Spy City – Review da Minissérie
| 25 Mai, 2021

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[Não contém spoilers]

Minissérie

Número de episódios: 6

A minissérie Spy City é um fiel quadro da expressão Guerra Fria. Para os amantes de filmes de espiões, a ação é bem menor do que aquela que o género nos habituou. Tal como o período em questão, as casualidades e os estilhaços de confrontos, eram sentidos na calada. Em pequenas demonstrações que pareciam sempre ser o acender do rastilho de uma bomba que nunca chegava a rebentar. Em 1961, numa Berlim dividida em quatro, e ainda à procura de se encontrar, jogos de sombras tentavam definir o rumo do mundo.

Glamour e sofisticação do backstage diplomático das embaixadas dos países vencedores da Guerra, escondem uma cidade devastada onde os locais numa intensa luta pela reconstrução do seu país, e das suas próprias famílias, se dividem entre presos políticos, velhas bandeiras e devotos do antigo regime e simples cidadãos a tentar sobreviver numa ruína da antiga bandeira nazi. Fugindo entre balas nunca disparadas, de uma cortina de fumo que havia apenas agora se instalado.

A minissérie Spy City mostra um tempo onde o mundo podia mudar depois de um simples copo de whisky. Bares, autocarros e parques eram palcos de trocas de informações, favores e chantagens feitas à vista de todos em conversas codificadas e polidas ao pormenor. Onde se puxava uma corda invisível numa tentativa de ganhar vantagem sobre adversários desconhecidos, mas na iminente ameaça de a qualquer momento quebrar.

Fielding Scott (Dominic Cooper) mente, é traído e trai durante a sua jornada como “diplomata” inglês em Berlim. Um disfarce que assume com total à vontade, e que lhe permite fazer o que faz melhor. Deslocar-se, e agir sem ser descoberto ou avistado. A frieza com que se move e atua, é por vezes consumida pela sua natureza mais emotiva o que acabará por coloca-lo várias vezes em risco a si e àqueles que protege, sobretudo quando está em causa a espiã francesa Severine Bloch (Romane Portail).

O espião britânico tem a missão de capturar um envelope confidencial, mas apercebe-se da complexidade do que lhe espera, ao verificar que um simples item, contém interesses que se cruzam entre as diferentes nações, outrora aliadas. Em que cada uma, com agendas ocultas, atua ativamente na procura de descobrir a tecnologia e informação que as eleve ao estatuto de potência mundial.

Não confiar em ninguém, inclusive na personagem principal, é uma abordagem fresca e cativante. É uma produção de enquadramento histórico que nos deixa ao mesmo tempo com uma visão microscópica e macro do outro lado da cortina. Pois apesar dos bastidores estarem crus e bem patentes em cada ação de Spy City, revelando-nos os diferentes lados das “trincheiras”, há muito mais que se lhe diga em cada palavra dita pelas suas personagens.

É uma homenagem irreverente e bem conseguida ao estilo de mistério/ação. Ainda que considere que a série se possa tornar um pouco confusa, por vezes, pelo estilo vago (propositado) do diálogo como forma de alimentar o mistério, e pelo amplo número de personagens e histórias que se cruzam. A mistura de elenco de Hollywood com um de “teatro amador”, faz com algumas cenas sejam pouco naturais, tirando o impacto e relevância de diálogos chave, visto que por diversas vezes este desequilíbrio se dá entre algumas das personagens mais importantes da história.

Melhor episódio 

Episódio 5 – Seguindo a narrativa deixada pelo episódio anterior, este é o episódio de grandes revelações e com maior carga emotiva da série. O episódio que qualquer espectador de Spy City quer ver.

Personagem de Destaque:

Fielding Scott – “Coisas estranhas acontecem cada vez que estás por perto”. A enigmática personagem principal de Spy City, é o centro desta série, e o grande catalisador de todos os principais eventos da mesma.

Diogo Gouveia

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