Temporada: 4
Episódios: 10
[Contém spoilers]
Big Mouth está de volta para a 4.ª temporada com dez novos episódios, maioritariamente as mesmas persnangens, mas novos problemas. A série segue o pesadelo que é a puberdade e as aventuras de adolescência dos amigos Nick (voz de Nick Kroll) e Andrew (voz de John Mulaney). O restante elenco de vozes é composto por nomes Maya Rudolph, Jason Mantzoukas, Jordan Peele, Fred Armisen, Ayo Edebiri e Jessi Klein.
Desde que vi o primeiro episódio de Big Mouth soube que seria uma série que iria acompanhar por todo o cariz e potencial educacional. Embora considere que talvez não seja o público-alvo concreto da série, sinto que é uma boa lição para qualquer idade, pois considera uma variedade de assuntos com que nos podemos identificar. E a isto associa humor e musicalidade.
Nunca me atingiu de forma negativa o tipo de animação a que muitos apelidam de feio. Sempre achei uma animação decente, e considero até muito bold nas representações e até chocante – no bom sentido claro. Nesta temporada continuam a arriscar e a mostrar as coisas tal como são de forma a normalizá-las.
Se acho que a nível de humor se manteve, os momentos musicais foram menores e de não tão boa qualidade, tirando claro a maravilhosa introdução que nos fez um resumo da última temporada. A nível de enredo devo dizer que foi a temporada mais fraca até agora. Toda a história me pareceu muito dispersa e embora considere interessante a menção ao futuro que se aproxima, não senti que o episódio dedicado ao futuro se encaixasse muito bem. Já o de Halloween acabou por fazer mais sentido, ainda que depois todo o resultado do Nick fantasma fosse um pouco à toa.
Ainda assim, esta temporada trouxe novos temas desde a transsexualidade, ao que se passa nos balneários de adolescentes, fetiches e o processo de enfrentar os maiores medos de cada um. A minha parte favorita da temporada foi sem dúvida o foco que deram à saúde mental, dando especial atenção à ansiedade e à depressão. Mas também gostei de toda a jornada da Missy na descoberta da sua identidade.
Se há algo que ainda não entendo é o processo de atribuição dos monstros. Sinto que em Big Mouth há bastante simbologia, e que não há muitas coisas deixadas ao acaso, pelo que algo tão importante como o Nick ter uma monstrinha e depois um velho monstro tem um significado. Gostava que nas próximas temporadas abordassem isso melhor.
Mesmo que esta temporada tenha sido, na minha ótica, a mais fraca de todas, gosto tanto do formato da série e de todas as personagens que estou pronta para mais e para ver o que os mosquitos da ansiedade vão fazer agora.
Melhor Episódio:
Episódio 2 – The Hugest Period Ever – Foi um episódio extremamente engraçado, mas também essencial: questões identitárias de Missy, o tabu do período e as inseguranças corporais. Dos poucos episódios a que não tenho nada a apontar e que se enquadra na perfeição em Big Mouth.
Personagem de Destaque:
Missy Foreman-Greenwald – Embora tenha passado parte da temporada separada de todo o grupo, foi por uma boa razão. Embarcou na sua jornada pessoal e marcou a diferença na série – quer pela abordagem em relação à sua família quer por referirem que a atriz que lhe dá voz é branca. Missy descobre que não precisa de se definir apenas por uma característica e que pode construir-se com todas as peças à disposição.
Ana Leandro