[Não contém spoilers]
Temporada: 3
Número de episódios: 6
Quando um simples dia da semana, que todos sabemos ser quarta-feira, começa a parecer um domingo então algo de estranho está a acontecer. E aconteceu. A nova e última temporada de The Kominsky Method, que chegou hoje ao catálogo da Netflix, começa a parecer apenas mais uma aborrecida e simples quarta-feira, mas acaba a ser um bom fim de semana. O único problema é que é curtinha, senão até podia ser feriado na segunda!
Tal como no início das outras temporadas, em que começo pouco entusiasmado e sem grande vontade de ver, acabei esta com vontade de acompanhar e saber mais sobre a vida destas pessoas e as suas relações interpessoais. O drama e a comédia encaixaram mais uma vez bastante bem. Apesar de não ser uma temporada que nos proporcione muitas gargalhadas, põe-nos um sorriso na cara e também consegue tocar-nos com um drama particular e bem explorado. Claro que as coisas nem sempre fazem o maior dos sentidos. Mas será que isso importa? Na verdade, o que é isto de fazer sentido? Deixo aqui a pergunta no ar.
Confesso que estava à espera que a 3.ª temporada pegasse nos últimos acontecimentos da anterior e avançasse a partir daí, mas as coisas não acontecem dessa maneira. De facto, esta temporada transforma-se numa completamente diferente das últimas duas (quando vires os primeiros minutos do primeiro episódio vais claramente perceber do que falo). Somos levados para caminhos sem retorno e passamos a ver com mais profundidade personagens às quais até aqui não tínhamos prestado tanta atenção.
Mas não é só a nós que esta história final vai causar espanto… os próprios protagonistas vão ter muitas surpresas inesperadas relacionadas com dinheiro (muito dinheiro), amor, morte e sonhos que se realizam ou outros que nem tanto (ou seja, mais um dia normal numa temporada de The Kominsky Method). Podemos esperar um desfecho para cada um deles, ou será apenas um novo começo? Tudo depende do ponto de vista.
“But it gave my anus confidence, and that’s half the battle”. Com frases assim se destacou a série e com estes últimos seis episódios (muito contra a minha vontade) chegou ao fim. Pelo caminho ficaram muitos ensinamentos sobre a parte chata e dura de envelhecer, mas ao mesmo tempo sobre a idade mais avançada poder não ser assim tão má e ter muitos brilhos tardios. Espero que gostes tanto quanto eu. Venham mais destas!
Melhor episódio:
Episódio 4 – Podia facilmente ter escolhido o último episódio, que nos apresenta todo o culminar de uma história de três temporadas e representa o fim de uma etapa. Contudo, é neste que as novidades maiores acontecem e onde atores convidados têm minutos de palco (com uma cena interessante logo a abrir).
Personagem de destaque:
Roz Volander (Kathleen Turner) – Tirando Sandy, a temporada foi dela e sem ela não teria o mesmo impacto. Trouxe uma dinâmica diferente, mostrando-nos pela primeira vez verdadeira profundidade numa relação entre um ex-casal na série. Ao mesmo tempo, ficamos a conhecer um lado diferente de Sandy Kominsky (Michael Douglas) que até aqui não tínhamos visto. É sempre bom ver um ex-casal a dar-se bem. Se pudesse escolher um par, e não apenas uma personagem, destacá-los-ia aos dois.
Filipe Tavares