Leverage: Redemption – Review da 1.ª temporada (Parte 1)
| 03 Ago, 2021

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[Contém spoilers]

Leverage: Redemption é um revival que dá continuidade à série-mãe alguns anos após o final de Leverage. Volta a juntar a equipa e conseguem fazer alguns golpes (cons) maravilhosos, nomeadamente o de mostrar que nem todos os revivals são maus. Tudo bem que o elenco está com algumas alterações, nomeadamente a ausência de Ford e o pouco tempo de antena de Hardison, mas o sentimento está lá, a mística, tudo. Conseguiram recriar quase exatamente o que tornava Leverage uma série gira e leve de se ver. Em suma, gostei muito.

Primeiro, um pouco sobre o enredo. Hardison (Aldis Hodge), Parker (Beth Riesgraf) e Elliot (Christian Kane) deram seguimento ao seu sonho de fundar um Leverage International, onde não se limitavam a ajudar pessoas nos Estados Unidos, mas sim por todo o mundo, operando através de diversas equipas. Eu com 16 anos, quando adorava Leverage (sim, tenho desculpa, tinha 16 anos), pensava que se houvesse uma continuação seria focada nesta vertente do International. Mas não, decidiram voltar a juntar o gangue em solo Americano, com Sophie (Gina Bellman), Hardison, Parker e Elliot a fazerem um último golpe. Ford morreu no tempo que separa o final de Leverage do início de Redemption (se bem que o ator foi deixado de fora por outros motivos e escândalos que  protagonizou).

Durante este golpe no museu encontram um advogado, ele próprio a fazer um golpe de uma forma muito amadora, e decidem ajudar, e é assim que começa o plot para esta temporada (e outras que venham). A entrada de Harry (Noah Wyle) no grupo dá-lhes a justificação que precisavam para se unirem novamente – Harry era um advogado que ajudou muito má gente a escapar de processos criminais e finalmente deixou a sua consciência levar a melhor dele quando se sentiu enganado por um cliente. Por fim, a presença de Hardison não dura mais do que dois episódios e dão o contexto para ele se afastar, uma vez que o ator se encontrava a realizar outros projetos. Não deixa de ter sido bonito da parte dele fazer o esforço para participar e ainda podermos ver um pouco do velhote bom Hardison. A sua substituta encontra-se à altura, tratando-se de Breanna (Aleyse Shannon), a sua irmã adotiva.

A ausência de Nate (Timothy Hutton) nota-se, e bastante, mas foi eclipsada da melhor forma possível. A presença de Harry não vem, de forma alguma, como uma tentativa de substituir Nate na equipa. Não há, até agora, qualquer indício romântico entre ele e Sophie (e ainda bem), nem tenta ser o mastermind que cria os planos. Harry tem o seu próprio set de skills, nomeadamente todo o seu conhecimento legal e financeiro. Encaixou muito bem na equipa e fomentava muitos momentos cómicos, quando não entendia as inside jokes do grupo, ou quando os restantes aguardavam que Sophie dissesse a icónica frase que lançava todos os golpes “Vamos roubar…” (“Lets steal a Rembrandt – exemplo). O caso de Breanna já é um pouco diferente porque se trata de uma substituição direta, uma hacker por um hacker, no entanto, mais uma vez, a forma como Dean Devlin e a sua equipa planearam isto mostrou ser digna da reputação de Nate Ford. Introduziram Bre ainda com Hardison presente e mostraram que este gostava e confiava nela, e que a queria proteger, fazendo com que o fandom de Leverage a aceitasse de braços abertos.

Esta primeira parte foi bastante gira e engraçada de se ver. Foram apenas oito episódios, e ainda nos faltam mais oito quando sair a segunda parte, e cada personagem teve o seu mini arco, desde Harry a perceber que não basta uma boa ação para compensar tudo o que foi feito e que é um longo caminho, Breanna a deixar de tentar comparar-se com o irmão e a tentar ganhar o respeito de Parker, Sophie a ultrapassar a perda de Nate, Elliot com o seu interesse amoroso (presumivelmente) e Parker apenas a ser a Parker, o que a levou desde sempre a tornar-se uma das favoritas dos fãs. A banda sonora está no ponto certo e a realização está ainda melhor do que na série original. Afinal de contas as produções subiram muito de qualidade nos últimos anos.

Em suma, diverti-me, como é suposto divertir a ver uma série deste género. É uma série de ação, não é com o objetivo de passar uma mensagem mas sim de entreter. E entretém. O melhor elogio que posso fazer é que não se nota grande diferença de Leverage para Leverage: Redemption. Conseguiram manter-se fiéis e em parte foi por terem conseguido usar muitos dos mesmos atores. Irei ver com bastante agrado a segunda parte desta temporada, mas deixo aqui o apelo para que não prolonguem isto por tantas temporadas que no final o elenco já está completamente diferente. Uma aventura de duas a três temporadas parece a medida correta para aquilo que é um regresso à infância, ver novamente estes Robins dos bosques modernos a defender o povo.

Melhor episódio:

Episódio 1 – The Too Many Rembrandts Job – Estive muito indeciso entre três episódios para o título de melhor episódio. O último era uma possível escolha, pela homenagem a Nate e à falta que ele faz ao grupo, depois o que achei mais divertido foi o episódio seis relacionado com o jogo de fantasia e um evento semelhante a uma feira medieval. No entanto, acabou por ser o primeiro episódio escolhido e o principal motivo é que não precisei de mais do que dez minutos para decidir que ia ver a temporada toda até ao fim, e que estava ali a respirar a essência que era Leverage. Era tal e qual como me lembrava da série, e conseguirem recriar isso anos depois (e quando há inúmeros exemplos de vezes que as séries fracassaram nisto) merece o destaque de melhor episódio, a química entre o grupo continuava lá, o mesmo estilo de golpe, de história. Foi pura nostalgia.

Personagem de destaque:

Harry Wilson (Noah Wyle) – Noah já tinha contracenado com Christian Kane, o ator que interpreta Elliot, em The Librarians, mas a forma como se conseguiu encaixar com a restante equipa, naturalmente, mostra o bom trabalho que o ator fez, e o bem que a sua personagem foi escrita. Além disso, é ele que traz o combustível, a missão para juntar o grupo novamente e regressarem aos bons velhos tempos.

E vocês o que acharam?

Por curiosidade, alguém viu esta série sem ter visto o Leverage original?

Raul Araújo

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