[Contém spoilers]
Temporada: 2
Número de episódios: 10
Depois de um final inquietante, a 2.ª temporada de Emily in Paris vem trazer algumas respostas e colocar ainda mais questões em cima da mesa. A série sempre foi sobre a autodescoberta de Emily, quer na sua vida pessoal, quer na sua vida profissional, e conseguiu mantê-lo durante esta temporada, dando ainda um passo mais além, permitindo-nos seguir de perto a vida de Mindy e também saber um pouco mais sobre personagens como Sylvie, Julien e Luc. Até à data, a 3.ª temporada não foi confirmada, mas há muito por onde pegar caso seja, o que considero um aspeto positivo.
A vida profissional de Emily deu uma volta de 180 graus, e a americana vê-se a abandonar a sua companhia-mãe e a possibilidade de uma promoção para se juntar aos seus companheiros franceses numa nova empresa – parece que é desta que Emily irá aprender mesmo francês! Todas as cenas relacionadas com o trabalho da protagonista são muito interessantes e o desfile final acaba por ser bastante divertido. Ainda assim, senti que, desta vez, a vida pessoal de Emily se meteu muito no meio da profissional, o que acabou por ser um pouco anticlimático. Já não vimos tanto a mulher brilhante da 1.ª temporada e podemos dizer que ela se está mesmo a tornar numa autêntica francesa (tal como são descritas estereotipadamente na série). De qualquer forma, é também interessante ver como Emily está cada vez mais adaptada à cultura francesa e como já não tenta impor as suas ideias do outro lado do oceano da mesma forma.
Obviamente não podemos falar de Emily Cooper sem mencionar a sua vida amorosa e as suas amizades. Comecemos pela parte positiva: não houve nenhum drama entre ela e Mindy, apenas pura amizade. Já com Camille, achei todo o enredo uma valente porcaria e nada realista. Quer o pacto de nenhuma delas namorar com Gabriel, quer a sua mãe estar a tentar aproximá-lo da família, foram momentos muito à escola secundária. E, claro, aquele final em que Camille acaba por quebrar o pacto é só doentio. Obviamente, Emily ia fazer o mesmo, mas acabamos por seguir todo o processo de pensamento da protagonista enquanto que com Camille não temos essa oportunidade. É triste que a amizade delas se tenha arruinado por um homem, mas também estava condenada desde o início quando deixou de haver honestidade por parte de Emily e, agora, por parte de Camille. Saltando para os namoricos de Emily, o que ela fez a Mathieu foi só triste e pareceu muito síndrome de protagonista, pois ele não merecia ser usado da forma como foi. E agora com Alfie, não sei o que pensar. A forma como elaboraram toda a temporada dá a entender que a única pessoa com quem Emily tem e terá química verdadeira é Gabriel e mais ninguém, o que de certa forma é dececionante, pois nunca serão um amor épico depois de tudo o que tem acontecido entre eles e a forma como têm usado as pessoas à sua volta. Se os fãs dizem que Gabriel não é boa pessoa por ter voltado repentinamente para Camille, Emily não fica atrás. A diferença é que seguimos todas as suas dúvidas e remorsos e por isso geramos mais empatia por ela, mas que não haja engano, são farinha do mesmo saco: personagens sem muito amor próprio que precisam que alguém lhes preencha esse vazio.
Devo dizer que não há muitas séries que eu consiga ver de uma assentada, mas Emily in Paris consegue ser uma delas. Ainda que ache que a 2.ª temporada não foi tão boa como a sua precedente, continua a ser uma ótima companhia para descontrair durante uma tarde. Mal posso esperar pela próxima temporada!
Melhor Episódio:
Episódio 8 – Champagne Problems – O nome do episódio por si só já é qualidade, mas foi o meu favorito por todo o enredo de Sylvie com o seu novo namorado. A personagem consegue dar a volta a um romance entre pessoas com uma grande diferença de idades, que deixa algumas pessoas confusas, e transformá-lo em algo inteligível para a audiência. Para além de Sylvie sair empoderada do episódio, o pai de Camille também proporciona gargalhadas com a sua promoção do champanhe.
Personagem de Destaque:
Alfie (Lucien Laviscount) – Decidi escolher Alfie porque acabou por ser um novo personagem ternurento e bastante divertido. Andou ali um pouco no cliché, mas conseguiu inserir-se na perfeição no ambiente da série.
Ana Leandro