta 3.ª temporada, não só pela belíssima mensagem que transmitiu, mas também porque era este tipo de momentos que esperava ver mais nesta temporada. Não especificamente conversas entre Tony e Anne, embora as interações entre eles sejam, a meu ver, um dos pontos fortes de After Life, mas mais momentos que nos fizessem refletir e questionar, à semelhança do que estávamos habituados a ver na temporada anterior.

Personagem de Destaque:

Anne – Embora Tony, por diferentes razões, também me tenha passado pela cabeça, acabei por decidir escolher Anne, não só porque se tornou a minha personagem favorita de After Life, mas especialmente porque, se analisarmos a série num todo, se não fosse ela e as suas sábias palavras e ensinamentos, definitivamente a história não seria a mesma coisa e isso notou-se perfeitamente bem nesta 3.ª temporada, em que a personagem não esteve tão presente e a diferença foi bastante percetível.

É obvio que todas as personagens, à sua maneira, contribuíram para a história, mas, para mim, Anne foi sem dúvida a personagem que mais contribuiu, não só para a história, mas principalmente para o desenvolvimento de Tony. Ambos perderam alguém, ainda que em circunstâncias diferentes, e ver a dualidade de perspetivas quanto à forma como se lida com essa perda não só ajudou a esse desenvolvimento, como proporcionou momentos extremamente bonitos e emocionantes. Dessa forma, a amizade entre Tony e Anne, a par da relação dele com Lisa e Brandy, foram definitivamente das melhores coisas de After Life.