Temporada: 5B
Número de episódios: 8
[Contém spoilers]
Sempre que possível gosto de escrever a minha review sem spoilers, para que um leitor possa saber se a nossa opinião foi positiva ou negativa mas não estragar a história. No entanto, tal não vai ser possível para esta segunda parte da 5.ª temporada de Lucifer, mas vou afastar-me de spoilers até falar do melhor episódio.
Esta foi a penúltima temporada de Lucifer, uma série que tem conseguido fazer o que eu achava impensável – voltar a fazer-me gostar de mais uma série policial, depois de já ter visto tantas. Lucifer, interpretado por Tom Ellis, traz-nos uma perspetiva diferente, uma lufada de ar fresco, misturando momentos cómicos e momentos mais pesados e emotivos, e como a parte um foi mais séria, mais pesada e mais sobre dúvidas próprias que o Diabo tem sobre a sua auto imagem, esta segunda parte começa de uma forma mais leve, e mais bem humorada após o clímax de Deus ter aparecido.
Aqui tenho alguns mixed feelings sobre os primeiros episódios, porque têm momentos muito divertidos, como o episódio onde Deus cria diversos momentos musicais, e Lucifer, mesmo não sendo afetado, gosta tanto de cantar e dançar que alinha contra a sua própria vontade, mas também voltamos a ver um Lucifer mais mesquinho e infantil, dois traços que sempre estiveram presentes mas andavam a ser melhorados, e nesse aspeto vimos Lucifer dar alguns passos atrás e foi algo irritante.
No entanto, a vertente divertida compensa isso e muito, tendo tido a hipótese de assistir a mais momentos musicais, e, acima de tudo, ao episódio 12 (o quarto desta parte), Daniel Espinoza: Naked and Afraid. Este episódio era um candidato sério a melhor episódio, não fossem outros acontecimentos. Está no meu top três de episódios engraçados de Lucifer, quando este decide finalmente vingar-se de Dan, fazendo-o passar por um inferno na Terra. O clímax final e as reações inesperadas a seguir fizeram o episódio.
A presença de Deus é difícil de ignorar e ao longo destes oito episódios todo o enredo principal gira à volta da presença do Pai de Lucifer. A interpretação de Dennis Haysbert (conhecido pelo papel em 24) foi exatamente o que precisava de ser, conseguindo transmitir ao mesmo tempo calma, sabedoria, mistério, uma ligeira irritação e frustração e ainda alguém que por ser tão poderoso não sabia ser um pai presente. Os problemas cósmicos de família sempre foram um dos principais temas da série e isso só aumenta com a chegada de Deus.
Gostei também particularmente de como no mesmo episódio fazem Lucifer parecer querer mais poder por motivos nobres, como o amor, e, quando confrontado por Chloe esse mesmo motivo, parece infantil e de quem é altamente narcisista. A banda sonora está igual a si mesma, tenho playlists no spotify compostas apenas por músicas de Lucifer e até tenho vergonha de dizer que precisei desta série para finalmente descobrir Cage the Elephant, mas no fundo a banda sonora da série é extraordinária e o mundo seria um lugar melhor se todos os sunsets e discotecas tivessem a mesma capacidade de escolha musical.
A nível da produção e da realização, também dá para perceber que é uma série com uma boa produção e bastante dinheiro envolvido e aqui destacaria dois momentos, o primeiro logo no começo do primeiro episódio, quando Deus interrompe a luta entre Lucifer e Michael e vai ver o seu neto pela primeira vez e estamos perante uma janela partida, mas como o tempo parou a janela ficou a meio de se partir, visualmente é um efeito interessante. O segundo momento é sempre que aparece e há interação entre Lucifer e Michael, uma vez que ambas as personagens são interpretadas pelo mesmo ator.
Por fim, o fim. Não vou entrar em grandes detalhes sobre o que acontece, mas o que acontece é bom. Consegue ter plot twists mas que façam sentido e consegue dar-nos o que queremos em parte. O final em si é bom, mais uma vez sabem criar um clímax e deixar-nos a querer que a sexta, e última (infelizmente) temporada de Lucifer chegue, e sobre como as coisas vão mudar daqui para a frente. Espero que a série continue neste registo híbrido de ter alguns episódios com casos policiais, e outros totalmente focados em história.
Em suma, gostei muito e acredito que na próxima temporada Lucifer vai acabar bem, porque uma série ou termina e deixa saudades ou vive tempo suficiente até se tornar má e portanto é bom que vá terminar enquanto nos deixa cheios de boas memórias.
Melhor episódio:
Episódio 15 – Is this Really How It’s Going to End? – [Atenção! Spoilers a partir daqui]. Este episódio tinha que levar o destaque de melhor pela surpresa e pela emoção que consegue criar no espectador. Na guerra entre Michael e Lucifer para ver quem se tornará Deus, este episódio tem um pouco de tudo, começando pelo aparecimento de Deus noutra série, Rob Benedict que faz de Deus em Supernatural aparece para ceifar mais uma vida, mas desta vez em Lucifer, e é a vida de Daniel Espinoza, que é morto como parte do plano de Michael, lançando Lucifer numa espiral de vingança e o restante elenco destroçado. Quando a Chloe dá a notícia a Trixie que Dan, o seu pai, não sobreviveu, cai aquela lágrima, seguida de outra do lado oposto da cara. Foi um bom episódio de despedida de uma personagem acarinhada por todos.
Personagem de destaque:
Daniel Espinoza (Kevin Alejandro) – Não há muito mais a falar do que o que já foi dito no episódio de destaque, mas não é apenas por morrer que Dan recebe o prémio de personagem de destaque, mas também porque evoluiu mais do que Lucifer ou Chloe nesta temporada, aprendeu a viver consigo próprio, resolveu os seus problemas com Deus, e com o facto de ter dormido com a ex-mulher de Deus, e protagoniza dois episódios muito opostos e muito especiais. O episódio mais engraçado e o mais triste.
E vocês o que acharam?
Raul Araújo