“Eu conheço bem a favela, grande parte dos meus sonhos morreram aí”. É através deste mote do nosso narrador Victor Dantas (Flávio Tolezani) que começamos uma alucinante viagem pelos meandros da cocaína, a sua introdução no Brasil e o consequente efeito arrasador em milhões de famílias. A 1.ª temporada de Dom é passada entre a pesada ditadura brasileira dos anos 70 e o início da explosão da droga no Rio de Janeiro, nos anos 90. Andamos ao sabor da moca descontrolada e estilo de vida sem limites de Pedro ‘Dom’ (Gabriel Leone) e do seu grupo “favelado”.
Dom é uma produção da Amazon Studios extremamente crua e emotiva (com especial destaque para a banda sonora eletrizante e edição superior), que se centra em relações familiares, amizade e disputas de poder para nos fazer refletir sobre as consequências das nossas decisões e como pequenos eventos podem despoletar grandes mudanças. Abrindo cicatrizes marcantes naqueles que nos rodeiam. Esta é uma das principais valências da série, pois tem a particularidade de conseguir agarrar-nos em eventos chave que são depois desconstruídos, de forma magistral, através da introdução de transições temporais que nos fazem sentir o impacto do passado das personagens e o que os fez chegar a estes eventos.
“Eu lutei contra a cocaína a minha vida inteira. Eu era exatamente como o meu filho: jovem, orgulhoso e inconsequente.” Pai e filho são a antítese um do outro, mas, no seu oposto, transportam a mesma essência. Trata-se de uma luta incessante por liberdade e afirmação, criando um rasto de destruição à sua volta pela forma abusiva como se comportam e relacionam. Victor pelo modo cego como persegue o altruísmo e os bons valores, centrando-se demasiado no filho, e cometendo excessos para impedir que este se torne naquilo que mais abomina. Pedro, um jovem brilhante, mas errático, que encontra no morro a marginalidade e risco que o alimenta. Ambos estão conectados pela droga. Um por não conseguir viver sem ela, o outro pela obsessão em erradicá-la.
A 1.ª temporada de Dom encontra os seus intervalos lúcidos no remorso de Pedro e nos flashbacks do seu pai Victor, acompanhando o início da sua jornada na polícia federal, a sua atual luta pela salvação do filho e do próprio Rio de Janeiro, da pandemia alucinogénica em que se encontram mergulhados.
Melhor Episódio:
Episódio 3 – Destiny with a Capital D– Este episódio constitui a grande mudança no paradigma da história e é o que melhor expõe as semelhanças e gritantes diferenças de Victor e Pedro. É o episódio em que mais nos relacionamos com o narrador e o poder das suas palavras e é igualmente neste que testemunhamos a ascensão de Pedro no morro.
Personagem de Destaque:
Victor Dantas – O narrador de Dom leva-nos numa poderosa jornada de arrependimento e atos bem intencionados que raramente foram bem sucedidos. Emocional e reativo, é o narrador ideal para esta história, fazendo-nos sentir o peso e poder da sua mágoa em cada letra que escreve na sua máquina.
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