The Chi – Review da 4.ª Temporada
| 08 Ago, 2021

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[Contém spoilers]

Temporada: 4

Número de episódios: 10

The Chi, a série que acompanha a vida de um grupo de residentes de Chicago, despediu-se da sua 4.ª temporada no passado dia 2 de agosto. Esta temporada consegue manter o alto nível de qualidade a que já nos habituou, mas perde-se um pouco no rumo das diversas personagens. Desta vez, várias relações são colocadas à prova e são explorados temas relacionados com o que significa crescer no bairro e qual o papel de uma comunidade e da família nos piores momentos.

Para o trio, Kevin, Jake e Papa, a temporada testou realmente os limites da sua amizade. O conflito de adolescentes que envolveu Jemma começou como um drama desnecessário, mas acabou por fazer as personagens crescer. Kevin (Alex R. Hibbert) aprendeu a seguir a sua própria felicidade e a deixar de se agarrar a uma relação, enquanto Jake (Michael Epps) teve a oportunidade de ser mais maduro e mais sincero tanto com Jemma como também com o seu irmão Trig.

As personagens que tiveram a oportunidade de crescer, mas acabaram por não evoluir foram Emmett (Jacob Latimore) e Tiff (Hannaha Hall). Após tantas traições por parte de Emmett, o casal chega finalmente a um momento decisivo da relação em que se veem obrigados a escolher entre uma relação aberta ou a separação. Foi interessante assistir ao desenvolvimento desta ideia que no papel parecia tão perfeita e, no entanto, acaba por não resultar. Por um lado, foi ótimo ver Emmett a perceber o valor da sua relação e a finalmente comprometer-se a ser monógamo; por outro, a reação de Tiff deixou-me com muitos mixed feelings. É perfeitamente compreensível que Tiff não acredite mais na palavra do namorado quando diz que desta vez vai ser fiel, pois já ouviu isso muitas vezes. No entanto, voltar a aceitar uma relação exclusiva para a quebrar meras horas depois foi extremamente desapontante. Contudo, sob uma visão mais objetiva, acho que a decisão dos escritores para a personagem faz sentido. Tiff ficou grávida muito cedo, nunca teve a oportunidade de explorar outras relações e depois de tanto tempo a ser enganada por Emmett gostou demasiado da sua liberdade na relação aberta para a deixar escapar assim. Não sei como a série vai lidar com este duo na próxima temporada, mas não prevejo um futuro brilhante.

Continuando no tópico de Emmett, uma história que pensei que fosse acabar pior foi a da sua mãe, Jada (Yolonda Ross). Foi bom assistir ao desenrolar de uma história que não acaba com um fim trágico, mostrando a força da comunidade que nunca deixou de apoiar a personagem, agora mais do que nunca. Foi também satisfatório ver Emmett a reconhecer o valor da mãe e a assumir as devidas responsabilidades. 

Já Kiesha teve uma temporada um pouco caótica, mas com uma luz ao fundo do túnel. Para uma personagem que passou por um trauma tão grande na 3.ª temporada, não se esperaria uma temporada calma, mas a verdade é que Kiesha ainda sofreu bastante. A storyline do bebé foi um pouco previsível e não tão bem explorada como eu estava à espera. Sinto que a história da personagem esteve mais focada no seu novo interesse amoroso do que na recuperação do trauma e no seu novo papel como mãe. Percebo que é interessante ver como a jovem reage a esta nova intimidade e como é difícil vê-la a tentar confiar novamente em alguém, mas era preciso termos passado mais tempo com Kiesha para entender realmente o que ela está a passar. Foi uma história que ficou um pouco para segundo plano, infelizmente.

Por fim, umas notas finais para dizer que espero que Douda esteja realmente fora do plano nestes próximos tempos. Acho que a sua história deixou de ser interessante e estou expectante para ver se Roselyn vai voltar para o seu lugar. Dre pareceu ter mais destaque esta temporada e gostei muito de saber mais sobre o seu passado, pois deixou de ser a “mulher de Nina” e começou realmente a ter a sua própria história. Acho que o seu papel como mentora de Lynae vai ser uma dinâmica interessante.

É impossível não reparar que The Chi se perdeu um pouco desde a saída de Brandon como personagem principal. Apesar de uma 3.ª temporada bastante forte, acho que esta temporada não foi a melhor, pois as personagens andaram um pouco à deriva, sem um foco claro a indicar para onde se dirigiam. No entanto, continua a ser das melhores séries que vejo em termos de guião, cinematografia e atores. Espero que sem os impedimentos da pandemia a 5.ª temporada esteja aí para trazer The Chi de volta ao seu auge.

Melhor episódio:

Episódio 5 – The Spook Who Sat By The DoorLembro-me de acabar este 5.º episódio e pensar: “isto é The Chi“. É um episódio que tem como tema a comunidade de Chicago e, a partir do uso de várias storylines de diferentes personagens, consegue mostrar a importância da intimidade, entreajuda e amor que existe entre os diferentes habitantes, quer sejam amigos, família ou vizinhos. Além do tema, tem uma imagem incrível, especialmente quando Keisha está em trabalho de parto e é ajudada por todas as mulheres da sua vida. Foi uma imagem tão poderosa que ainda hoje penso nela. Sem palavras, resumiu totalmente a relação entre aquelas personagens.

Personagem de destaque:

Kevin Williams (Alex Hibbert) – Kevin é das personagens que me é mais querida porque tive a oportunidade de o ver crescer desde que era uma criança na 1.ª temporada e, por isso, vê-lo evoluir (não só fisicamente, mas principalmente emocionalmente) é muito especial. Nesta temporada, Kevin é confrontado com os seus traumas, ao mesmo tempo que experiencia os altos e baixos da sua primeira relação amorosa e a constante evolução da sua amizade com Jake e Papa. É fantástico observar o pequeno Kevin a tornar-se adolescente e a cometer erros, mas a aprender com eles. O meu desejo é que a sua vida seja ligeiramente mais fácil na próxima temporada, pois já sofreu muito, apesar da sua tenra idade.

Ana Oliveira

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