Temporada: 2
Episódios: 4
(Contém spoilers.)
Dia 16 de setembro estreou a 2.ª temporada de Criminal: UK na plataforma de streaming Netflix, contando com quatro episódios com uma média de 45 minutos cada. A série antológica britânica do género policial foi criada por George Kay e Jim Field Smithe, tendo sido realizada por este último. O elenco principal conta com Katherine Kelly, Lee Ingleby e Rochenda Sandall.
A 2.ª temporada de Criminal: UK situa a sua trama numa sala de interrogatórios na qual quatro suspeitos são acusados de terem realizado vários crimes. Os episódios desenvolvem-se na medida em que os investigadores tentam resolver os casos com os quais são confrontados. Um aspeto bastante interessante na série é o facto de, ao contrário da típica série convencional, se tratar de uma antologia. Isto significa que em cada episódio é interrogado um suspeito diferente do episódio anterior, sendo os únicos elementos de continuidade as personagens que representam os inspetores. Deste modo o espectador é incentivado a ver o próximo episódio, intrigado pelo novo potencial crime a ser investigado. Daí resulta que Criminal: UK seja uma lufada de ar fresco para os espectadores.
Além de ser uma série que se destaca de outras por ser uma antologia, é de apontar ainda o facto de ter presente diálogos simples e realistas e o facto de as personagens serem interpretadas de forma natural. É desta maneira que a audiência se consegue conectar com a série, estabelecendo-se um elo entre ficção e realidade, já que apesar de a história se tratar de ficção não deixa de abordar temas que estão muito presentes na realidade. Pelo facto de abordar temas presentes no quotidiano pode ainda ter um papel informativo, mostrando que numa investigação policial nem tudo é o que parece e mesmo as mais credíveis provas podem-se mostrar erradas.
O jogo psicológico presente em Criminal: UK é ainda um aspeto crucial para deixar os espectadores agarrados ao ecrã. Isto acontece porque à medida que o episódio se desenvolve, o público cria as suas próprias teorias, procurando inconscientemente ou não confirmá-las enquanto vê o desfecho de cada episódio. Deste modo, a série acaba por se tornar num jogo para cada pessoa que a vê, chegando a haver momentos em que se esquece que aquilo é ficção. Funde-se assim a série com quem a vê. Prova dessa fusão é o facto de serem muitos os comentários presentes nas redes sociais, principalmente no Twitter, no qual se geram debates sobre o final de alguns episódios e que impacto os mesmos têm sobre quem os vê.
Em suma, aconselho vivamente todos a verem esta série por todos os aspetos que enunciei e porque acho que é um programa perfeito para todas as faixas etárias. Recomendo principalmente Criminal: UK a quem for fã do género policial, mas não acho que seja um requisito para apreciar a série. É uma ótima escolha para quem estiver à procura de uma nova série para ver e que seja ao mesmo tempo leve e enigmática.
Melhor episódio:
Episódio 3 – Danielle – Se bem que seja difícil escolher um episódio como melhor pelo facto de todos apresentarem uma história diferente, o que os torna quase incomparáveis, escolho o 3.º episódio como o mais interessante. Isto porque considero que tem um plot twist que deixa qualquer espectador completamente apanhado de surpresa. É realmente impossível prever tudo o que está por detrás daquela história e é incrível o modo como os investigadores vão, no desenrolar do episódio, construindo o caso como se fosse um puzzle, partindo de pormenores como as motivações da suspeita e o seu background familiar para então encerrarem o caso.
Personagem de destaque:
Vanessa Warren (Rochenda Sandall) – Como personagem a destacar nomeio a Detetive Vanessa Warren. Sinto que é a personagem que tem uma evolução mais notória durante a temporada, o que faz com que ache que merece este destaque. Logo no episódio Julia, que abre a 2.ª temporada de Criminal UK, Vanessa é confrontada com uma grande responsabilidade. Ela passa de ter o papel de fazer pequenos interrogatórios a familiares e amigos de suspeitos para ter a difícil tarefa de fazer Julia confessar o crime que cometeu. Além disso, é de apontar que Vanessa tem o dom de fazer os suspeitos falarem mais do que têm noção, o que acaba por ser uma grande ajuda para resolver os casos. Por isso, é uma peça-chave fundamental na investigação dos mais variados crimes, não só com a pesquisa avançada que consegue fazer como pela admirável capacidade de apanhar pontas soltas e de as interligar.
Liliana Ferreira