Na 3.ª temporada e última de The Rain, assistimos finalmente ao culminar desta história pós-apocalíptica. Há perguntas por responder em relação às intenções de Rasmus; Simone tem que conseguir sair da fronteira da Apollon para encontrar ajuda para o seu bando; Fi está grávida e entretanto no último episódio da segunda temporada percebemos que Sarah afinal não morreu.
Enquanto o bando tenta voltar a infiltrar-se na Apollon para resgatar Rasmus, Rasmus está totalmente entregue à causa de Sven e da Apollon e deixa-se levar pela ilusão de que infetar toda a gente com o vírus é a resposta da sobrevivência. Sarah regressa para junto de Rasmus e Rasmus e a Apollon percebem finalmente que é possível levar o seu plano avante.
Algumas personagens com enredos relevantes na segunda temporada são relegadas para terceiro plano – Jean sendo um deles – e confesso que achei que qualquer prestação dele nesta temporada tenha sido só um pouco inútil. Ele foi uma das personagens que mais cresceu na 2.ª temporada, portanto estava à espera de ver um trabalho emocional, depois de ter perdido Leah, mais profundo da parte da personagem.
A relação de Simone e Rasmus entra cada vez mais em atrito durante esta temporada e a entrega dos atores aos seus papéis é de louvar. Não sei quanto budget terá sido alocado para criar esta série, mas fico com a sensação que muita da razão pela qual é tão fácil ver The Rain é pela qualidade da entrega dos atores que a compõe.
A sorte jogou muito mais a favor do grupo do que estivemos habituados a ver durante as duas temporadas, e, quase como que por milagre, Simone é salva por uma família que contém aquilo que aparenta ser a única cura para o vírus que assombra o mundo.
Martin é igual a si mesmo, e talvez tenha sido a personagem que mais se manteve consistente do início ao fim da série. Fi & Patrick veem-se embrenhados na história da gravidez, quase parece um contraste gigante do momento em que a sobrevivência deles era quase impossível dia atrás de dia e os “bichos papões” da 1.ª temporada sejam agora somente empecilhos.
Encerrar uma série que começou por criar demasiadas histórias secundárias com relevo não é fácil. É claro que com isto ficam algumas questões no ar: onde está a chuva? Parece que terem tido pouco tempo para encerrar a série tenha ficado a faltar alguma coerência nestes enredos de suporte. A saga de Rasmus é encerrada, assim como a de Martin & Simone, mas ficam algumas coisas por explicar. Quem disse que só podíamos ter direito a mais uma temporada?!
É-me difícil fazer uma review de uma temporada quando a série apenas teve três e, enquanto a 1.ª conquistou o meu coração, a 2.ª fez-me querer ansiar pela chegada da última. Confesso que esta temporada tenha ficado um pouco aquém daquilo que estaria à espera depois de ver a 1.ª e a 2.ª, mas não consigo avaliar negativamente a experiência da temporada vs a experiência da série.
São poucos episódios, mas se houve algo que senti foi que, no pouco tempo que tinham, conseguiram fechar a história principal da série e ainda encontrar um final aceitável e bonito para estas três temporadas. Algumas coisas ficaram aquém, sim, é verdade. A explicação da génese do vírus que Rasmus transporta, bem como a razão pela qual tão facilmente encontraram uma cura para este pareceu um pouco fácil de mais.
De qualquer forma, achei bonito a cura para este vírus criado por seres humanos (ou pelo menos modificado, como percebemos nos primeiros episódios da série) não estar na mão humana mas sim na natureza. Um bocadinho um alerta para tomarmos conta da mãe-natureza.
Mesmo não tendo sido a melhor temporada de The Rain, não deixo de recomendar vivamente que vejam a série por inteiro. Vale a pena, vê-se muito bem, e no final somos atingidos com o esforço do sacrifício utilitarista e a mensagem que a série acaba por nos trazer é mais ética do que propriamente a preocupação em deixar a série perfeita.
Melhor Episódio:
Episódio 6 – Vou ser cliché e escolher o episódio final. Pelo sacrifício de Martin e pelo culminar da história de Rasmus e Simone e o sacrifício de Rasmus para a continuidade do planeta.
Personagem de destaque:
Martin (Mikkel Boe Folsgaard) – Talvez eu tenha tendência parcial, mas o Martin sempre teve um lugar no meu coração. Talvez o que mais tivesse medo de se aproximar de pessoas mas também o que mais as protegeu. Sempre numa posição ingrata de ter que tomar decisões complicadas, Martin revelou-se um espírito guerreiro e corajoso até ao último suspiro.
Joana Henriques Pereira