[Não contém spoilers]
Minissérie (Parte 1)
Número de Episódios: 4
Vai estrear hoje, 8 de janeiro, na AMC Portugal, os quatro primeiros episódios (aqui considerados como parte 1) da minissérie francesa O Colapso (título original L’Effondrement) que relata, de forma angustiante, o que aconteceria à sociedade e ao planeta caso o sistema entrasse em rutura. Em cada um dos quatro episódios (que nos foram disponibilizados pela AMC Portugal e por esse motivo foi possível escrever a review antes da estreia no canal), vamos acompanhando diferentes histórias e personagens, o que nos permite ver diversas perspetivas, sendo também elas diferentes, relativamente ao que está a acontecer.
Quando eu decidi fazer review desta série estava longe de imaginar que iria adorar tanto como adorei. Não sabia muito bem o que esperar de O Colapso, e apesar de o primeiro episódio ser um bocado estranho, a verdade é que assim que acabei de o ver, decidi logo ver o segundo e assim sucessivamente até que terminei o quarto episódio, isto tudo sem dar sequer pelo tempo passar.
O facto de os episódios serem pequenos, não chegando muitas vezes a ter vinte minutos sequer, ajuda muito nisso também. Para além disso, os episódios foram filmados em plano-sequência o que não só torna tudo mais belo visualmente, mas também leva a que nós espectadores tenhamos a sensação de que fazemos parte do que estamos a ver, e dessa maneira sentimos de forma mais intensa o que os personagens estão a sentir. Isso torna a experiência de visualização da série ainda melhor, além de que não foi preciso conhecer bem os personagens, ou ter um conhecimento muito pormenorizado da história para nos sentirmos tão confusos ou desesperados como eles.
E assim, quase sem mais nem menos, estamos tão embrenhados no que nos está a ser mostrado, que quando terminamos um episódio só queremos ver o seguinte, e assim sucessivamente, e quando terminamos os quatro primeiros, só queríamos ter os restantes quatro para podermos ver.
Não se deixem enganar pelo primeiro episódio! Pode parecer estranho, e quando comparado com os outros três, é o que menos gostei (ainda que tenha gostado bastante), mas analisando no geral, este é essencial para que consigamos entender não só o que se está a passar, mas também como é que isso aos poucos está a começar de afetar a sociedade. Podia não fazer grande sentido quando estava a vê-lo, mas depois, acreditem que faz todo o sentido aquele ser o primeiro episódio. Já para não falar, que de forma direta ou indireta os episódios interligam-se entre si, e quer-me parecer que nos restantes isso também vai acontecer. Isso só faz com que a série seja ainda melhor.
Posto isto, não me resta dizer muito mais a não ser: vejam O Colapso! Acreditem que vale bastante a pena. Se não for pela história (que é bastante boa) que seja pela cinematografia. Considero definitivamente que os episódios ao serem filmados em plano-sequência deram outro toque à minissérie, e só por isso já vale bastante a pena ver.
Episódio de Destaque:
Le Hameau (Episódio 4) – ainda que tenha gostado bastante dos quatro episódios no geral, não é difícil para mim vos indicar quais é que foram os que gostei mais, sendo que no topo estão os episódios 4 e 2 (La Station-service). O quarto dado a imprevisibilidade dos acontecimentos relatados neste, que definitivamente me conseguiram surpreender, e não só uma vez; e o segundo dado a intensidade deste, que me deixou com os nervos à flor da pele, já para não dizer que, à semelhança do quarto episódio, também me conseguiu surpreender mais do que uma vez. Porém, acabei por escolher Le Hameau não só pela forma como termina, mas também por aquilo que representa, que é: até onde é que o ser humano está disposto a ir para sobreviver? É verdade que já tínhamos visto isso tanto no segundo episódio como no terceiro (L’Aérodrome), contudo Le Hameau atingiu um ponto que os anteriores não atingiram, e por isso considero que merece ser o episódio de destaque.
Melhor Personagem:
Karine (Audrey Fleurot) – esta personagem foi um dos principais motivos para que a história do quarto episódio se desenvolvesse da forma como se desenvolveu. Para além disso, penso que de todas as personagens que aparecem nos quatro episódios é a que nos faz pensar mais dada as suas atitudes. Se pararmos para analisar bem, acabamos de uma maneira ou de outra de entender ou até mesmo justificar algumas atitudes tomadas pelos personagens, ainda que alguns motivos tenham como base egoísmo puro, porém, com as atitudes de Karine isso não é tão fácil, e dá bastante que pensar.
Cármen Silva