Atypical – Review da 4.ª Temporada
| 15 Jul, 2021

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[Contém spoilers]

Temporada: 4

Número de episódios: 10

Com imensa pena minha, Atypical, a série de drama e comédia que acompanhava Sam (Keir Gilchrist), um jovem no espectro autista, chegou ao fim após esta 4.ª temporada. Apesar de custar sempre um pouco despedirmo-nos de uma série, ainda para mais quando gostamos tanto dela, não podia estar mais contente com esta temporada final. É obvio que preferia que Atypical tivesse continuado, mas a série contemplou-nos com quatro excelentes temporadas, as quais podemos sempre rever.

Relativamente a esta 4.ª temporada de Atypical, começamos por ver Sam e Zahid (Nik Dodani) a adaptarem-se à nova realidade de morarem juntos, tarefa que ao início se mostrou complicada, mas que eventualmente se resolve. Apesar de ter sido um dos focos principais do primeiro episódio e um ponto importante, em geral, nesta temporada, o que acaba por se destacar mais é a história individual de cada um destes personagens, ainda que, de certa forma, nunca deixem de estar interligados, quer pela amizade, quer pelo facto de agora morarem juntos. Sam descobre qual o seu propósito futuro, viajar para a Antártida, enquanto Zahid descobre que terá de ser operado e ficará sem o testículo direito como consequência de um cancro.

Quanto à história de Sam, penso que nem poderia ser e/ou acabar de outra forma. Desde o início que vemos o quanto ele é fascinado por pinguins e o quão vasto é o seu conhecimento relativo à vida selvagem em geral. Inclusive, Sam recorre constantemente a analogias da vida selvagem como forma de explicar e até mesmo lidar com todas as situações que vão acontecendo ao longo das temporadas, não só com ele, mas com todos em seu redor. Dessa forma, nada melhor do que visitar a Antártida, o habitat natural dos pinguins, ainda para mais na companhia do seu pai, Doug (Michael Rapaport).

Embora este tenha sido um final feliz para Sam e eu não o conseguisse imaginar de outra forma, não posso deixar de referir o quanto chorei com o final da relação dele com Paige (Jenna Boyd), ainda que este, de certa forma, não tenha sido um final definitivo (pelo menos eu quero acreditar que não). Apesar de ser algo triste, foi um momento muito bonito de ver e que mostrou uma maturidade enorme por parte dos personagens. Confesso que estava a ficar um pouco desanimada com a forma desinteressada com que Sam tratava Paige nesta temporada, mas definitivamente aquela conversa entre eles compensou, e muito, isso. Através desta conseguimos ver efetivamente o quanto Sam gosta e se importa com Paige, a ponto de a incentivar a ir trabalhar para a Georgia, mesmo que isso significasse uma separação entre eles. Se havia alguém que merecia uma oportunidade dessas definitivamente era Paige, não só por tudo o que passou nestas últimas duas temporadas, mas principalmente pela excelente pessoa que é, particularmente com Sam. Ver Sam a reconhecer isso, por mais heartbreaking que fosse, encheu-me o coração.

Relativamente a Zahid, a possibilidade de ele vir a ter cancro nunca foi algo que me passou pela cabeça. Apesar de ser algo bastante complicado, gostei da forma ligeira como a série abordou o tema e como isso, de certa forma, no final, o levou a ser uma pessoa diferente, especialmente no que concerne a relacionamentos. Não que Zahid fosse um mau personagem; pelo contrário, sempre gostei bastante dele e da sua amizade com o Sam, mas na minha perspetiva foi bom ver esse outro lado dele, ainda que tenha sido só por breves momentos. Embora tenha gostado da forma leve como abordaram este tema, quer-me parecer que se a série não tivesse terminado nesta 4.ª temporada, este e outros temas, como por exemplo a doença da mãe de Elsa, que me pareceu estar a sofrer de Alzheimer, teriam sido abordados de forma diferente e/ou até mesmo de forma aprofundada.

Também nesta 4.ª temporada de Atypical, Casey (Brigette Lundy-Paine) e Izzie (Fiver Stewart) começaram a namorar. Confesso desde já que, tal como Doug, nunca fui grande fã de Izzie (lê-se nunca gostei dela), ainda que consiga perceber o que é que a personagem tentava representar. No entanto, ao contrário do que eu estava à espera, visto que também não sou fã da forma como as coisas começaram, até gostei bastante de ver a relação entre ela e Casey nesta temporada. Especialmente porque possibilitou ver um outro lado de Casey. Duvido que tenha sido a única a ficar de sorriso na cara ao ver a cena em que Casey ensina Izzie a andar de bicicleta, ou a achar fofo quando Casey fez cartas de tarot só com coisas boas e cheias de significado para a Izzie ou ainda quando ela lhe diz que será o seu sistema de apoio. Mesmo não estando muito convencida quanto à relação delas, foi impossível ficar indiferente a momentos como este.

Apesar de ter gostado bastante desta temporada, e especialmente do final, não podia deixar de referir o quanto senti falta de ver mais momentos envolvendo Evan. Não sei quanto a ti, mas eu adoro o Evan de coração e gostava de ter visto um pouco mais dele nesta temporada. Por falar em Evan, o que eu me ri com os vídeos que a irmã dele mandava a Casey! Sem dúvida nenhuma que foram das coisas mais engraçadas desta temporada!

Posto isto, só me resta reafirmar que esta 4.ª temporada de Atypical está simplesmente sensacional e que não podia ter pedido melhor final. As minhas expectativas estavam altas, mas ainda assim foram superadas! Definitivamente, esta série vai deixar saudades (mal terminei o último episódio, já queria rever tudo), mas fico feliz com as quatro temporadas que a compõem.

Melhor Episódio:

Episódio 1 – Sinto que a temporada não podia ter começado melhor. O episódio conseguiu conciliar momentos divertidos com momentos dramáticos e ainda abordar temas importantes (ou pelo menos chamar a atenção para estes), mesmo que de forma subtil. Alguns exemplos disso são: Clayton ter um grupo de apoio à comunidade estudantil LGBTQ+, mais especificamente o grupo GSA (Gender & Sexuality Allience); a referência à forma de utilização dos pronomes; e a conversa de Casey com Doug, em que ela lhe diz que namora com Izzie. Esta conversa proporcionou um momento extremamente bonito, mas acima de tudo natural, ao contrário do que Casey pensava que ia ser: estranho e constrangedor. Apesar de eu já antecipar que Doug ia aceitar bem o facto de Casey estar com uma rapariga, fiquei com receio que a série, para fins dramáticos, tentasse transformar isso num “conflito”, ainda para mais quando Casey parecia tão relutante em contar ao pai. Mas felizmente isso não aconteceu, dando-nos um significativo exemplo daquilo que deveria ser a realidade.

Personagem de Destaque:

Casey Gardener – A maior parte dos personagens de Atypical poderia ser escolhida como personagem de destaque, pois um dos pontos fortes da série é exatamente os personagens. Mesmo com o foco em Sam, todos os personagens têm a sua relevância e aos poucos (ou até mesmo instantaneamente) vão conquistando o nosso coração. Temos o exemplo de Zahid, Paige e até mesmo de Evan, que apesar de não ter estado tão presente nesta temporada, faz parte do leque de personagens por quem nutro um enorme carinho. No entanto, à medida que a temporada se desenrolava, a escolha óbvia parecia recair em Casey. Apesar de Casey ter sido sempre uma personagem importante ao longo das temporadas anteriores, nesta temporada parece ter ganho ainda mais destaque, inclusive é ela quem narra o 8.º episódio (que também cheguei a ponderar escolher como episódio de destaque).

Desde o início que gostei muito da personagem dela, não só pela sua história e personalidade, mas principalmente pela relação com Sam. Muitos foram os momentos fofos e de apoio entre os dois irmãos que me encheram o coração, especialmente nesta temporada. Independentemente de qualquer problema que Casey pudesse estar a passar, ela colocava sempre isso de lado para ajudar, apoiar e proteger Sam. Mas mais do que protegê-lo, Casey sempre tentou que Sam se superasse, especialmente quando ele duvidava de si mesmo.

Cármen Silva

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