[Contém spoilers]
Temporada: 1
Número de episódios: 8
E aqui estamos nós para a review da 1.ª temporada de Shadow and Bone. A série estreou no passado dia 23 de Abril na Netflix e rapidamente subiu ao top do canal de streaming. As gravações terminaram em Fevereiro de 2020, mas devido à pandemia da COVID 19, a pós produção demorou bastante tempo. Mas pronto, tardou mas chegou e finalmente o mundo pode apaixonar-se pelo grishaverse, um mundo inspirado no folclore russo, da mesma maneira que os fãs dos livros se têm vindo a apaixonar ao longo dos anos.
Como disse na review do episódio piloto, Shadow and Bone ficou com o nome do primeiro livro da trilogia original. Na trilogia original, temos a história de Alina Starkov. Na série, acompanhamos nesta temporada os acontecimentos do primeiro livro. Contudo, há um twist. Leigh Bardugo – a escritora da saga – deu continuidade ao universo e, finda a trilogia, lançou uma duologia que se passa cerca de dois anos após o final do terceiro e último livro da trilogia, Six of Crows. A primeira duologia (existe uma segunda ainda no mesmo universo, King of Scars, mas para evitar spoilers não vou falar dela) é bem mais aclamada pelos fãs e pela crítica. Como tal, os produtores da série decidiram incluir alguns personagens da duologia na primeira temporada. Eu sou das pessoas que prefere Six of Crows a Shadow and Bone mas estava receosa para saber como iriam enquadrar os Corvos nesta fase da história visto que eles nem sequer existem nesta fase. Felizmente, não me desiludi e confirma-se aquilo que pensava antes. Mas já lá vamos.
Ravka é um país em guerra. Há muitos anos atrás, um grisha louco por poder criou uma enorme barreira de escuridão, que divide o país de norte a sul. A travessia do chamado Sulco de Sombra é perigosa, visto que é habitada pelos temíveis volcra, que nem o mais poderoso dos grisha consegue controlar. Um problema ainda maior é que os países fronteiriços estão em guerra com eles. A norte temos Fjerda e a sul Shu Han. Isto significa que não é viável pedir auxílio aos países vizinhos (até porque o Sulco estende-se um pouco para ambos os territórios. Podem consultar o mapa aqui). A única salvação é a lendária Invocadora do Sol, que seria capaz de destruir o Sulco.
Numa travessia do Sulco de Sombra para buscar alimentos, descobre-se que uma mera cartógrafa do Primeiro Exército é a tão esperada Invocadora do Sol. Ela consegue afastar os volcra e salvar as pessoas a bordo do barco. A partir daí, a vida de Alina nunca mais será a mesma.
Gostei muito da interpretação de Jessie Mei Li. Também adorei a decisão de ela ser meia Shu. Visto que Ravka está em guerra com o país, podemos ver a xenofobia de outros personagens para com ela devido aos seus olhos amendoados. Alina é ravkiana, viveu a vida inteira no seu país, mas mesmo assim é vítima de preconceito. Mesmo quando foi para o Pequeno Palácio deu-se a ideia de modificar os seus olhos para a sua apresentação ao rei. Ideia essa que foi imediatamente descartada tanto por ela como por Genya.
Uma das melhorias que fizeram na série em relação aos livros foi Mal. Malyen Oretsev é o melhor amigo de infância de Alina. Cresceram juntos num orfanato em Keramzin, no sul do país e daí alistaram-se juntos no exército. Nos livros, Mal é um personagem pouco popular pela atitude de desprezo que tem com Alina após se descobrirem os seus poderes. Contudo, na série o personagem é bem mais agradável e os seus sentimentos para com Alina são bem mais óbvios e a sua atitude é muito mais correta.
Contudo, é inegável que nem Mal nem Alina são os personagens mais interessantes da malta de Shadow and Bone. Não são maus personagens, mas são mais aborrecidos. Sem dúvida que o General Aleksander Kirigan (também conhecido como The Darkling) e Genya Safin. O general é o líder das grisha e luta pela sua segurança. Há muitos anos que os grisha são perseguidos e temidos pelo seu poder. Em Fjerda existem os drüskelle, soldados que capturam e assassinam os grisha. Contudo, Ravka utiliza os grisha na guerra, como soldados. Eles são o Segundo Exército. Estão divididos por três tipos. Os Corporalki, os Etherealki e os Materialki. Os poderes dos Corporalki focam-se no corpo humano, os Etherealki manipulam os elementos e os Materialki controlam os materiais e os químicos. Kirigan é Etherealki, mas enquanto Zoya e companhia manipulam o ar, o fogo e a água, Kirigan é o Invocador da Sombra (os seus poderes são o oposto da Alina) e o líder dos grisha. Ele supostamente é descendente do grisha que criou o Sulco. Kirigan é atraente e temido tanto pelos grisha como pelos humanos comuns. Adorei o personagem nos livros e Ben Barnes está absolutamente perfeito no papel. Meu Deus, o homem é lindo de morrer, sedutor e manipulador. Eu já sabia que ele era o mau da fita mas é impossível (falo por mim!) uma pessoa não se deixar encantar por ele. Kirigan não é o tipo de mau como Voldemort ou Joffrey (não nos conseguimos identificar com ambos de maneira nenhuma). Kirigan criou o Sulco (depois lá se descobre que o homem vive há centenas de anos e faz-se passar para pararem de perseguir os grisha e eles poderem servir o seu país e ter um lugar de destaque em Ravka.
Já Genya é uma Corporalki com habilidades especiais. É uma estilista, consegue alterar o corpo humano, daí ser a grisha pessoal da rainha. Ela aproxima-se de Alina a pedido de Kirigan e, tal como é o caso de Inej, vemos uma pessoa a fazer o que não quer para sobreviver. Inej para se livrar do Menagerie e Genya para se livrar das garras do rei. Adorei-a.
Por fim, os Corvos. A história de Alina no Pequeno Palácio, a tentar dominar os poderes sem precisar de Kirigan como amplificador e a assumir o seu papel de Invocadora do Sol e crescer e assumir o controlo da sua vida foi maravilhoso. Contudo, não consigo preferir o papel dos Corvos na história.
Em Ketterdam, Kaz Brekker, Inej Ghafa e Jesper Fahey fazem parte de um gangue chamado Dregs. Leigh Bardugo tinha avisado que nesta primeira temporada teríamos uma história diferente, uma prequela. E não desiludiu. Eles descobriram em primeira mão que a Invocadora do Sol tinha aparecido e isso não agradou a várias pessoas. Como tal, foi-lhes oferecido um milhão de kruge (a moeda do país, Kerch) pelo rapto da menina Starkov. E eles não se fizeram de rogados. Arranjaram maneira de atravessar o Sulco e infiltrar-se no palácio. Eu estava sempre deserta pelos momentos deles. Os atores foram escolhidos a dedo e estão perfeitos!! Todos capturaram na perfeição a essência dos seus personagens. É que Six of Crows é uma duologia muito centrada nos personagens. Apaixonamo-nos pela história por causa deles e sofremos e rimos com eles. Fico em êxtase por gostar tanto deles na série como nos livros. E no final, naquela cena com Alina e Mal já fugidos das garras do Darkling, foi a cereja no topo do bolo.
Por fim, só quero falar do meu casal favorito de todo o grishaverse. Qual Mal e Alina, qual Darkling e Alina! Nina e Matthias são a coisinha mais fofa da série e só fico triste que tenham tido tão pouco tempo de antena. Eles são como os imaginava nos livros… melhores até! Para os que não sabem, Nina Zenik e Matthias Helvar fazem parte da grande malta de Six of Crows. Nesta primeira temporada tivemos a história de como eles se conheceram e que é contada nos livros. É praticamente tudo idêntico. E foi absolutamente icónico. A Grisha e o Drüskelle. Venha a segunda temporada!!!
Esta review da 1.ª temporada de Shadow and Bone sou basicamente eu a espalhar amor pela série e dizer a todos os amantes de fantasia, de bons atores, de boas histórias, de mulheres poderosas, de personagens memoráveis e de um universo incrível… que vejam esta série! Não esperem um segundo Game of Thrones. Ambas sagas são de fantasia mas de resto são totalmente distintas.
Melhor episódio:
Episódio 3 – Foi QUASE impossível escolher o melhor episódio. Deve ter-se percebido por esta extensa review da 1.ª temporada de Shadow and Bone. É que os 8 episódio para mim são maravilhosos. Cheios de ação, desenvolvimentos, bons efeitos especiais… Mas pronto. Tinha de escolher e aqui está. É neste episódio que Alina chega ao Pequeno Palácio e demonstra os seus poderes à corte em Os Alta. Também é neste episódio que Genya aparece pela primeira vez e Alina começa o seu treino como grisha e conhece Baghra. Nina é capturada pelos drüskelle e conhece Matthias. Por fim, é quando Inej, Jesper e Kaz fazem a travessia pelo Sulco, que é tão hilariante como emocionante.
Personagem de destaque:
Inej Ghafa (Amita Suman) – Na verdade, qualquer um dos Corvos poderia entrar aqui, visto terem sido os melhores personagens desta temporada, mas o meu coração teve de ir por ela. Inej é uma das minha personagens favoritas dos livros e a atriz fez um papel absolutamente maravilhoso ao interpretá-la. Amita foi a escolha perfeita, não podia haver outra atriz a fazer de Inej. Capturou a fragilidade, coragem, determinação da personagem. A missão de raptar Alina era complicada para Inej. Ela é religiosa e há muito que deseja que a Invocadora do Sol salve o seu país da guerra, mas ao mesmo tempo a recompensa por Alina ajudá-la-ia a livrar-se de uma vez do Menagerie, o bordel ao qual foi vendida em criança após ser raptada e vítima de tráfico humano.
E é isto. Acaba por aqui a review da 1.ª temporada de Shadow and Bone. Como devem imaginar, ando constantemente a ver o telemóvel para ver quando renovam a série para uma segunda temporada!
O que acharam da série? Partilham do meu entusiasmo ou não foi bem do vosso agrado?
Maria Sofia Santos