[Contém spoilers]
Temporada: 18 (Parte 1)
N.º de episódios: 8
Depois da desastrosa temporada anterior, Grey’s Anatomy só tinha como melhorar nesta sua 18.ª jornada. Quer dizer, as coisas podiam ter continuado a dar para o torto, mas afastarem-se da temática da pandemia foi a direção certa para a série e representou uma grande melhoria, tanto em termos de histórias, como de diversidade de casos médicos e recuperou algumas velhas boas emoções. No entanto, não deixa de ser uma série que já não tem muito de novo para nos oferecer.
O melhor de tudo no conjunto destes oito episódios foi termos assistido ao regresso de Kate Walsh/Addison Montgomery, que é a verdadeira rainha do universo desta série. Só foi pena que a sua “visita” tenha sido tão curtinha. Já o regresso de Scott Speedman ao papel de Nick Marsh não foi tão interessante (não acho que o tenha sido de todo) e só prova que a série adora formar casais. Ninguém pode estar sozinho durante um bocado?
Tivemos ainda a adição de um novo elemento ao elenco, E.R. Fightmaster, que dá vida a Kai Bartley. Pontos a favor de Grey’s Anatomy por promover a representatividade, pois tanto Fightmaster como a própria personagem são non-binary. Kai dedica-se à investigação médica, integrando o projeto para encontrar uma cura para a Doença de Parkinson em que Meredith e Amelia estão a trabalhar. É também aqui que entra o David Hamilton de Peter Gallagher, personagem que tem ligações ao passado de Ellis Grey. Percebo a importância de uma série médica contar este tipo de história, mas não foi das minhas preferidas. Hamilton não só financia todo o projeto, como é também parte diretamente interessada no seu sucesso, pois sofre de Parkinson. É uma coisa que sempre me desagradou nesta série: o quanto os casos têm que estar sempre tão intrinsecamente ligados aos próprios problemas dos personagens. Acontece tantas vezes que até chateia!
O que também continua a ser igual é o quanto as vidas amorosas destes médicos são uma confusão. Amelia e Link já não fazem qualquer sentido e enquanto ela sabe bem disso, ele continua a sonhar. A coisa entre Amelia e Kay tem estado a desenvolver-se, mas não acredito que tenha futuro. Meredith, enquanto mãe solteira de três miúdos ainda pequenos, a conjugar trabalhos importantes em dois estados diferentes, ainda consegue arranjar tempo para se envolver com Nick. E também existe um climazinho entre ela e Hayes, certo? Se bem que agora também acho que pode estar a ser “plantada” qualquer coisa entre Hayes e Megan. Nem vale a pena tentar acompanhar, porque dificilmente alguma destas relações vai durar! Pior de tudo: agora Jo, de repente, está apaixonada por Link. A sério, deem-me paciência! Foi, literalmente, do nada! Jo tem sido a melhor personagem da série nos últimos anos e não precisava de uma história que tem tudo para ser foleira. Porque é que ela e Link não podiam continuar a ser amigos, sem complicações?
E por falar em complicações, apresento-vos o novo método que Richard desencantou para ajudar os residentes a aprenderem. Em que consiste? Basicamente, eles vão operar mais, ficando com as partes mais simples das cirurgias. Isto em teoria parece uma boa ideia, mas já deu asneira. Excesso de confiança pode tornar os residentes irresponsáveis, achando-se capazes de tarefas que nem sempre estão ao alcance das suas capacidades. Como estamos a falar de uma área em que um erro é fatal, todos os cuidados são poucos. Bailey estava tão cética quanto eu desde o início e agora acredito que irá acabar com o método. O próprio hospital já não é o que era, apesar de estar cheio de cirurgiões de classe mundial. Parece que nenhum residente tem interesse em ir para lá trabalhar. Ainda há exceções, mas parece que os médicos jovens se deixam atrair por outro tipo de coisas quando chega a altura de escolher um hospital. No entanto, estou curiosa para ver o novo “aluno” de Bailey, que foi para Seattle com o único objetivo de aprender com ela.
Nunca vi Grey’s Anatomy pela parte médica, mas sim porque gostava genuinamente dos personagens e me preocupava com eles e continua a ser na parte em que apela às emoções que a série se sai melhor. O episódio que fez crossover com Station 19 (série que não vejo) foi bastante bom a recuperar um bocadinho dessa emoção e Bailey com aquela criança adorável que tinha acabado de perder o pai… Quase chorei um bocadinho. Numa nota mais levezinha, também gostei que tivessem abordado a questão do menino da Teddy e do Owen gostar de vestir roupas que são aquilo a que se chamaria tipicamente de menina. Os dois estão bem com isso, mas Teddy mostra-se receosa do que isso possa significar para Leo devido ao preconceito das pessoas. É um sentimento natural!
Tivemos direito a um episódio focado no Dia de Ação de Graças e este winter finale tem um ambiente muito natalício. São episódios que acho sempre que funcionam bem porque também apelam a sentimentos fofinhos, se bem que este final de temporada foi bastante tenso. Mais uma vez, a série insiste em colocar em perigo as vidas de vários personagens (com um a habilitar-se ainda a morrer) e em criar montes de drama, o que é um bocado cansativo. É certo que o episódio foi bom, com várias histórias interessantes, mas é preguiçoso recorrerem sempre a estas situações extremas para agarrar os espectadores. Conseguiram agarrar-me ao episódio, mas a verdade é que a série já não consegue deixar em mim uma impressão duradoura, como nos velhos tempos em que passava as pausas ansiosa com o que aí viria. Já não me preocupo com os personagens da mesma maneira, nem com as suas histórias. Nem a banda sonora, que era fantástica, é a mesma coisa, nem nada que se pareça. O elenco é bom, desde que não deem cenas muito dramáticas a Ellen Pompeo, mas já nada é o que era. Continuo a ver mais por fidelidade do que por qualquer outra coisa e sei que não sou a única.
Melhor episódio:
Episódio 3: Que outro episódio que não o que marcou o regresso de Addison podia eu escolher? Não só a personagem é a minha segunda favorita de sempre de Grey’s Anatomy (a Callie vai ser sempre a minha preferida, por muito que Kate Walsh seja uma verdadeira rainha), como representa uma parte importante da história desta série. Ainda por cima, tinha-se passado tanto tempo desde que a vimos pela última vez… Addison é engraçada, é brilhante e tudo aquilo de que é fácil gostar-se numa personagem. Além disso, o seu regresso proporcionou o reencontro com Amelia. Resumindo: deu para matar saudades de uma personagem querida e a verdade é que as cenas de Addison trouxeram bastante emoção.
Personagem de destaque:
Megan Hunt (Abigail Spencer): Pode parecer uma opção estranha, mas Megan é uma personagem muito interessante desde o início e o seu regresso foi uma coisa boa. O elenco de Grey’s Anatomy continua a ser muito grande, o que não permite que se dê grande destaque a todos os personagens, mas Megan, apesar do relativo pouco tempo de ecrã, conseguiu marcar a diferença. Não apenas porque a sua própria dinâmica com Owen e Teddy é gira, porque é mais uma boa personagem e cirurgiã, mas porque todas as histórias à volta dela se têm revelado interessantes. Espero que fique tudo bem com o filho dela e que Spencer venha a tornar-se um membro mais proeminente da série. Livrava-me já de uns 4 ou 5 personagens só para dar mais tempo de ecrã a Megan!
Diana Sampaio