Capitani – Review da 1.ª Temporada
| 26 Fev, 2021

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[Não contém spoilers]

Temporada: 1

Episódios: 12

“Todos mentem nesta aldeia”. A 1.ª temporada de Capitani já está disponível na Netflix. A opening image revela-nos uma Manscheid que acorda com uma tragédia: o corpo de uma jovem de 15 anos, Jenny Engel (Jil Devresse), foi encontrado numa floresta próxima da aldeia. No topo da montanha, de binóculos, Luc Capitani (Luc Schlitz), investigador da Polícia Judiciária, assiste ao desfile de ambulâncias e de pequenos ajuntamentos de curiosos que se aproximam para perceber de quem se trata.

Quando já se encontrava a caminho de Manscheid, é contactado pelo seu chefe, que sem saber o seu paradeiro, lhe pede que se desloque a essa mesma floresta para verificar a ocorrência.

Ao chegar, o investigador depara-se com a falta de meios e capacidade da polícia local, sendo ‘brindado’ por Joe Mores (Joe Dennenwald), uma figura que explora exageradamente o estereótipo do polícia incompetente, e pela sua colega Elsa Ley (Sophie Mousel), profunda conhecedora dos meandros e vícios de cada um dos habitantes da aldeia. Sem necessidade de grandes pormenores sobre o caso, decide assumir a investigação e convida a dupla para o auxiliar.

Capitani é uma série estimulante não só pela fotografia das paisagens desta aldeia do sul de Luxemburgo, como pela forma como a história é contada: foco nos objetos, olhares e silêncios. A postura fechada da maioria das personagens faz com que o mistério se adense a cada episódio, levando-nos a construir lentamente uma ideia global do que poderá ser a verdadeira história à medida que pequenos eventos se sucedem, indicando que este acontecimento poderá estar a encobrir algo muito maior, ao sermos absorvidos pelas disputas de poder e relações passivo-agressivas entre habitantes de Manscheid, criando um ambiente de guerra fria que alimenta o secretismo.

A crítica não foi unânime em relação a esta produção luxemburguesa, sendo que para uns o estilo complexo e prolongado como os factos eram revelados era considerado exemplar e a utilização de diálogos curtos alimentava a dúvida, não só à volta dos crimes passados nesta aldeia de Manscheid, como das vidas das várias personagens que a compõem. Outros apontaram limitações e criticaram a extensão da mesma e excessiva estereotipização de alguns personagens.

Capitani traz uma invulgar experiência para o espectador. Somos atraídos por uma abordagem de pequenos detalhes que fazem com que a história avance, assemelhando-se por vezes a Twin Peaks de David Lynch. Secretismo, figuras sinistras e passados perversos entrelaçam-se numa narrativa cativante e misteriosa.

Melhor Episódio:

Episódio 4 – Não há mais sono para os olhos. Este episódio é marcado por um grande plot twist após o aparecimento de uma figura que pode mudar completamente o curso da investigação. Há álibis que se provam falsos e são reveladas algumas das disputas de poder, traições e segredos desta aldeia.

Personagem de Destaque:

Capitani – Uma personagem reservada e distante, quase arrogante, sem problemas em utilizar todos os meios que tenha ao seu dispor para chegar à verdade. Vamos percebendo ao longo da série que há elementos do seu passado que podem ser a verdadeira razão de ter aceite este caso.

Diogo Gouveia

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