The Gift – Review da 2.ª temporada
| 21 Set, 2020

Publicidade

Temporada: 2

Número de episódios: 8

[Contém spoilers!]

Depois do final em aberto e que nos deixou em pulgas pela 2.ª temporada, The Gift, ou Atiye no original, volta com mais oito episódios que provam que a série turca ainda tem muito para dar.

Se bem se lembram, a 1.ª temporada acabou com um “desejo” de Atiye (Beren Saat) a tornar-se realidade: a irmã, Cansu (Melisa Şenolsun), está novamente viva. A pergunta ficou no ar: como é que isto foi possível? E nesta temporada é-nos dada a tão aguardada resposta à mesma.

Nunca pensei dizer isto, mas The Gift tem muito mais parecenças com Dark do que eu alguma vez imaginei. Parecenças estas que notei durante a 2.ª temporada. É impossível comparar Dark a qualquer outra série, mas tanto a série turca como a série alemã se baseiam nos mesmos conceitos: o da criação do mundo por um homem e uma mulher (Adão e Eva) e a possibilidade de várias realidades ao mesmo tempo. Enquanto Dark se baseia em conceitos científicos para o fazer, The Gift baseia-se nas crenças espirituais e religiosas.

Logo no primeiro episódio, (achamos que) descobrimos qual foi o preço que Atiye teve de pagar para ter a irmã de volta: ninguém se lembra dela (tirando algumas personagens-chave). Contudo, não foi apenas ela que sofreu as consequências desta alteração, o mundo também: não há bebés a nascer. Todas as grávidas morrem a dar à luz ou antes disso se não puserem um fim à gravidez. É este o ponto de partida para a aventura de Atiye nesta temporada, sem que ninguém, além da mãe e de Serdar (Tim Seyfi), a reconheça, nem mesmo o pai ou Erhan.

Como descobrimos que, na realidade, não nos encontramos na mesma realidade da 1.ª temporada, mas sim numa outra possibilidade, as coisas parecem fazer mais sentido. É aqui que começam as tais semelhanças com Dark que mencionei anteriormente. As realidades alternativas, como tudo está interligado e, como vemos no fim, o mito da criação do mundo, de um homem e uma mulher, sejam eles Adão e Eva, Ísis e Osíris ou outros.

Com o decorrer dos episódios vamos começando a perceber que algumas personagens não são bem aquilo que parecem. Serdar teve uma infância difícil, Hannah parece ser um mero peão e, mesmo no final da temporada, descobrimos que Ozan é capaz de ter um papel muito mais importante do que aquele que nos fizeram crer até então. Ozan era a personagem que achava menos interessante, apesar de ser necessária à trama, contudo, agora com o final, quem sabe se na 3.ª temporada a minha opinião pode mudar.

O facto de ser uma série turca e não ter grande divulgação fora do país de origem não quer dizer que não valha a pena ver. Muito pelo contrário, The Gift é uma das melhores séries europeias de fantasia que já vi. O argumento está escrito para nos prender desde o primeiro minuto e não deixar que desviemos os olhos do episódio que estamos a ver, pois há sempre algo novo ou interessante a acontecer. De destacar está a banda sonora. Tal como também aconteceu ao ver Avlu, outra série turca que vos aconselho a espreitar, os sons e as músicas característicos do país dão à série aquele toque que quase nos faz transportar para fora do nosso ambiente, enquanto é, ao mesmo tempo, uma lufada de ar fresco por nos dar a conhecer outros sons orientais, só por si tão bonitos e tão pouco divulgados no nosso país.

Dito isto, ficamos à espera da 3.ª temporada, que já está a ser filmada, pois mais uma vez deixaram-nos com uma grande interrogação no fim, interrogação esta que, se bem se lembrarem, já vem desde a 1.ª temporada. Como veem, está tudo interligado. The Gift é obrigatória para quem gosta de fantasia, mistério e até de uma boa história de amor.

Melhor episódio:

Episódio 5 – Escolhi este episódio porque é nele que Erhan começa a mudar um bocadinho a sua forma de pensar. A viagem de carro com Atiye até Capadócia e aquele diálogo (não-diálogo) durante a viagem, assim como a dinâmica entre os dois atores mostrou-se um dos pontos altos da série. É neste episódio que vemos Erhan a começar a baixar a sua guarda e, apesar de não o demonstrar tão abertamente como gostaríamos, percebemos que a personagem começa a pôr a possibilidade de Atiye em cima da mesa.

Personagem de destaque:

Erhan (Mehmet Günsür) – O Erhan da realidade em que a 2.ª temporada maioritariamente se passa é bastante diferente do Erhan da realidade “original”, se assim se pode dizer. Foi muito interessante acompanhar o desenvolvimento desta personagem ao longo dos episódios, pois passa de um completo descrente para um homem que é capaz de se sacrificar pelas pessoas que ama. Temos aqui um arco de personagem bem construído, desempenhado de forma excelente por Günsür.

Cláudia Bilé

Publicidade

Populares

estreias posters calendário novembro 2024 séries

silo s2 Rebecca Ferguson

Recomendamos