[Não contém spoilers]
Temporada: 1
Número de Episódios: 8
Chegou hoje à Netflix a 1.ª temporada de The One, a série baseada no livro homónimo de John Marrs, e que conta com dois atores portugueses no elenco, Albano Jerónimo e Miguel Amorim que interpretam Matheus e Fábio respetivamente. The One acompanha especialmente a história de Rebecca Webb (Hannah Ware) a CEO de The One, uma empresa que permite, através de um teste de ADN, encontrar a pessoa pela qual se está mais predisposto a apaixonar. Isto, como é de se esperar, vem mudar a forma como as relações se desenvolvem e até mesmo mexer com aquelas que já existiam, sendo que à história de Rebecca também se juntam a do casal Mark (Eric Kofi-Abrefa) e Hannah (Lois Chimimba) e a da inspetora Kate (Zoë Tapper).
Quase que consigo adivinhar aquilo que vocês pensaram ou estão a pensar neste exato momento: porque é que esta premissa me parece tão familiar? Pois bem, se vocês, tal como eu, viram a série antológica Soulmates, ou pelo menos conhecem a premissa desta, é natural que reconheçam as similaridades entre as premissas das duas séries. Isto leva-nos, inevitavelmente, a pensar e/ou achar que uma será a cópia da outra. Eu própria estaria a mentir se dissesse que não cheguei a achar isso. No entanto cumpre referir que apesar de The One só ter estreado agora, era suposto ter estreado em setembro do ano passado, ou seja, um mês antes da estreia de Soulmates.
De qualquer das formas, posso-vos desde já garantir que, apesar de terem premissas semelhantes e de abordarem questões relativas ao impacto que a existência de um teste desta natureza pode ter nas relações, as séries seguem rumos narrativos totalmente diferentes. Inclusive, os casos em que The One se foca para abordar esse impacto são diferentes dos apresentados em Soulmates. Para além disso, também considero que a própria mensagem que cada uma das séries tenta transmitir é diferente. Isso acaba por ser bastante positivo, não só porque vemos perspetivas diferentes sobre o mesmo tema e assim não estamos a ver mais do mesmo, mas também dessa forma The One consegue distanciar-se de Soulmates, algo que eu considerava que iria ser bastante difícil.
O enredo de The One é muito pautado por intrigas, mistério (ainda que este possa ser um pouco previsível) e mentiras (tanto é que a frase mais característica desta 1.ª temporada é “you lied to me“), e isto prende-nos a atenção do início ao fim. Outro ponto é que, mesmo que não gostem de ficção científica ou até mesmo de histórias de amor, podem muito bem ver esta série, pois o foco está mais no mistério, o que faz com que o restante possa quase ser considerado como algo secundário. Ainda que a história tenha os seus altos e baixos, sendo que houve um ou outro ponto que não me convenceu por aí além ou que também não fez grande sentido, o certo é que há algo em The One que nos faz querer ver sempre mais. Por essa razão, uma coisa vos garanto, assim que começarem a ver o primeiro episódio, não vão conseguir parar.
Episódio de Destaque:
Episódio 3 – uma vez que considero que em termos de história nenhum episódio se tenha destacado por aí além, e também não há nenhum que eu tenha particularmente gostado mais que os outros, a minha escolha teve que ser feita com base noutra razão, sendo que neste caso acabou por se dever pura e simplesmente ao facto de, neste episódio, Matheus e Fábio falarem, entre eles, ainda durante bastante tempo, em português. Era algo que eu não estava à espera que acontecesse, e ainda que seja um pouco estranho, acaba por dar outro toque à série. Sei que não é uma justificação muito plausível e que eles também falam em português noutros episódios, mas o elemento surpresa acabou por ser o fator determinante.
Personagem de Destaque:
Matheus Silva – ainda que considere que Rebecca também fosse uma boa escolha, sinto que não podia escolher outra personagem que não Matheus. Acho que é mais que merecido, não só por se tratar de um ator português, mas também pela sua interpretação. Confesso que ainda não vi nenhuma das outras produções internacionais nas quais Albano Jerónimo participou, portanto não tinha grande ideia de como é que a interpretação dele em The One poderia vir a ser. Mas acabei por ficar bastante surpreendida, pela positiva, com a sua prestação, e por isso, e pelo facto de eu considerar que atuar bem já só por si é um desafio bastante grande, então atuar numa língua que não a materna deve ser um desafio ainda maior, merece, sem dúvida, ser a personagem de destaque.
Cármen Silva