[Não contém spoilers]
Minissérie
Número de episódios: 6
Terminou ontem, na RTP2, a minissérie La Forêt (A Floresta), que também está disponível na Netflix. Já vi algumas séries francesas, mas nenhuma deste género. Embora Engrenages também caia no campo dos policiais, esta é mais um thriller do que outra coisa e um thriller dos bons. Tudo começa então com o desaparecimento de uma adolescente, Jennifer, que vive numa aldeia situada na floresta das Ardenas. No entanto, estamos cientes, muito desde o início, que não se trata de um caso isolado, porque já se tinham verificado outras ocorrências semelhantes no local e que exigem que se recue vários anos. Intrinsecamente ligada ao caso está a professora Eve Mendel, que em pequena foi encontrada na floresta e com quem Jennifer entrou em contacto antes de desaparecer. A partir daí, a comunidade nunca consegue recuperar a normalidade.
La Forêt tem um ritmo geral algo lento, mas que funcionou a seu favor. A informação não nos é atirada para cima de qualquer maneira, nem de uma forma que parece precipitada; aparece gradualmente, à medida que a investigação avança e revela uma série de segredos que fazem as pessoas daquela pequena comunidade desconfiarem todas umas das outras. No entanto, essa sensação de paranoia não passa para o lado de cá, nem é suposto, porque nós espectadores conhecemos já alguns dos segredos destes personagens, mas fica-se com a sensação de que não têm responsabilidade direta na investigação. Vão-nos sendo apresentados alguns potenciais culpados, mas ficou claro desde o início que La Forêt é uma série com qualidade mais do que suficiente para não nos entregar o seu criminoso antes do tempo. E o maior trunfo é precisamente esse: deixar o melhor para o final.
O cenário da floresta e a banda sonora contribuem em muito para atribuir à série aquele tom misterioso de thriller, mas dois dos pontos mais fortes de La Forêt são alguns dos seus seus personagens e a credibilidade da própria narrativa, ligada a uma questão que também já me fez tecer elogios a Engrenages. Também aqui a investigação se desenvolve, sobretudo, no terreno, a falar com as pessoas. O caso não se resolve daquela maneira mirabolante tão frequente nas séries americanas, em que há alguém que, atrás de um computador, tem a capacidade de obter todo o tempo de informações, por muito improváveis que sejam.
La Forêt é uma minissérie que recomendo a qualquer pessoa que goste de histórias com mistério, mas se tens um fraquinho por apostas francesas, esta é mesmo para ver!
Melhor episódio:
Episódio 6 – Este foi o episódio de todas as revelações importantes e repleto de emoções fortes. O ritmo mais lento que se tinha verificado até aqui acelera e torna-se obrigatório pôr o cinto de segurança. Já foram feitas metáforas piores, não é verdade? É um daqueles finais verdadeiramente bons que não se esquecem rapidamente. São atadas várias pontas soltas que me tinham deixado curiosa, mas a série não cai no erro de nos proporcionar um daqueles desfechos perfeitos em que tudo fica bem e perfeitamente explicado. No entanto, a série é mais do que justa com os seus personagens e também aí se destaca pela positiva.
Personagem de destaque:
Eve Mendel (Alexia Barlier) – Acho que não havia outra hipótese que não Eve. Virginie e Decker também poderiam ser boas opções, mas a história de Eve revelou-se a mais interessante de toda a série e acabou por estar sempre no centro do mistério da trama. As revelações sobre o seu passado também foram a parte mais satisfatória do final. A personagem em si é um pouco apagada, mas achei muito fácil gostar dela e não posso esquecer que Eve também deu um contributo importante à investigação.
Diana Sampaio